
Belo Horizonte, Minas Gerais, transformou a cara do centro após implantação do BRT Move. (Foto: Luísa Zottis/WRI Brasil | EMBARQ Brasil)
Quando a infraestrutura do transporte sustentável transcende a função essencial de carregar pessoas de ponto a outro e passa a intervir no ambiente ao seu redor, deixa um legado para as cidades.
Os corredores de ônibus do Move, sistema BRT (Bus Rapid Transit) de Belo Horizonte, refletem esse ideal. Eles revitalizaram o centro, importante área onde as atividades econômica e social fervilham e milhares de pessoas passam diariamente. Antes uma via para carros, hoje um passeio público com espaço para, além do ônibus, pedestres e ciclistas. Trabalho que conquistou um prêmio internacional em mobilidade sustentável.
Líder dessa transformação, o prefeito Marcio Lacerda vai compartilhar sua experiência no próximo mês, no Rio de Janeiro. Lacerda ministra a palestra magna “O legado das cidades brasileiras”, no dia 10 de setembro, no Congresso Internacional Cidades & Transportes. As inscrições estão abertas.
Belo Horizonte, fundada em 1897, é fascinante não somente pela população acolhedora, pela gastronomia saborosa ou pelas obras arquitetônicas. A história de seu planejamento urbano diz muito sobre como a cidade foi moldada até aqui. Imagine que, ao completar seu primeiro centenário, a estimativa era atingir uma população de 100 mil habitantes; nesse meio tempo passou a abrigar as atuais 2,5 milhões de pessoas. Veja abaixo:

Expansão urbana em Belo Horizonte. À esquerda, a previsão de 100 mil habitantes em cem anos; à direita, a realidade urbana. (Divulgação)
Uma projeção equivocada anunciava a urgência em planejar. Entre 2003 e 2010, mesmo antes de sancionada a Política Nacional de Mobilidade Urbana, Belo Horizonte elaborou o Plano de Mobilidade Urbana, documento norteador das ações em transporte coletivo, individual e não motorizado para atender as necessidades da população. Ele foi instituído em 2013.
Na empreitada para garantir mais qualidade de vida às pessoas com a mobilidade urbana, Belo Horizonte não está sozinha. Conta com apoio internacional de organizações e cidades líderes em mobilidade urbana sustentável.
Com o BRT MOVE, o WRI Brasil | EMBARQ Brasil apoiou a cidade com uma série de projetos, incluindo auditorias de segurança viária, alinhamentos estratégicos, preparação para o lançamento do BRT, entre outros.
A rede SOLUTIONS, da União Europeia, conectou BH a exemplos do mundo todo e, em especial, a alemã Bremen, parceira direta da capital mineira no projeto. Intercâmbios entre as duas cidades e workshops marcam a parceria que está munindo a gestão mineira com conhecimento e experiência a ser aplicada à realidade local.
Outra aliada da cidade é a Embaixada Britânica. No último mês de junho, representantes de Belo Horizonte se uniram ao Ministério das Cidades e de outros governos municipais e metropolitanos numa missão técnica para conhecer os bastidores da gestão urbana britânica. No roteiro, Londres, Cambridge e Milton Keynes, onde os participantes viram de perto o gerenciamento do sistema de transportes (veja aqui).
Na semana passada, a britânica Future Cities Catapult levou um workshop à cidade para tratar de mobilidade urbana, plano diretor, acessibilidade e soluções urbanas britânicas. E, na sexta-feira, um workshop sobre acessibilidade trará especialistas europeus para falar sobre acessibilidade na mobilidade urbana, em realização conjunta entre o WRI Brasil | EMBARQ Brasil, BHTRANS e Embaixada Britânica.
Certamente, nenhuma cidade é perfeita, assim como nenhuma obra ou proposta são definitivas para solucionar os problemas complexos que assolam os municípios do Brasil e de todo o mundo. Contudo, planejamento, execução e visão de futuro, bem como parceiros estratégicos, fazem parte do caminho na busca por um bom legado urbano.