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Três cidades desenhadas para o movimento

O Brasil está parando, e não estamos falando em economia. Um relatório da Nike descobriu que as crianças brasileiras são as mais sedentárias da América Latina, índice que anuncia uma geração com menos saúde, expectativa de vida e capital humano – o conjunto de fatores que leva ao sucesso pessoal.

Por isso, a Nike e a Clinton Foundation, ao lado de organizações parceiras – incluindo o WRI Brasil | EMBARQ Brasil (produtor desde blog) assumiu, em dezembro de 2013, um compromisso de 16 milhões de dólares por três anos no intuito de desenvolver iniciativas para tornar os pequenos mais ativos.

Recentemente, a iniciativa lançou o guia “Designed to move: active cities”, com lições, exemplos e fontes de pesquisa sobre como as cidades podem criar um ambiente propício à inserção da atividade física no cotidiano das pessoas, nos afazeres diários, de forma natural. Uma das grandes morais que o documento traz é a seguinte: as cidades podem se valer daquilo que de mais valor têm – o espaço urbano. O documento é incisivo ao lembrar que nossos corpos foram desenhados para se mover. Nossas cidades também deveriam ser.

As estratégias trazidas no guia são as seguintes:

– Priorizar a atividade física como solução

– Utilizar os recursos já existentes em recursos ativos

– Projetar o espaço para que as pessoas sejam ativas

– Construir um legado de movimento

A boa notícia: não são conceitos totalmente novos

Já existem bons exemplos no mundo inteiro de cidades desenhadas para favorecer a prática da atividade física. Nenhuma delas é perfeita, mas estão desenvolvendo soluções para que seus habitantes se movimentem mais e tenham mais qualidade de vida. O relatório traz cidades do mundo todo, mas separamos três delas da América Latina. Confira:

Rio de Janeiro

Parque Madureira: espaço público de qualidade incentiva pessoas mais ativas (Foto: Rafael Soares Pinto/Flickr)

O Rio de Janeiro vem se posicionando como um bom exemplo global em tornar suas ruas mais favoráveis à atividade física no cotidiano. Em preparação para receber o maior evento esportivo do mundo, os Jogos Olímpicos, a cidade está se recriando. Sistemas de transportes integrados, melhoria do espaço público, novos parques, orla fechada aos domingos, ciclovias e bicicletas compartilhadas fazem parte do processo.

O novo Parque Madureira, por exemplo é frequentado por 25 mil pessoas diariamente. São crianças e adultos desfrutando de um espaço de lazer e  infraestrutura para transporte sustentável, como o sistema BRT, com 93% de satisfação, e o compartilhamento de bicicleta, com 5 mil viagens diárias. São exemplos de sucesso indicados no relatório da Nike em como tornar as pessoas mais ativas.

Medellín

(Foto: Iván Erre Jota/Flickr)

Medellín era uma cidade marcada pela violência e pelo tráfico até 2003, quando o prefeito Sergio Farjado assumiu o governo e, até 2007, teve como uma de suas missões revitalizar os espaços públicos até então negligenciados e depredados da cidade. Com as transformações, não apenas áreas de lazer foram criados, mas mecanismos para tornar as pessoas mais ativas. Hoje, a atual gestão está comprometida em investir em espaços públicos de qualidade.

A cidade colombiana criou 1,6 milhões de m² de novos parques, incluindo 25 parques e 11  passeios públicos. Os parques com bibliotecas da cidade são utilizados por 7,5 mil pessoas diariamente; 60 mil passageiros foram transportados pelo corredor BRT (Bus Rapid Transit) em 2011; desde 1991, o índice de assassinatos caiu 80%.

Buenos Aires

(Foto: Divulgação)

Há cinco anos, a capital da Argentina não tinha sistema BRT (Bus Rapid Transit), possuía somente duas ruas para pedestres e havia poucos ciclistas pedalando na cidade. Novos investimentos em infraestrutura para o transporte sustentável estimularam novas mudanças na forma como os cidadãos locais se moviam.

O congestionamento pesado e a infraestrutura prioritária ao carro estavam prejudicando 60% dos cidadãos. Com medidas de restrição ao automóvel e o favorecimento do transporte sustentável, como a implantação de 25 a 30 km de ciclovias por ano, área central conseguiu reduzir o tráfego em 80% entre 2009 e 2014, e 50% das ruas têm prioridade ao ciclista. As viagens de bicicleta aumentaram em 7 vezes no mesmo período, e, além disso, a popularidade do modal gerou a criação de novos negócios locais voltados à bicicleta e acessórios.

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