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Portland quer repensar a velocidade das vias com foco nos pedestres e ciclistas

Nos Estados Unidos, o número de mortes no trânsito aumentou em 9% no primeiro semestre de 2016. Informações divulgadas pelo Conselho de Segurança Nacional na última semana indicam que, seguindo esse ritmo, as mortes devem chegar a conta de 38 mil pessoas neste ano. Os dados do primeiro semestre cresceram em 18% se comparado com 2014. O levantamento mostra que pedestres e ciclistas estão em uma a cada quatro mortes no trânsito. Em Nova York, o número de ciclistas mortos no primeiro semestre deste ano já excedeu a soma de 2015.

Entre os fatores que contribuíram para o aumento dos números, o Conselho Nacional de Segurança relacionou: a economia mais forte e as taxas de desemprego mais baixas, bem como a redução dos preços médios da gasolina 16% mais baixos ao ano anterior. Em matéria do CityObservatory, Joe Cortright afirma como esse é um recorte infeliz e provavelmente incorreto, pois até 2013 se viu uma redução das fatalidades no trânsito e a economia estava em crescimento. “Essa é uma visão um tanto fatalista que implica que mais mortes no trânsito são uma consequência triste, mas inevitável do crescimento econômico”, destaca Cortright.

Levando em conta pedestres e ciclistas para calcular a velocidade das vias

(Foto: Paula Tanscheit/WRI Brasil Cidades Sustentáveis)

(Foto: Paula Tanscheit/WRI Brasil Cidades Sustentáveis)

Apesar do aumento dos números, algumas cidades americanas integram o movimento para combater as fatalidades de trânsito. Afinal, estamos na Década da Ação pela Segurança Viária e tais números devem servir como impulso para que prosperem mais ações com foco na melhoria no desenho urbano e redução de velocidade dos veículos. “Nossa complacência está nos matando”, foi o que disse Deborah Hersman, integrante do Conselho de Segurança Nacional, na ocasião da divulgação dos dados.

No último ano, a cidade de Portland adotou o programa Visão Zero e, portanto, a ideia de que nenhuma fatalidade no trânsito é aceitável. Um ano e dois meses após, a cidade acompanha o aumento do número de mortes no trânsito do país. Até agora foram trinta mortes no primeiro semestre, nesse ritmo, pode chegar a 47 até o final do ano – dez a mais que 2015, e o ano mais fatal nas estradas de Portland desde 2003.

O Departamento de Trânsito da cidade propôs, portanto, uma revisão da velocidade das vias para o Departamento de Trânsito do estado. Pela primeira vez, pedestres e ciclistas serão levados em consideração no cálculo definidor de limites de velocidade. As análises dos padrões de trânsito são feitas com o olhar totalmente direcionado aos carros. Funcionários do Departamento de Trânsito do Estado observam o tráfego ao longo de uma rua, e calculam a velocidade com base na velocidade – ou abaixo – do que 85% dos veículos estão dirigindo.

A proposta está aguardando a aprovação do Departamento de Transporte de Oregon. O portal Portland Mercury destaca como as autoridades municipais estão desafiando a técnica antiquada de engenharia de trânsito da velocidade média de 85%. Um dos principais problemas dessa prática é que não considera sequer a presença de pedestres ou ciclistas, apenas a velocidade dos motoristas. O que reforça a falta de segurança e o descaso com o desenho da rua – se existem ciclovias, calçadas.

A cidade de Portland propôs a reavaliação dos limites de velocidade de acordo com uma gama maior de fatores que são substanciais para a segurança viária. Entre as relações da propostas está a proximidade que os veículos estão dos pedestres e ciclistas. Se as ruas tem ciclovias desprotegidas, por exemplo, o limite máximo deve ser de 30mph. A mesma regra serve para ruas com calçadas nos dois lados.

 

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