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A nova pergunta de um trilhão de dólares: quanto o aquecimento global custará para o setor de transportes?

Evitar o aumento excessivo da temperatura média global pode gerar economia de 300 bilhões de dólares por ano para o setor de transportes (Foto: Paulisson Miura/Flickr)

As altas taxas de motorização e as emissões de gases do efeito estufa decorrentes conduziram cidades de todo o mundo às circunstâncias em que vivemos hoje, com os efeitos das mudanças climáticas afetando milhões de vidas todos os anos. Na sexta-feira, 22 de abril, a ONU espera representantes de mais de 130 países para ratificar o histórico acordo assinado em Paris, na COP 21, quando foi estabelecida a meta de evitar que o aumento da temperatura média do planeta ultrapasse os 2°C até 2100. O setor de transportes já tem – e continuará a ter pelas próximas décadas – um forte impacto nesse processo, na medida em que é responsável pela maior parte das emissões urbanas. No entanto, essa ligação ultrapassa a relação de causa-efeito: envolve, também, consideráveis impactos econômicos.

Qual o custo das infraestruturas que o setor de transportes demandará nas próximas décadas considerando o aumento de 2°C na temperatura média global? E se os termômetros apontarem um aumento de 4°C, quanto gastaremos?

Essa é a nova questão de um trilhão de dólares, examinada a fundo em novo estudo do WRI. Publicado este mês, o documento avalia as necessidades do setor de transportes projetadas para as próximas décadas por diferentes organizações e, a partir da análise dos resultados obtidos, evidencia os benefícios econômicos de manter o aumento da temperatura global abaixo de 2°C até 2050.

Em 2014, os pesquisadores já haviam explorado uma primeira questão de um trilhão de dólares na pesquisa em que mostram que o investimento global em transportes fica entre US$ 1,4 trilhão e US$ 2,1 trilhões por ano, o suficiente para financiar o orçamento do metrô de Nova York 88 vezes. Com base nesses valores, o novo estudo calculou os gastos anuais estimados para o setor de transportes em dois cenários de aumento da temperatura média global: 2°C e 4°C.

Para apurar as informações, foram avaliadas as projeções da Agência Internacional de Energia (IEA), da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OECD), do Instituto Global McKinsey, da Nova Economia Climática, do Fórum Econômico Mundial e do ITDP/UC Davis em alguns elementos-chave: estradas, estacionamentos, trilhos, sistemas BRT, sistemas HSR (high-speed rail, ou trens de alta velocidade), aeroportos, portos e sistemas inter-regionais.

Considerando o cenário de aumento de 4°C nas próximas décadas, a pesquisa revelou que os gastos seriam 15% maiores do que em um cenário de aumento de 2°C – de US$ 2,3 trilhões para US$ 2 trilhões –, comprovando que um caminho de investimento de baixo carbono e priorização do transporte sustentável vai custar menos no futuro. As necessidades estimadas para o cenário de 4°C ultrapassam o limite dos gastos atuais com infraestrutura e levariam a uma lacuna de US$ 244 bilhões a US$ 944 bilhões por ano. Em compensação, se considerado o cenário de 2°C, anualmente essa diferença representa uma economia de 300 bilhões de dólares para o setor.

Gastos necessários em transportes considerando o aumento da temperatura de 4°C e 2°C nas próximas décadas (Fonte: WRI)

Em outras palavras, manter o aumento da temperatura média global abaixo dos 2°C representa não só uma economia anual para os governos como ajuda a evitar gastos ainda mais expressivos a longo prazo, além de trazer benefícios sociais e ambientais. No entanto, a concretização desse cenário positivo de baixo carbono vai depender do direcionamento de investimentos, políticas e projetos para o desenvolvimento sustentável – e gestores e tomadores de decisão terão um papel fundamental nesse esforço, como avaliam Neha Yadav e Benoit Lefevre – este, um dos autores do estudo:

Gestores locais e nacionais precisam influenciar mercados e criar políticas que encorajem investimentos privados em soluções sustentáveis. Tomadores de decisão em nível nacional, como ministros de transportes e da fazenda, devem focar em carteiras de investimento para o transporte sustentável. Bancos multilaterais de desenvolvimento também desempenham um papel importante ao oferecer incentivos a esse tipo de investimento e podem fazer isso apoiando políticas nacionais que estejam em conformidade com os compromissos de combater os impactos das mudanças climáticas e desenvolver sistemas de transporte de baixo carbono.

Leia mais sobre a pesquisa aqui ou acesse o documento na íntegra.

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