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Sistema de bicicletas compartilhadas de Nova York paga ciclistas para melhorar o serviço

Nem muito cheias, nem vazias: o equilíbrio necessário para o sistema funcionar (Foto: Linh Nguyen/Flickr)

A gestão de sistemas de bicicletas compartilhadas pode parecer simples do ponto de vista dos usuários, mas é mais complexa do que se imagina. Além da manutenção, as empresas têm um outro desafio, capaz de aumentar muito o custo de operação: o remanejo das bicicletas entre as estações.

Para quem usa, não há nada mais frustrante do que chegar a uma estação e encontrá-la vazia ou chegar ao destino e não poder devolver a bicicleta porque a estação está cheia. Por isso, as empresas dedicam um grande esforço na redistribuição entre as estações, analisando a demanda de cada uma em determinados momentos do dia. Em Washington, por exemplo, esse trabalho chega a representar metade do custo de operação. O desafio de analisar e propor soluções para a tendência de que os usuários escolham as mesmas estações e rotas já foi tema de análise matemática de cientistas da Universidade de Viena, na Áustria, que criaram algoritmos para tentar solucionar o problema.

Em maio de 2016, a empresa responsável pelo programa de bicicletas compartilhadas de Nova York começou uma abordagem inovadora para a questão. Depois de tentar diferentes estratégias, como caminhões, vans, trailers movidos a pedal e funcionários nas estações mais movimentadas, surgiu a ideia de envolver os próprios usuários nesse trabalho. Assim foi lançado o programa Bike Angels, que estimula essa contribuição em troca de benefícios financeiros, como extensões das assinaturas e vale-compras na Amazon.

Efeitos parecidos ocorreram em cidades como Paris, onde muita gente usa as bicicletas do Vélib para descer de Montmartre, mas ninguém quer subir a ladeira pedalando. Brighton, no Reino Unido, enfrentou problema semelhante. A proposta de Nova York é envolver os usuários na busca de uma solução, para que tanto o sistema quanto quem o utiliza sejam beneficiados. Além das vantagens financeiras, dá até para dizer que os ciclistas ganham também em saúde pedalando algumas quadras a mais.

O interessante na proposta do sistema no New York Citi Bike é que pode inspirar soluções em outras situações com desafios semelhantes, como no transporte coletivo. O clássico problema dos horários de pico impacta muitas cidades; se os usuários fossem incentivados a viajar em horários alternativos, poderiam contribuir com o funcionamento de todo o sistema. Esse tipo de proposta também poderia partir dos empregadores, ao oferecer incentivos para que os funcionários tivessem flexibilidade de horários, por exemplo, evitando deslocamentos em horários de pico e melhorando a qualidade de vida dos trabalhadores, que ficariam menos tempo no trânsito.

Enrique Peñalosa, prefeito de Bogotá, na Colômbia, dias antes do Dia sem Carro na cidade, chegou até a uma proposta mais radical: proibir a circulação de carros durante uma hora e meia nos horários de pico pela manhã e durante a tarde, para que o transporte coletivo e os ciclistas tivessem prioridade. Dias depois, ele voltou atrás. Mas pode ser que nesse envolvimento entre os diferentes atores estejam algumas soluções interessantes para a mobilidade urbana nas grandes cidades. Para isso, é necessário o compartilhamento dos dados e o uso inteligente dessas informações, sempre com a coletividade em primeiro lugar, para que o benefício não fique na mão de poucos, mas de todos.

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