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Solução para a segurança no trânsito está no transporte coletivo
VLT Rio de Janeiro

(Foto: Mariana Gil/WRI Brasil Cidades Sustentáveis)

Um estudo desenvolvido pela Associação Americana de Transporte Público (APTA), órgão que representa todas as agências de transporte dos Estados Unidos, afirma que o transporte coletivo é até dez vezes mais seguro do que o carro. Ainda hoje, o carro é prioridade tanto do desejo das pessoas enquanto consumidores como no planejamento urbano das cidades, ignorando aspectos econômicos negativos e até de preservação da vida.

“É tempo de empregar o transporte público como uma ferramenta de segurança viária já que ele pode reduzir drasticamente o risco para a vida dos usuários, assim como o de comunidades inteiras”, exalta o presidente e CEO da APTA Richard White. “Enquanto nenhum meio de transporte é totalmente livre de riscos, a segurança do transporte público é impressionante em relação ao que se observa do número de fatalidades resultantes de acidentes de carro.”

Com base na análise de dados, o estudo The Hidden Traffic Safety Solution: Public Transportation (A solução oculta da segurança no trânsito: transporte público) chegou à conclusão que comunidades voltadas ao transporte coletivo são cinco vezes mais seguras porque elas têm cerca de um quinto da taxa per capita de acidentes de trânsito (fatais e feridos) em relação a comunidades orientadas para automóveis. Isso significa que transporte coletivo reduz pela metade o risco de acidentes em comunidades até mesmo para quem não usa o sistema.

Cidades planejadas para permitir melhores sistemas de transporte coletivo estimulam o desenvolvimento compacto, o que reduz os trechos percorridos e, consequentemente, as velocidades. O modelo de desenvolvimento orientado para o transporte sustentável (DOTS) propõe essa mesma organização, onde o uso do solo e as redes de infraestrutura e serviços são planejados de forma integrada. Segundo o DOTS Cidades – Manual de Desenvolvimento Urbano Orientado ao Transporte Sustentável, é preciso combater o modelo urbano 3D – distante, disperso e desconectado -, e desestimular o uso do automóvel para que ocorra uma redução nos níveis de poluição do ar e torne a cidade mais segura. “Devem-se reduzir as distâncias entre as moradias e os centros de trabalho e locais de realização de outras atividades como estudo, serviços e lazer, desenvolvendo alternativas de mobilidade sustentável para as viagens diárias dos moradores.”

O estudo do órgão americano lembra a importância do conhecimento sobre esse dado. “Ainda que ocorram com baixa frequência, acidentes com transporte coletivo recebem forte cobertura da mídia, o que causa medo nas pessoas”, afirma o documento. “Isso é uma questão lamentável que precisamos lidar”, disse White.

A APTA faz algumas recomendações interessantes em seu relatório:

  • Integrar melhorias no transporte coletivo e incentivar estratégias com programas de redução de riscos para os condutores;
  • Passar a medir os riscos de acidentes per capita a fim de contabilizar os benefícios que estratégias de redução de distâncias percorridas podem oferecer para segurança viária;
  • Considerar os riscos de todos os usuários da via, não apenas os ocupantes dos veículos;
  • Aprender sobre gestão de demanda de veículos (GDV ou TDM, da sigla em inglês para Transportation Demand Management) e como criar programas integrados de GDV;
  • Considerar co-benefícios (além de aspectos de segurança) ao avaliar estratégias a favor do transporte coletivo, incluindo a redução de congestionamentos, de locais de estacionamento, economia em infraestrutura de estradas, melhorias para pedestres e ciclistas – que irão garantir progressos nos objetivos de igualdade -, promover a saúde pública, e melhor o uso de energia e mitigar emissões;
  • Estabelecer parcerias com outros stakeholders que possuam o interesse em investir em transporte coletivo.
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