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Fotografias espaciais mostram o lado prejudicial da iluminação nas cidades

Dentro de uma lógica binária, a escuridão pode representar aspectos negativos enquanto a luz, boa moça, é acolhedora, aprazível, o lado bom. Um termo que causa intervenção a isso é a poluição luminosa, e vem a reforçar a ideia de que lógicas binárias não deveriam sair do campo de codificação da informática.

O lado iluminado da força

O excesso de luz artificial emitida por anúncios publicitários e iluminação pública dos centros urbanos é o que causa a poluição luminosa. Se comparada a outros tipos de poluição, a luminosidade é menos nociva, e facilmente remediada, como mostra a ilustração abaixo. Ainda assim, a iluminação excessiva afeta ciclos migratórios, alimentares e reprodutivos de diversas espécies de animais, inclusive a humana.

O excesso de luminosidade causa mudanças no sono e confunde nosso ritmo circadiano, que é o período de 24 horas sobre o qual se baseia o ciclo biológico de praticamente todos os seres vivos. Nós, humanos, sentimos mais claramente a alteração no ritmo circadiano quando viajamos de avião entre zonas com diferentes fusos horários. Esse ciclo é responsável por nossos padrões de sono, temperatura corporal e produção de hormônios. A alteração dele pode causar distúrbios de sono, depressão, obesidade e transtornos de humor.

Quando o LED e as ruas se conheceram, as coisas ficaram intensas. O resultado do encontro foi a proibição de lâmpadas incandescentes por toda a Europa, pois a mudança total para iluminação LED reduz o consumo energético para iluminação a nível mundial em 40%, e evita a liberação para a atmosfera de 670 milhões de toneladas anuais de dióxido de carbono.

No Brasil, primeiro, em 2012, proibiram a fabricação e a importação das lâmpadas incandescentes de até 150 watts. Depois, em 2013, das de 61 a 150 watts; e, agora, proibiram entre 41 e 60 watts. Em 2015, é a vez das lâmpadas de 25 a 40 watts e, em 2016, das demais.

Os impactos benéficos da mudança estão claros, mas permaneço teimoso em relação ao pensamento binário. Veja o vídeo abaixo do fotógrafo e astrônomo Mark Gee para a Semana Internacional do Céu Escuro de 2014, e tire algumas conclusões por si.

Sorria, um astronauta pode estar fotografando você

Além de mexer com nossos relógios internos, os LEDs aumentam a poluição luminosa por serem luzes mais frias e potentes. Astronautas começaram a fotografar o globo terrestre do espaço e disso nasceu o projeto cientifico chamado Cities at Night. A intenção é criar uma plataforma semelhante ao Google Maps, mas com fotografias noturnas. O projeto está no KickStarter buscando ser viabilizado através do financiamento coletivo.

A diferença das cidades tomadas por LEDs e antes do surgimento deles é nítida. As equipes espaciais afirmam  que algumas são tão gritantes que podem ser vistas a olho nu, sem aparelho algum.

O site TechInsider separou alguma das imagens registradas pelo projeto e elaborou animações contrastando antes e depois das cidades trocarem suas luzes.

Milão

Los Angeles

 

 

Nova York não está nas fotos, mas, recentemente se propôs a mudar todas as suas 250 mil luzes das ruas por LEDs. O projeto é ostentado como o maior deste tipo no país. Uma reportagem do The New York Times aponta como os moradores do Brooklyn reclamaram sobre as luzes brancas que invadem suas casas e olhos, resultando em muitas noites sem dormir.

(Foto: Unsplash/Pixabay)

A próxima vez que sair do banheiro, da cozinha, do quarto da sua casa ou de qualquer outro lugar, lembre-se de apertar o interruptor. “Iluminar apenas o que for preciso e apenas durante o tempo que for necessário” é a regra geral da apostila preparada pelo Laboratório nacional de Astrofísica que dá mais informações sobre a poluição luminosa e como combatê-la.

 

 

 

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