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Visão Zero: lidar com as desigualdades sociais melhora a segurança viária

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Quando pessoas negras e pobres morrem mais em acidentes de trânsito, os programas de prevenção de acidentes devem começar a levar em conta não apenas a educação, a engenharia e a execução – os três Es balizadores da Visão Zero, abordagem de Segurança Viária nascida na Suécia e replicada em muitos lugares do mundo. Essa é questão abordada no relatório “Visão Zero: um roteiro de equidade social para alcançar o Zero em cada comunidade”, que analisou a implementação do programa nos Estados Unidos, onde as desigualdades produzidas pelas decisões de política, planejamento urbano e sistemas de transporte andam de mãos dadas com problemas raciais e sociais.

Assim como acontece com outras causas de mortalidade, aquelas relacionadas ao trânsito não são distribuídas de maneira uniforme entre a população. Nos Estados Unidos, segundo o estudo, a população negra e as pessoas de baixa renda representam uma maior taxa em acidentes e mortes no trânsito. As desigualdades estão enraizadas nas diferenças de infraestrutura de transporte, pois muitas comunidades não receberam o “mesmo nível de atenção política, investimento público e privado e outros tipos de inovação em usos seguros e igualitários que beneficiaram bairros de maior renda”, conforme o relatório.

Os autores sugerem que, para implementar a Visão Zero de forma eficiente nos Estados Unidos, primeiro é preciso fazer uma avaliação sobre como são distribuídos os discursos entre os bairros. Além disso, é importante olhar as políticas públicas, as práticas das pessoas e as leis que fomentam a desigualdade. “No momento em que chegamos às origens do problema, temos a oportunidade de resolver vários problemas ao mesmo tempo”, diz o coautor Rebekah Kharrazi em entrevista ao Next City.

Além de desenvolver e implementar estratégias para reduzir as condições que criam desigualdades na segurança viária, o estudo pontua a necessidade de envolver a diversidade de parceiros dentro e fora do governo, começando com os membros da comunidade, na definição de soluções que criarão condições de tráfego mais seguras. E, por fim, obter e usar dados sobre desigualdade que podem criar condições de tráfego mais seguras – solucionando, assim, o problema na origem.

Em suma, é possível perceber como a Visão Zero é uma abordagem eficaz, capaz de salvar vidas no trânsito e mudar normas e cultura. Essa abordagem interdisciplinar de segurança viária aborda injustiças enraizadas e planta sementes de um futuro melhor, livre de violência e desigualdades no trânsito e na cidade.

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