Durante nove dias, caminhamos pelo pavilhão da Green Zone na COP 21. Ao lado de pessoas de todas as partes do mundo, acompanhamos uma série de discussões que, a partir de diferentes enfoques, mostraram caminhos possíveis para reduzir emissões, integrar estratégias climáticas no planejamento e construir cidades mais sustentáveis, aptas a liderar o combate às mudanças no clima.
Descobrimos um ambiente onde sustentabilidade é a palavra de ordem, aprendemos sobre o papel chave do planejamento urbano, sobre medidas para melhorar a qualidade do ar, o poder de transformação do Compacto de Prefeitos e as possibilidades de financiamento, acompanhamos o aprendizado das cidades brasileiras e descobrimos os benefícios do trabalho conjunto para vencer os desafios urbanos.
Nesta quarta-feira (9), encerramos nossa participação na COP com um último debate sobre as cidades – mas não menos importante. Na sessão organizada pela Future Cities Catapult, Sir David King, Representante Especial de Mudanças Climáticas do Governo Britânico; Gyorgyi Galik e Jonathan Broderick, da Future Cities Catapult; e Rejane Fernandes, Diretora de Relações Estratégicas & Desenvolvimento do WRI Brasil Cidades Sustentáveis conversaram sobre medidas que as cidades podem adotar para despertar escolhas mais sustentáveis de mobilidade entre a população.
No Reino Unido, pelo menos 60% dos deslocamentos com menos de cinco quilômetros são feitos de carro, assim como várias viagens curtas dentro das cidades. Cenário bastante semelhante vive o Brasil, e, com as frotas de automóveis estimadas a crescer ainda mais nos próximos anos, esse é um ponto essencial para o planejamento das cidades. Tornar o transporte coletivo tanto quanto ou mais atrativo que o carro é uma questão que precisa estar na pauta das cidades se quiserem atingir o desenvolvimento sustentável.
Nosso sistema e nossa cultura precisam de mudanças amplas para que hábitos sustentáveis de mobilidade voltem a ser a primeira opção. “A chegada do carro mudou completamente a maneira como vivemos nas cidades. Hoje o mundo inteiro enfrenta o mesmo problema, que são os congestionamentos. Se prestarmos atenção nas cidades que se desenvolveram antes dos carros, vemos que a forma original de suas ruas foi feita para o deslocamentos das pessoas e não de carros – é isso que precisamos recuperar”, destacou David King.
Tecnologia, inovações, legislação mais forte e investimento em transporte coletivo são elementos fundamentais para a mudança de paradigma de que as cidades precisam. Rejane apresentou o trabalho do WRI Brasil Cidades Sustentáveis e chamou atenção para os bons exemplos brasileiros: Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte, com a implementação de sistemas BRT, renovação da frota e medidas de pedestrianização. “Precisamos fazer o que for possível para melhorar nossas cidades, e isso inclui perceber sobretudo o potencial transformador de dedicar às pessoas o espaço das cidades”, completou a diretora.