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Endereçando o mundo: três palavras de cada vez

Cerca de 4 bilhões de pessoas no mundo são incapazes de receber cartas, entregas, visitas e qualquer outra atividade que necessite o compartilhamento de uma localização. O endereçamento inadequado ou inexistente é uma realidade em muitos lugares do planeta. Não poder definir em um código padrão – CEP, nome de rua – o local em que se reside pode resultar em dificuldades econômicas e servir como um verdadeiro empecilho de crescimento e desenvolvimento de cidades, estados e países. No entanto, a solução talvez já tenha sido desenvolvida e tudo que se precisa são três palavras.

Na verdade, 57 trilhões de combinações possíveis, mas sempre de três em três palavras.

Endereçando o mundo

O endereço do WRI Brasil Cidades Sustentáveis, em Porto Alegre, seria videocassete.achar.ouviu (Reprodução What3Words)

O endereço do WRI Brasil Cidades Sustentáveis, em Porto Alegre, é videocassete.achar.ouviu (Reprodução What3Words)

A ideia de resolver o problema que atinge 75% da população mundial é da startup britânica What3Words. Portanto, cada um dos 57 trilhões de quadrados de 9m² da superfície do planeta recebeu uma sequência única de três palavras, escolhidas aleatoriamente por um algoritmo que transforma as coordenadas geográficas em palavras.

Por exemplo, uma pessoa que mora na Avenida Baltazar de Oliveira Garcia, Porto Alegre, número 1000, poderia dizer que mora na Cajado.Baleia.Cutucar – o que talvez não seja mais prático que o nome da rua em si, uma vez que se está acostumado a ele.  No entanto, os desenvolvedores do What3Words acreditam que a capacidade de pessoas lembrarem três palavras é muito maior do que lembrar 16 números de orientações geográficas ou o código postal de sua residência

Todos esses números podem ser substituídos por três palavras (Reprodução: What3Words)

Todos esses números podem ser substituídos por três palavras (Reprodução: What3Words)

A linha de código utiliza palavras de dicionários oficiais, com lista de verbetes com cerca de 25 a 40 mil palavras em cada língua. Atualmente, o sistema está disponível para oito idiomas: inglês, francês, espanhol, português, russo, alemão, turco e sueco. O aplicativo pesa menos de 10 MB, pequeno o suficiente para ser instalado em quase todos os smartphones, sem necessidade de conexão com a internet para acessar os endereços. Além disso, o sistema serve Interface de Programação de Aplicativos (API, na sigla original em inglês). Ou seja: ele permite a construção de outros aplicativos com base em seu sistema.

Foi o que o aplicativo RioGo fez durante as Olimpíadas Rio 2016. O app voltado a traçar rotas para auxiliar em torno de 500 mil turistas durante o evento utilizou a base de dados do What3Words. Dessa forma, foi possível ajudar as pessoas a compartilharem suas localizações com maior precisão. Ainda que estivessem dentro do Parque Olímpico, cada local recebia seu conjunto único de três palavras determinadas para o espaço de nove metros quadrados.

Mongólia foi o primeiro país a adotar oficialmente o sistema

A Mongólia tem 2,8 milhões de habitantes, dos quais um terço vive na capital. É o país com a menor densidade populacional do mundo, com dois habitantes por metro quadrado. Além disso, fruto de herança histórica, um quarto dos cidadãos mongóis são nômades. Esses fatores fazem com que muitas ruas não tenham nome, mesmo na capital. Segundo reportagem do The Economist, nomes para estradas e números para edifícios são tão incomuns que menos de 1% dos mongóis têm esse privilégio.

Oficialmente, a Mongólia adotou o sistema de mapeamento por trio de palavras para ajudar no endereçamento de suas correspondências, emergências e outras necessidades. Segundo o criador da startup, Chris Sheldrick, a intenção é criar um padrão geográfico para amenizar a falta de endereçamento do mundo.

Veja abaixo um vídeo sobre a utilização do sistema nas favelas cariocas:

 

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