
Os resultados da pesquisa em Bogotá e em todo o mundo mostram que os ciclistas são os passageiros mais felizes. (Foto de Mariana Gil/WRI Brasil)
Este post foi escrito por Darío Hidalgo e publicado originalmente em espanhol no jornal El Tiempo.
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Uma pesquisa com 13 mil pessoas nos Estados Unidos realizada pela Universidade de Clemson, em 2014, mostrou que as pessoas que usam a bicicleta nos seus deslocamentos diários eram as mais felizes entre os pesquisados. Da mesma forma, uma pesquisa com mil pessoas em Londres mostrou que 91% dos entrevistados que pedalam para o trabalho acham a prática satisfatória, enquanto apenas 74% dos usuários de ônibus e 73% dos que utilizam o metrô estavam satisfeitos com sua experiência diária de viagem.
Em todas as cidades da Colômbia, os usuários de bicicletas são os mais felizes, de acordo com uma nova pesquisa. Em 2016, 86% dos ciclistas em 18 cidades estavam satisfeitos com seus deslocamentos, em comparação com 48% para o transporte coletivo e 74% para os que usavam táxis.
Em Bogotá, em 2017, pela primeira vez, houve mais entrevistados usando bicicletas do que carros – 9% contra 8% – com uma taxa de satisfação de 85% para bicicletas, contra 75% para veículos particulares. Apenas 19% dos usuários do sistema BRT da cidade, o TransMilenio, relataram estar satisfeitos com seu serviço.
De acordo com o Relatório Global de Felicidade 2017 (Global Happiness Report 2017), os países com alto uso de bicicletas tendem a ficar entre os mais felizes, como a Holanda (sexta colocação; uso diário da bicicleta da população: 43%), Dinamarca (terceira colocação; uso diário da bicicleta da população: 30%) e Finlândia (primeiro lugar, uso diário da bicicleta da população: 28%).
Esses dados não significam necessariamente que colocar uma pessoa aleatória em uma bicicleta a deixará feliz ou que ter muitos usuários de bicicletas resolverá todos os problemas de uma cidade. As classificações no Relatório Global de Felicidade estão relacionadas principalmente ao desenvolvimento econômico, expectativa de vida, generosidade, apoio social, liberdade e corrupção, e não à maneira como as pessoas se deslocam.
Mas andar de bicicleta ajuda.
O estudo de Clemson indica que existem benefícios para o pedalar além daqueles comumente conhecidos, como os efeitos ambientais (zero emissões de escapes), congestionamento reduzido (menos carros, motocicletas e ônibus) e atividade física (menos obesidade). O ânimo dos ciclistas também tende a ser melhor do que de todos os outros tipos de passageiros. “Nossas descobertas sugerem que o uso da bicicleta pode trazer benefícios além dos serviços de saúde e transporte tipicamente citados”, escrevem Eric A. Morris e Erick Guerra, “e que melhorar a experiência emocional das pessoas pode ser tão importante quanto melhorar os serviços tradicionais e tempos de viagem”.
Os entusiastas compõem um número substancial de usuários de bicicletas em muitas cidades, o que pode distorcer os resultados, mas grande parte dos usuários recorrem à bicicleta por necessidade, e as melhorias de infraestrutura respondem a eles.
A segurança da bicicleta é uma preocupação importante na Colômbia. No ano passado, 375 ciclistas morreram em acidentes de trânsito e 2.656 ficaram feridos, de acordo com a Agência Nacional de Segurança Viária. Esses números foram 25% maiores do que em 2012. Em Bogotá, houve 57 mortes de ciclistas e 915 feridos em 2017, 72% e 288% mais, respectivamente, do que em 2012.
Além de proporcionar uma infraestrutura mais segura para os ciclistas, muitas vezes é necessário gerenciar a velocidade dos veículos, principalmente caminhões e ônibus, que estão envolvidos na maioria das mortes de ciclistas, além de melhorar o comportamento dos ciclistas. Alguns persistem em desobedecer às regras básicas de trânsito, como luzes vermelhas e sinais de parada, colocando em risco a si mesmos e aos outros.
Bogotá continua a avançar em sua infraestrutura de bicicleta e a promover um comportamento seguro de todos os usuários da via. A cidade tem a grande ambição de atingir mil quilômetros de ciclovias nos próximos três anos – praticamente o dobro do valor atual – para acomodar 1,5 milhão de viagens diárias. O próximo governo nacional terá a chance de triplicar esse número: apoiando a infraestrutura cicloviária em Bogotá e outras cidades colombianas, pode ajudar a reduzir a poluição e as emissões de gases do efeito estufa, melhorar a saúde da população e reduzir as mortes no trânsito e sim, até melhorar o humor das pessoas.