Na China, os caminhões dominam o mercado de transporte de mercadorias e isso está aumentando em ritmo acelerado. Em 2014, os caminhões movimentaram mais de 33 bilhões de toneladas de carga na China. Isso representou mais de 75% da movimentação total, que hoje é 22 vezes maior do que era em 1980. O resultado disso é que os caminhões são a fonte de emissões do setor de transporte que mais cresce. Enquanto os caminhões de carga representam apenas 15% do total de veículos na China (sem contar as motocicletas), eles foram responsáveis por mais de 50% do dióxido de carbono (CO2), 35% de monóxido de carbono, 41% de hidrocarbonetos, 68% de óxidos de nitrogênio E 79% das emissões de partículas em 2014. O frete rodoviário, especialmente os de caminhões pesados, é reconhecido como o modo de transporte mais poluído, contribuindo significativamente para a má qualidade do ar. A Organização Mundial da Saúde encontrou uma forte ligação entre a exposição à poluição atmosférica e a saúde pública. Além das implicações para a saúde, a poluição do ar afeta a economia. Na China, a perda de bem-estar total devido à poluição do ar exterior foi equivalente a 9.9 por cento do PIB. Como resultado, os especialistas em transporte estão tentando encontrar soluções para conseguir um transporte de mercadorias sustentável, inteligente e inclusivo na China.

(Total do volume de carga transportado)
Um mercado desorganizado e fragmentado
Além de ser o mais poluído, o frete rodoviário tem o mercado mais desorganizado no setor de transportes da China. Segundo o Ministério dos Transportes da China, o mercado de frete rodoviário é desafiado por quatro pontos: 1) baixa concentração, 2) baixo nível de tecnologia, 3) baixa eficiência e 4) alto consumo de combustível.
- Baixa Concentração: As empresas atuais de transporte por caminhão na China são caracterizadas como “pequenas, fragmentadas e fracas”. Mais de 90% do mercado de frete é dominado por um grande número de pequenas empresas com menos de dez caminhões; A maioria dessas pequenas empresas são empresas “proprietárias” e havia mais de 6 milhões delas em 2015. O mercado é altamente competitivo, de trabalho intenso e pouco rentável.
- Baixo nível de tecnologia: o setor de transporte rodoviário da China tem condições ruins tanto dos caminhões quanto das instalações, além caminhões habilitados fora dos padrões, com falta de sistemas de informação logística e sistemas de transporte inteligentes.
- Baixa eficiência: a eficiência operacional média do frete rodoviário é inferior a 50, o que é 33% menos do que os países desenvolvidos. Além disso, os pedágios são um custo importante para as empresas de transporte. Os caminhoneiros têm de escolher rotas menos eficientes para evitar o excesso de pedágios. Outro ponto dos pedágios é que eles contribuem para a existência de sobrecarga e caminhões de grandes dimensões.
- Consumo de combustível elevado: a frota de caminhões da China não é eficiente em termos de consumo de combustível. Seu consumo de combustível é de 25%, respectivamente 20% e 10% superior à Europa, Japão e EUA. Além disso, a maioria dos caminhões não pode atender aos padrões de emissões exigidos.
Soluções para tornar o transporte rodoviário mais inteligente
Devido aos desafios inerentes ao sistema de transportes na China, o transporte verde foi um dos principais tópicos de discussão durante o World Metropolitan Transport Development Forum (WMTD). No dia 24 e 25 de outubro de 2016, cerca de 500 participantes se reuniram em Pequim para discutir os desafios e soluções para o desenvolvimento sustentável do transporte. O WRI China, A Comissão Municipal de Transporte da China e o Instituto de Transporte de Pequim organizaram o evento em conjunto, se empenhando, portanto, para encorajar os tomadores de decisão e os profissionais da área de transportes a endereçar os desafios da mobilidade urbana.
Durante o fórum, especialistas de todo o mundo debateram métodos para aprimorar o frete de carga. O time do WRI China resumiu os principais pontos e potenciais soluções sustentáveis:
- Transporte de carga multimodal e variação: a China deveria encorajar o transporte de carga multimodal, especialmente para aprimorar a variação (mover a carga de um modo de transporte para outro) nos hubs logísticos para elevar a conectividade dos trilhos, portos, rodovias e transporte aéreo. Experiências internacionais mostram que uma operação multimodal eficiente pode diminuir cerca de 40% das emissões.
- Utilizar a logística disponível na internet: Os lugares tradicionais para a transação e troca de informações não podem satisfazer a exigência do mercado de logística atual. Cada vez mais empresas de logística estão aplicando o conceito “Internet Plus” e aplicativos similares à lógica do Uber, como a Truck Alliance, para fazer planejamento de rotas e crossdocking. Para aumentar a eficiência logística, o Big Data e as novas tecnologias de TI substituirão em breve as tradicionais plataformas de informação. A experiência mostra que a tecnologia da Internet pode ajudar a reduzir 30-50% das milhas vazias (distância percorrida por caminhões sem carregar qualquer carga) na China.
- Drop-and-hook: Drop-and-hook é um método para organizar o transporte e o gerenciamento de reboques para reduzir tanto o tempo que esses veículos de carga transitam vazios quanto o tempo de carga e descarga dos caminhões, e eventualmente otimizar a performance. “Drop” se refere à entrega de um container e “hook” equivale ao processo de enganchar um reboque carregado e leva-lo para o destino. Evidências de empresas de caminhões de Guangzhou apresentadas no fórum WMTD mostram como esse método pode economizar cerca de 34% dos custos de logística.
- Caminhões com energia e tecnologia limpas: Muitos profissionais encorajam veículos que utilizem as novas energias e as tecnologias limpas. Caminhões elétricos, que reduziram o nível de barulho e não tem emissões são adequados para as entregas urbanas que tem situações de parada e arranque frequentes. A experiência da Agência de Proteção Ambiental Americana mostra que os caminhões podem reduzir cerca de 5 a 85% das emissões ao usarem uma combinação de tecnologias limpas.
- Zona de Baixa Emissão e Padrões de Emissão: a China também precisa introduzir as zonas de baixa emissão e aprimorar os padrões de emissão dos veículos em todo o país. De acordo com um recente estudo do WRI, as zonas de baixa emissão podem reduzir a matéria particulada e óxidos de nitrogênio em 25% e 10%, respectivamente. Além disso, introduzir essas zonas em 20 das maiores cidades chinesas pode reduzir cerca de 100 milhões de toneladas de dióxido de carbono até 2030.
Criando uma indústria de logística verde e coerente
Um mercado de transporte de carga verde, inteligente e inclusivo depende da eficiência ecológica da cadeia logística como um todo. Felizmente, os agentes de logística da China já começaram a trabalhar em conjunto para estabelecer uma indústria de logística verde. A Associação dos Transportes Rodoviários da China, a maior associação de transportes da China, vem conduzindo uma Iniciativa de Carga Verde nos últimos anos, estabelecendo uma forte rede de partes interessadas para promover o frete verde. O Ministério dos Transportes da China também identificou o frete verde como uma prioridade em sua 13ª Estratégia Quinquenal de Proteção Ambiental para os Transportes. O governo pretende que as emissões de dióxido de carbono diminuam em 7% a 8% até 2020. Como resultado, a China terá um setor de transporte mais sustentável e um mercado de logística mais verde.
Escrito por TheCityFix.
e publicado originalmente no
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