O projeto Nossa Cidade, do TheCityFix Brasil, explora questões importantes para a construção de cidades sustentáveis.
A cada mês um tema diferente.
Com a colaboração e a expertise dos especialistas do WRI Brasil Cidades Sustentáveis, as séries trazem artigos especiais sobre planejamento urbano, mobilidade sustentável, gênero, resiliência, entre outros temas essenciais para um desenvolvimento mais sustentável de nossas cidades
O impacto de aplicar estratégias de GDV
Os elementos integrantes das cidades começam a perceber aos poucos a insustentabilidade da cultura carrocêntrica. No Brasil, 50% dos deslocamentos tem como motivo o trabalho. Isso evidencia a importância de as empresas, como elementos urbanos, adotarem estratégias de Gestão de Demanda de Viagens (GDV) para reduzir o número de viagens individuais e, assim, resultar em cidades mais habitáveis e seguras. A mobilidade corporativa, explicada detalhadamente no primeiro post da série, parte do pressuposto que organizações podem assumir papel substancial na solução dos problemas de mobilidade de uma cidade.
Entre outros fatores, as medidas de GDV têm impacto direto no bem-estar dos funcionários. Logo, as práticas adotadas resultam em ganho para a vida pessoal e profissional dos trabalhadores. As medidas, além de qualificar a mobilidade local, são formas de promover hábitos de deslocamento mais sustentáveis entre os funcionários.
Nesse post, destacamos algumas práticas capazes de melhorar a mobilidade urbana e a qualidade de vida dos funcionários ao aplicar planos de mobilidade corporativa. No estudo realizado pelo WRI Brasil Cidades Sustentáveis intitulado “Passo a Passo para a Construção de um Plano de Mobilidade Corporativa” destaca que: Algumas práticas, inclusive, são capazes de eliminar a necessidade de realizar o deslocamento em si (teletrabalho e videoconferência). Dependendo da estratégia adotada, planos de mobilidade corporativa têm o potencial de reduzir entre 10 e 24% o número de viagens de automóvel com um único ocupante. O plano não é resultado de um planejamento rígido, mas da organização de um processo dinâmico vinculado ao contexto da organização.
O artigo elaborado pelo Diretor do WRI Brasil Cidades Sustentáveis, Luis Antonio Lindau e o Engenheiro de Transportes, Guillermo Petzhold, no artigo intitulado O papel das corporações na busca pela melhoria das condições de mobilidade urbana nas cidades asseveram a importância de que as medidas de GDV mantenham o foco em ações que melhorem a “confiabilidade, disponibilidade, conveniência, velocidade, conforto e segurança dos meios alternativos de transporte como, por exemplo, caminhada, bicicleta, compartilhamento do automóvel e transporte coletivo”
Medidas para as empresas
Ao instalar chuveiros e vestiários e estacionamento para bicicletas, as empresas incentivam o transporte ativo para os funcionários que se dispõe a caminhar ou pedalar para o trabalho. Outra opção viável são os programas de compartilhamento de caronas ou horários de trabalho mais flexíveis ou, ainda, teletrabalho. Incentivos financeiros podem encorajar o uso do transporte sustentável. A cobrança do estacionamento pode ser revertida em benefícios para quem opta por transportes mais sustentáveis. Por exemplo: isenção do valor para quem dá carona, subsídio para o transporte coletivo ou ônibus fretado; ou ainda, que tal ser pago para pedalar de casa até o trabalho?
Investimento em tecnologia e inovações ajudam a criar novos hábitos e mudar a forma de trabalho. Resultado da revolução tecnológica é que as empresas deixaram de ser o único habitat do trabalhador, agora pode ser a sala de casa, um café ou qualquer espaço com internet. Segundo estudo do Global WorkForce, no Brasil, por exemplo, 56% dos profissionais trabalham, em algum momento, de casa.
Confira três estratégias fáceis de adotar para sua empresa, apresentadas pelo Engenheiro de Transportes do WRI Brasil Cidades Sustentáveis, Guillermo Petzhold:
1. Carona
Recomenda-se esta medida para empresas com grande número de funcionários, pois é provável que algumas pessoas morem próximas. O mesmo vale para empresas mais afastadas do centro urbano, que exigem longos deslocamentos e normalmente não possuem acesso ao transporte coletivo.
2. Car-share
Recomendado como medida de suporte, o car-share ou compartilhamento de carros possibilita ao funcionário que não usa o carro se desloque com facilidade durante o horário de trabalho. Entre os benefícios, estão a redução da demanda por vagas de estacionamento, redução de custos gerais em táxi e estacionamento.
3. Escalonamento de horários
Pode ser implementado em empresas que não necessitam que todos iniciem o turno no mesmo horário. Por exemplo, jornadas com início às 7h, 8h, 9h ou 10h. Entre os benefícios, aumenta a flexibilidade de horários para outras atividades. Com isso, melhora-se a produtividade dos funcionários, aumenta a atratividade da empresa, e estende o horário que a empresa opera.
Em todas as medidas, o benefício do funcionário acontece na medida em que seu tempo perdido no trânsito e congestionamentos reduz. Tais medidas ajudam a melhorar a saúde e a economizar. Além disso, os benefícios são tanto do funcionário quanto da própria cidade e da empresa. Todos são beneficiados por essas práticas. Como resultado coletivo temos uma melhoria na qualidade do ar e a diminuição dos índices de emissão de gases do efeito estufa.