
Enquanto as cidades rapidamente se expandem e novos prédios são construídos, é hora de focar na eficiência das edificações. O recentemente ampliado Acelerador de Eficiência em Edificações ajuda as cidades a atingirem esse objetivo. Foto: BORIS G/Flickr
TheCityFix está acompanhando a participação das cidades na COP 21. As áreas urbanas são responsáveis por grande parcela as emissões de gases de efeito estufa, mas são também tremendos agentes de inovação para mitigar as mudanças climáticas. Leia a cobertura completa da Conferência Climática de Paris referente às cidades, edifícios e mobilidade.
Este post foi escrito por Andrew Steer e Naoko Ishii e publicado originalmente no TheCityFix.
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Este ano marca o primeiro Buildings Day da história da conferência anual do clima. Na COP21, em Paris, líderes do mundo todo e de todos os setores lançam uma nova Aliança Global para Edifícios e Construções e discutem como transformar o setor de edificações de modo que ele faça parte, no futuro, de uma economia urbana de baixo carbono.
Em parte, isso se deve à urbanização rápida: acrescentamos 250 mil pessoas às nossas cidades a cada dia. Apenas na Índia, mais da metade dos prédios que existirão em 2030 não existiam em 2010. A menos que deliberemos de modo a projetar, construir e renovar as edificações, poderemos prender nossas cidades a um uso ineficiente de energia por décadas. O desperdício de energia nas construções sobrecarrega os cidadãos com contas de luz mais altas, poluição do ar e emissões de carbono.
E qual o desafio? Devemos agir agora, ainda que muitos países não tenham se focado no desperdício de energia nas edificações. Uma análise da eficiência das construções nos planos climáticos nacionais (conhecidos como INDCs) mostra que menos de 50 países forneceram detalhes sobre como lidam com a eficiência energética. É hora de voltar nossa atenção não apenas para questões importantes como o fornecimento de energia, mas também para a necessidade, igualmente crítica, de assegurar que cada quilowatt entregue é consumido de maneira eficiente. Desperdício de energia em construções é algo que nenhum país e nenhuma cidade pode sustentar.
A Agência Internacional de Energia estima que 220 bilhões de dólares a mais serão necessários em 2020, um aumento de quase 50% em relação ao investimento em eficiência energética nas construções em 2014.
A boa notícia? Nós temos opções. Tecnologias e práticas comerciais disponíveis atualmente podem alterar nossa trajetória de emissões.
Uma mudança global em eficiência nas construções requer ação local e uma ampla coalizão entre reguladores municipais, empresas e instituições financeiras. De Bogotá a Bangcoc, as cidades estão prontas para seguir em frente. A mais recente análise do Conselho Internacional para Iniciativas Ambientais Locais (ICLEI, na sigla e inglês) sobre os compromissos assumidos por 608 jurisdições subnacionais no carbonn® Climate Registry descobriu que nem metade dos 1.293 pontos são apoiados por ações no setor da construção. Para acelerar e escalar as ações, as cidades estão em busca de apoio técnico, procurando por assessores de confiança e trabalhando com o setor privado para entregar a mudança.
Em apoio a esse tema, o Fundo Global para o Meio Ambiente, em parceria com o World Resources Institute (WRI) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP, na sigla em inglês), anunciaram a expansão do Acelerador de Eficiência em Edificações (Building Efficiency Accelerator – BEA). Esse compromisso de novos investimentos vai catalisar um aumento na eficiência energética de construções em cidades de países em desenvolvimento.
O BEA está trabalhando em parceria com a Sustainable Energy for All, plataforma de eficiência energética da ONU, e a Aliança Global para Edifícios e Construções. Serão envolvidas 50 cidades nas questões de implementação das políticas, o mais importante código de construção, mas também em desenvolvimento de projetos, rastreamento e monitoramento da eficiência.
Do total, seis cidades trabalharão com a parceria em um processo mais intensivo, entre diversas partes interessadas, para ajudar a alinhar políticas e mercados. As intervenções se focarão em códigos e padrões, alvos, certificações, mecanismos financeiros, lideranças governamentais, análise de concorrência e divulgação.
Cada uma das 30 cidades que se unir ao Acelerador de Eficiência em Edificações irá:
1) Comprometer-se em implementar uma nova política ou atualizar as existentes;
2) Realizar um projeto como retrofits ou construção de novos edifícios eficientes;
3) Mensurar e comunicar os progressos em relação aos objetivos de energia e clima.
Miguel Angel Mancera, prefeito da Cidade do México, por exemplo, anunciou no Building Day que está avançando para integrar a performance de energia nas construções aos códigos locais, modernizando hospitais com aquecimento solar para água e medidores de eficiência, além de auditorias e modernizações em prédios municipais. Mais de 100 interessados participaram de workshops e grupos de trabalho do WRI Ross Centro para Cidades Sustentáveis, a fim de fornecer ideias e recomendações para implementar códigos locais e retrofits avançados. O objetivo? Ajudá-los a encontrar objetivos climáticos ambiciosos e melhorar a performance e a competitividade da cidade.
Estamos orgulhosos que essas atividades apoiarão a nova Aliança Global para Edifícios e Construções enquanto colocamos uma luz no potencial para uma mudança real, que pode ajudar a melhorar as construções e a vida das pessoas nas cidades do mundo.
A forma como planejamos e projetamos nossas cidades no futuro pode causar grande impacto. Essa é uma razão importante para que o Fundo Global para o Meio Ambiente tenha lançado um projeto de 1,5 bilhão de dólares para apoiar o planejamento das cidades, inicialmente em 23 cidades de 11 países em desenvolvimento.
Com o aumento das nossas cidades, devemos agir agora para criar uma cultura de eficiência urbana ao redor do mundo.