Os espaços urbanos acolhem 3,9 bilhões de indivíduos e, segundo as Nações Unidas, até 2050 a previsão é de que 6,4 bilhões de pessoas vivam em cidades. Diante dessa expectativa de crescimento, a ocupação do território requer o planejamento urbano integrado e o compartilhamento de esforços para garantir que as cidades do futuro sejam mais conectadas e sustentáveis. Nesse aspecto, tanto o setor público quanto o setor privado contribuem para o planejamento integrado da infraestrutura, das novas tecnologias e das novas lógicas sociais e trazem a sustentabilidade como elemento motor das iniciativas públicas (através de sistemas flexíveis, adaptáveis e inovadores) na transformação e evolução de cidades mais eficientes.
Os programas urbanos envolvem governos, empresas e incorporadoras, universidades e representantes da sociedade civil. Devido à natureza dinâmica das cidades, a escala das intervenções – sejam elas portfólios, programas e/ou projetos – e a condução desses processos envolvem patrocinadores, gestores e líderes de projeto, como agentes que têm a visão sistêmica da cidade e das organizações.
O Ministério das Cidades, instituído em 1º de Janeiro de 2003, estabeleceu um processo inovador nas políticas urbanas, implantando um dos mais importantes instrumentos de desenvolvimento urbano no Brasil: o Estatuto das Cidades, que regulamentou os artigos 182 e 183 da Constituição Federal do Brasil (1988). Trata-se de um marco regulatório das políticas de desenvolvimento urbano no país, uma vez que estabelece diretrizes de política urbana nos níveis federal, estadual e municipal, define a função social da terra e apresenta os instrumentos urbanísticos para implementação de cidades participativas, integradas e socialmente inclusivas.
Esse marco legal estruturou leis que regulamentam as diretrizes para cada ente das esferas de governo, prevendo atividades que devem ser realizadas pelos municípios e estados brasileiros. No entanto, muitas vezes a estrutura do quadro técnico dos municípios acaba por realizar este trabalho de forma precária. O desafio dos municípios e estados, portanto – por questões de falta de gestão, tempo e disponibilidade dos técnicos -, é envolver as equipes técnicas das diferentes secretarias na elaboração de documentos e projetos dessa natureza. O acesso aos recursos federais para a implantação de projetos urbanos sustentáveis depende da integração de planos e projetos de forma específica para cada grande área de planejamento, quais sejam: Habitação, Saneamento, Programas Urbanos, e Transporte e Mobilidade.
Em se tratando especificamente das áreas de Programas Urbanos e de Transporte e Mobilidade, é fundamental a gestão dos projetos urbanos, o envolvimento institucional e a participação de um grupo específico das equipes técnicas das instituições públicas – sejam os estados, os municípios ou a união. As diferentes instâncias devem atuar juntas para permitir o desenvolvimento de projetos de forma objetiva, visando à obtenção de recursos públicos para realizar as melhorias urbanas necessárias nas cidades.
A condução das partes interessadas busca explorar positivamente a equipe através de aspectos objetivos, quando são escolhidas pessoas com habilidades profissionais específicas. No entanto, apenas conhecimento técnico não é o bastante para atingir os propósitos de inovação a que projetos dessa natureza se destinam. Dessa forma, aspectos subjetivos envolvem questões relacionadas às motivações e anseios pessoais dos envolvidos, tais como a escala das motivações humanas estruturadas por Maslow (pirâmide das motivações humanas).
O desempenho das partes interessadas ao longo do projeto também será aquele decorrente do processo geral de condução do projeto, os quais envolvem:
- feedbacks do processo como um todo;
- comunicação eficaz;
- documentação das lições aprendidas;
- documentação dos processos ao longo das fases;
- administração dos ativos organizacionais;
- entrega do produto do projeto.
O planejamento sistêmico dos projetos urbanos deve seguir estratégia de atividades, de modo que possa ser compreendido como um caminho para realizar o objetivo proposto. É importante que as participações no projeto sejam estratégicas e suas intervenções sejam eficazes. Além disso, a abordagem subjetiva pode reforçar o conceito do projeto, organizar e convergir a energia das pessoas para um propósito comum. Nesse cenário, o papel de um líder, Gerente do Projetos ou Escritório de Projetos é fundamental: deve ser capaz de explorar as diferentes habilidades nas equipes envolvidas, visando à condução harmônica de processos e atividades relacionadas, quais sejam: relações interpessoais, networking, liderança, planejamento estratégico, negociação, resiliência e autoconhecimento. É dessa forma que a liderança alcança uma visão sistêmica do empreendimento como um todo e das inter-relações com outras áreas correlatas, de forma a trazer inovação em processos para a governança na esfera pública nos projetos urbanos contemporâneos.