
Rua XV de Novembro, em Curitiba: população urbana deve crescer nas próximas décadas e as cidades precisam estar preparadas (Foto: Prefeitura de Curitiba/Reprodução)
Em todo o Brasil, as cidades estão se transformando e modernizando. Novos sistemas de transporte, como VLT e BRT, são cada vez mais frequentes. O processo de modernização, contudo, não se dá apenas no âmbito da mobilidade – vem causando mudanças de comportamento em diversas esferas da sociedade.
Com a modernização do campo, por exemplo, a tendência é que, cada vez mais, as pessoas se mudem para os polos urbanos regionais, e deles para as grandes cidades, em busca de novas oportunidades e mais qualidade de vida. Informações do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES), corroboram essa tendência e mostram que o processo de migração interna tem se intensificado, com os jovens se mudando para cidades.
Hoje, 86% da população brasileira vive em áreas urbanas, índice que ainda deve aumentar nos próximos anos. Garantir o desenvolvimento sustentável para as cidades brasileiras passa necessariamente pela desconcentração da renda, pela redução dos desníveis regionais, pela construção de cidades mais inclusivas e pelo investimento em infraestrutura social de qualidade (escolas, hospitais, sistemas de transporte, entre outros). Os municípios devem tomar essas transformações e dados como referência para a construção de políticas públicas e planejamento para o futuro.
Os primeiros passos
Conforme dados do IBGE, somente metade dos municípios obrigados por lei a terem um Plano Diretor (aqueles com mais de 20 mil habitantes) já haviam desenvolvido seus planos em 2015. O Plano Diretor é o principal instrumento de planejamento das cidades e, portanto, fundamental para que possam entrar no rumo do desenvolvimento urbano sustentável. Ordenar o crescimento, instalar infraestrutura urbana em locais estratégicos e incentivar a utilização dessas áreas é fundamental para criar uma cidade mais eficiente e oferecer mais qualidade de vida às pessoas.
Não considerar esses fatores compromete a criação de de políticas públicas efetivas e coloca em risco a vida das pessoas, que podem estar ocupando áreas propicias a desastres naturais. Além disso, o mau planejamento (ou a falta dele) pode levar a uma distribuição desequilibrada da população, criando áreas extremamente densas e outras pouco ocupadas – um reforço para a desigualdade social.
Outro passo importante nesse caminho é desenvolver um plano de mobilidade urbana sustentável. Segundo dados do Ministério das Cidades, menos de 10% dos municípios com mais de 20 mil habitantes já elaboraram seus planos. Priorizar os modos de transporte ativo e coletivo e valorizar calçadas e trajetos feitos a pé ou de bicicleta são medidas que favorecem a qualidade de vida e a sustentabilidade. Em suma: cidades bem planejadas são cidades preparadas para o futuro.
***
Matheus Vieira é acadêmico de engenharia civil da UniCesumar Curitiba, escreve sobre smart cities, desenvolvimento, mobilidade e planejamento urbano.
Trackbacks/Pingbacks