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O impacto do aquecimento global no trabalho e no lazer

Fica melhor explicado o infortúnio resultado do aquecimento global quando abordamos o processo em uma sequência lógica de desencadeamentos. Por exemplo: o aquecimento do planeta causa o derretimento das geleiras, o que, por sua vez, eleva o nível do mar. No caminho dessa água em excesso, existem muitas cidades costeiras. Agora, na última ponta da linha lógica estão centenas de milhões de pessoas que residem nas cidades.

Os desencadeamentos seguem, portanto, uma ordem na qual o ser humano não é referenciado de forma assertiva nas maneiras em que será impactado pelo aquecimento global. Seja em termos de impactos para a saúde ou em seu comportamento cotidiano.

(Foto: Marcelo Maia/Flickr-CC)

(Foto: Marcelo Maia/Flickr-CC)

É isso que o estudo “Temperatura e a Alocação do Tempo: Implicações da Mudança Climática” aborda – como o aumento da temperatura afetaria as atividades de lazer e trabalho das pessoas. Conforme o documento, a exposição a temperaturas extremas evidencia a fadiga, o que explica a relação inversamente proporcional entre maiores temperaturas e o menor tempo gasto pelas pessoas na rua.

Os trabalhadores que realizam suas atividades ao ar livre – agricultura, pesca e caça, construção, mineração –, bem como trabalhos cujo ambiente não oferece climatização, tendem a ter sua produtividade afetada. Em temperaturas acima de 37,7ºC, o tempo de trabalho é cerca de uma hora menor do que em temperaturas entre 24,4ºC e 26,7ºC. Isso, por si só, pode reduzir o PIB americano em 9% entre 2080 e 2099, por exemplo – custo que excede o valor combinado de todos os outros prejuízos econômicos projetados para o período.

Para a análise das horas de lazer, a pesquisa considera grupos que dispõem de mais tempo: aposentados (38%), desempregados (12%) e estudantes (50%). O resultado foi que, em temperaturas mais altas, o lazer em lugares fechados passa a ser melhor alternativa. O tempo gasto em atividades de lazer fora de casa fica estável até as temperaturas de 37,7ºC. Acima disso, as pessoas optam por ficar em ambientes fechados.

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Altas temperaturas diminuem o tempo de lazer e trabalho das pessoas na rua (Foto: Mariana Gil/WRI Brasil Cidades Sustentáveis)

Apesar das evidências, o estudo permanece positivo em relação aos investimentos em tecnologias – tanto físicas como sociais – “que equilibram expectativas climáticas e adaptação a desvios de curto prazo no tempo. À medida que esses investimentos evoluem, o escopo para respostas de curto e longo prazos a temperaturas extremas provavelmente será diferente daqueles encontrados aqui”.

Cabe ressaltar que a análise foi realizada em 2014 e que, de lá para cá, já tivemos três anos consecutivos em que o recorde na média da temperatura global foi batido. Por outro lado, no mesmo período, acordos históricos foram selados, estratégias maiores foram traçadas e o tema está se impondo cada vez mais à agenda midiática e aos interesses econômicos.

Precisamos seguir o caminho que já começamos a trilhar: o do combate às mudanças climáticas e dos esforços globais para que o aumento da temperatura média se mantenha abaixo de 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais – medidas fundamentais para a manutenção da vida no planeta.

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