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História de Jaime Lerner e de Curitiba se misturam em novo documentário
No filme, Lerner afirma já ter 113 Moleskines. (Foto: Divulgação/Pandora Filmes)

No filme, Lerner afirma já ter 113 Moleskines. (Foto: Divulgação/Pandora Filmes)

Apontada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como referência de planejamento urbano, Curitiba carrega em sua história um personagem indissociável: Jaime Lerner. A trajetória do urbanista e a sua relação com a cidade estão retratados no documentário do diretor Carlos Deiró, que acompanha os passos de Lerner desde 1988. O filme foi lançado nesta quinta-feira (8) em uma sessão especial que também foi marcada pela premiação dos vencedores da campanha #SonheACidade.

Com muitas memórias e brilhantes ideias escritas e rabiscadas nos seus mais de cem Moleskines, Lerner narra a própria vida no documentário “Jaime Lerner: uma história de sonhos”. Três vezes prefeito de Curitiba e duas vezes governador do Paraná, o arquiteto de 74 anos é reconhecido mundialmente por suas dezenas de ideias que buscam sempre elevar a qualidade de vida nas cidades.

Problemas que para muitos podem parecer impossíveis de solucionar, para Lerner parecem virar sonhos a serem realizados. E ele realizou vários deles. Desde comprar o lixo de comunidades onde o caminhão de coleta não tinha acesso, trocar recicláveis por comida, roupa ou cultura, colocar ovelhas em áreas verdes para “tratar” da grama, até a invenção de ruas portáteis e os minicarros elétricos (Dock Dock), tudo isso está no filme.

23980508674_a0613f6204_kDividido em 11 pequenos “capítulos”, a obra de Deiró cobre momentos da vida profissional e pessoal de Lerner. Logo nos primeiros minutos, são conhecidas as façanhas do curitibano de levar o sistema expresso de ônibus – desenvolvido por ele e que se tornaria o primeiro BRT (Bus Rapid Transit) do mundo – até Nova York e Istambul. Para apoiar a visão de uma cidade sustentável e conectada, Lerner teve a ideia de “metronizar” o ônibus. Em 1974, implantou, então, o “ônibus expresso”, com os coletivos circulando em vias exclusivas. Hoje, o BRT transporta 561 mil passageiros por dia em Curitiba e já está presente em 206 cidades do mundo.

Após conhecer a história da criação do Museu Oscar Niemeyer, praticamente uma conquista pessoal de Lerner, e se divertir com o “pocket show” do aniversário de 70 anos de Lerner, o espectador pensa que nada mais pode surpreender. Porém, o urbanista conta ainda como venceu um festival de cinema em Nova York e ainda virou amigo íntimo do cineasta Francis Ford Coppola.

Além das muitas referências à história e ao casamento com a esposa Fani, e o orgulho pelos netos, o documentário, ainda traz depoimentos de Millôr Fernandes, Richard Rogers, João Filgueiras Lima, Alberto Dines, Washington Olivetto, Ziraldo, Chico Anysio e Oscar Niemeyer, de quem Lerner diz ter recebido “o melhor elogio da vida”: “O Lerner sabe das coisas”.

Em 1990, o arquiteto recebeu o prêmio máximo das Nações Unidas para o Meio Ambiente; em 2002, foi eleito presidente da União Internacional de Arquitetos (UIA); em 2010, nominado pela revista Time um dos 25 Pensadores mais Influentes do mundo; e em 2011, recebeu o prêmio Leadership in Transport Award, agraciado pelo International Transport Forum at the OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Sorte da capital paranaense ter um sonhador tão brilhante. Em paralelo, Curitiba foi escolhida a cidade mais sustentável da América Latina (2015 – Green City Index), passou a integrar a Creative Cities Network da Unesco (2014), recebeu o prêmio internacional Hermès de Inovação (2014), o certificado de Cidade Resiliente da Organização das Nações Unidas (2013) e venceu o prêmio Sustainable Transport (2010), entre outros reconhecimentos.

#SonheACidade

Inspirada no legado de Lerner, a campanha #SonheACidade, iniciativa em parceria com a Pandora Filmes e a Arq.Futuro, propôs estimular as pessoas a responderem a questão “Que solução simples você daria para melhorar o uso dos espaços públicos da sua cidade?”. As melhores respostas foram conhecidas no último dia 5 de setembro e seus criadores foram premiados com livros da BEI Editora, além de convites reservados para a sessão de estreia do filme. Conheça as respostas vencedoras:

1) “Uma solução simples seria o poder público ocupar os prédios vazios com parques ou fazendas verticais, produzindo espaços públicos em prédios abandonados, até a solução definitiva para esses espaços. Os alimentos produzidos nessas fazendas seriam oferecidos nas escolas públicas como complementação da merenda escolar. Os parques supririam a falta desses equipamentos nos grandes centros urbanos. Sugestão também enviada aos governos de São Paulo.” Marcos Sebastião da Costa

(Foto: Mariana Gil/WRI Brasil Cidades Sustentáveis)

2) “Como em Curitiba chove muito, poderiam fazer os pontos de ônibus com proteções laterais para os passageiros não se encharcarem. Como projeto social, eles poderiam sofrer alguma arte popular (como grafite com mensagens interessantes) a fim de preservar e também incluir. PS: creio que as sugestões devem ser consideradas em seu aspecto regional, cidades diferentes, necessidades diferentes #SonheACidade” Rafaela Mota

3) “Para que todos possam opinar e escolher o que de melhor se pode fazer nos espaços públicos de cada bairro, a solução inicial seria a criação de um aplicativo no qual a população possa comunicar falhas/problemas e soluções para cidade. No mesmo aplicativo, uma opção para os moradores interagirem, criarem eventos e ações que promovam e melhorem a cidade #SonheACidade” Schai Bock

4) “Estou tendo uma experiência pessoal maravilhosa com a ocupação de um espaço urbano, uma praça pública. Uma área verde que comecei a reflorestar faz somente dois meses e tenho tido resultados surpeendentes! Esta é minha sugestão para qualquer cidade: a ocupação dos espaços verdes com árvores frutiferas” Lucas Lacaz Ruiz

5) “Sonho em oferecer para a cidade espaços públicos: canteiros, praças, áreas dentro de parques, onde a ‘vedete’ em exibição seja simplesmente um cheiro gostoso. Conheço apenas uma praça em São Paulo que chamo ‘Praça dos Eucaliptos’ (é a Praça Horácio Sabino), repleta de eucaliptos que cheiram muito bem. Uma caminhada nessa praça enche nossos pulmões poluídos de uma sensação de prazer. São Paulo merece resgatar este sentido importante. Vamos criar espaços cheirosos: eucaliptos, damas da noite, manjericão… cheiros gostosos que invadam nossas almas” Liliane Giannini

6) “Estimularia a construção de hortas em praças públicas através da participação comunitária. Desta forma, além de gerar alimentos para as pessoas, desenvolveria a participação colaborativa da população e a capacidade de pensar no coletivo. A partir do momento em que pensamos de forma altruísta os espaços urbanos, conseguimos avançar para uma cidade melhor em muitos aspectos, com o cuidado e a atenção de todos!” Leonardo Normando

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