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Ciclovias conectadas podem desenhar caminhos sustentáveis nas cidades
Ciclovia na Marginal Pinheiros, em São Paulo. (Foto: Mariana Gil/WRI Brasil Cidades Sustentáveis)

Ciclovia na Marginal Pinheiros, em São Paulo. (Foto: Mariana Gil/WRI Brasil Cidades Sustentáveis)

Aos olhos dos motoristas de carros particulares, transporte responsável por grande parte das emissões de CO2 nas áreas urbanas, pode parecer que as novas ciclovias das cidades brasileiras ocupam muito espaço. Porém, o cenário verdadeiro e o que os ciclistas percebem todos os dias é completamente diferente. Um levantamento realizado pelo UOL no ano passado mostrou que, em São Paulo – um dos municípios que mais instalou ciclovias nos últimos anos -, dos 181 trechos, 92 não tinham nenhuma ou faziam no máximo uma conexão com outros trechos da malha cicloviária.

Atualmente, a capital paulista conta com 416,2 quilômetros entre ciclovias e ciclorrotas. O centro da cidade e a zona oeste são as regiões onde elas mais se encontram, favorecendo as viagens dos ciclistas. Porém, nas zonas norte, sul e leste, muitos trechos ficam distantes uns dos outros. Ainda assim, a pesquisa “Perfil de quem usa bicicleta na cidade de São Paulo”, divulgada no último mês de setembro, revela que 40% dos ciclistas começaram a pedalar há menos de um ano nas áreas central e intermediária da cidade. Questionados sobre quando a bicicleta começou a ser usada como meio de transporte, 29% dos entrevistados disseram utilizá-la há mais de 5 anos, enquanto 19% pedalam há menos de 6 meses.

Cidades que pretendem transformar seus sistemas de transporte precisam que seus espaços dedicados aos ciclistas garantam segurança e, também, fluidez. Quilômetros muitas vezes não significam nada em termos de mobilidade, já que sem conexões não existem caminhos. “A bicicleta é movida à propulsão humana, ou seja, os ciclistas utilizam os caminhos mais curtos e menos cansativos. Uma das grandes vantagens do ciclismo é justamente a possibilidade de pegar atalhos por onde os veículos maiores não podem passar. As conexões entre trechos de ciclovias devem ser pensadas para facilitar o deslocamento de bicicleta”, explica a Coordenadora de Mobilidade Urbana e Acessibilidade do WRI Brasil Cidades Sustentáveis, Paula Rocha.

Conexões com outros modais de transporte são vitais para incentivar o uso. (Foto: Mariana Gil/WRI Brasil Cidades Sustentáveis)

Conexões com outros modais de transporte são vitais para incentivar o uso. (Foto: Mariana Gil/WRI Brasil Cidades Sustentáveis)

Nos últimos anos, o número de sistemas de bicicletas compartilhadas cresceu de forma extraordinária. Segundo projeção do Citylab, em 2015, foi alcançado o número de 1 milhão de sistemas ao redor do mundo. Porém, o problema de muitas deles é justamente a falta de ligações. Dos principais requisitos básicos das ciclovias, obstruções, falta de prioridade ao ciclista e pistas estreitas são os mais sérios. “Avenidas com grande fluxo de veículos motorizados provavelmente terão ciclovias, mas as conexões entre elas muitas vezes passam por ruas mais calmas, que podem ter ciclofaixas ou até mesmo uma sinalização de ciclorrota”, afirma Paula.

Além de interligadas, as ciclovias devem também estabelecer conexões com outros modos de transporte. Ainda que ciclovias já sejam um grande passo adiante, para promover uma verdadeira transformação nos sistemas de transporte as cidades precisam enxergar as necessidades da população de forma ampla. O Programa de Metas 2013-2016 de São Paulo tem como objetivo ampliar e melhorar a locomoção na cidade entre diversos modais de transporte. O sistema de compartilhamento de bicicletas, o Bike Sampa, já está integrado com o Bilhete Único, um sistema de bilhetagem eletrônica que unifica toda a bilhetagem dos meios de transportes. O passe Bike Sampa é gratuito, porém o Bilhete Único funciona como uma opção de liberação da bicicleta nas estações.

Em Curitiba, no início do mês, foi iniciado o projeto BRT Bike, desenvolvido em parceria pela Urbs e a Secretaria Municipal de Trânsito. Por enquanto, a experiência será feita com um biarticulado adaptado para transportar com segurança duas bicicletas e, se a medida for aprovada, será expandida para outras linhas.

Já Fortaleza implantou recentemente o Sistema de Bicicletas Compartilhadas – Modelo Integração, que funcionará de forma diferente do Bicicletar, sistema compartilhado em funcionamento desde 2014. A primeira estação disponibiliza 50 bicicletas que podem ser alugadas gratuitamente por usuários do Bilhete Único, que podem ficar com o equipamento por até 14 horas, o que possibilita, por exemplo, o pernoite com a bicicleta. De acordo com a Secretaria de Conservação e Serviços Públicos (SCSP), novas estações em espaços de grande fluxo de pessoas deverão ser implantadas ainda neste ano. A capital cearense vive atualmente a mesma tendência de aumento no número de ciclistas. É interessante observar essa expansão através do mapa disponibilizado pelo aplicativo Strava. O gráfico permite comparar o fluxo de ciclistas nas ruas de Fortaleza entre os anos de 2014 e 2015.

Espaço dedicado ao ciclista em Fortaleza. (Foto: Paula Tanscheit/WRI Brasil Cidades Sustentáveis)

Espaço dedicado ao ciclista em Fortaleza. (Foto: Paula Tanscheit/WRI Brasil Cidades Sustentáveis)

 

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