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Um dia comum na Holanda tem 5 milhões de pessoas pedalando!

(Foto: Marc van Woudenberg/Flickr)

Não é novidade para ninguém que a Holanda (e não só Amsterdã, que na verdade é uma das cidades com menos bicicletas do país) é provavelmente o país mais ciclável do mundo, ao lado da Dinamarca. Sem dúvida, existem inúmeras cidades mundo afora que têm mais ciclistas que esses dois países, proporcionalmente, mas aqui o objetivo é mostrar alguns dos impressionantes dados holandeses.

Abaixo, apresento alguns dados, mas antes é bom deixar claro que os holandeses são altamente orgulhosos de suas infraestruturas cicláveis que dão ‘inveja’ em pessoas que usam a bicicleta como meio de transporte em outros lugares. Entretanto, não são apenas os quilômetros de ciclovias, ciclofaixas, zonas compartilhadas, a quantidade de pontes ou paraciclos implementados que impressionam. Para mim, são os dados relativos aos deslocamentos diários por bicicleta que espantam, impressionam e, de fato, causam, à primeira vista, um legítimo “puts!”.

Comecemos um dia de trabalho qualquer na Holanda.

8h 750 mil deslocamentos são feitos para, majoritariamente, ir ao trabalho.

8h30min A maior parte das crianças vai para a aula de bicicleta e isso implica 1,2 milhão de deslocamentos a mais feitos de bicicleta. Imagine as cenas… ilustro abaixo.

9h As pessoas que trabalham até mais tarde chegaram ao trabalho e, junto às crianças e quem saiu mais cedo, somam 2,5 milhões de deslocamentos já feitos.

Meio-dia Por algumas razões (praticidade, velocidade, logística urbana, ida ao médico, à padaria, à prefeitura resolver burocracias etc), a bicicleta é muito utilizada entre os horários de pico. Nesse caso, das 9h ao meio-dia. Agora, somam-se mais 2,5 milhões de deslocamentos. Chegamos a nada menos que 5 milhões, então. Calma… tem mais.

13h Mais 1,5 milhão de deslocamentos são feitos pelos estudantes para voltar das escolas e almoçar em casa. Chegamos a 6,5 milhões, na metade do dia.

14h Nesse instante, mais 1,2 milhão de deslocamentos estão sendo feitos. A razão? As mesmas que levam milhões de pedestres, motociclistas e motoristas às ruas de nossas cidades no Brasil: rotinas, cotidiano, vida urbana.

16h O sino da escola toca e as crianças começam a fazer o caminho de volta para casa, para casa dos amigos, para uma ‘escolinha de esportes’, curso de alemão ou seja lá onde for. Nas duas últimas horas (desde as 14h), mais 2,5 milhões de deslocamentos foram feitos em cima de bicicletas. Ok. Chegamos a mais de 10 milhões, e o dia ainda não acabou.

17h Horário de pico é horário de pico no Brasil, no Japão, na Indonésia e, claro, na Holanda. Pessoas saem do trabalho para fazer compras, ir para casa, cinema, bar, restaurante e para todo canto que nós, meros mortais, vamos. Mais 1,2 milhão de deslocamentos. Não tem fim!

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18h Nesse momento do dia, boa parte das pessoas já está em casa, pela ausência de engarrafamentos de centenas de milhares de carros nos centros urbanos que entravam o transporte coletivo e pela existência de estrutura para ciclistas. Para elas chegarem até lá, mais 1,2 milhão de deslocamentos foram feitos.

Meia-noite Como em todo o mundo, os holandeses têm vida social (e como!). E para isso como para o resto das tarefas eles também usam a bicicleta, a fim de aproveitar os prazeres da noite holandesa. Sábia escolha, convenhamos. Durante as seis horas que passaram entre o fim do expediente (18h) e o início do novo dia (meia-noite), mais 1,75 milhão de deslocamentos foram feitos Holanda afora pela galera que quer curtir a noite.

Equação final

5 milhões de pessoas que resolveram usar a bicicleta nesse dia e, juntas, superaram 14 milhões de deslocamentos diários com a magrela. Isso significa que cada pessoa, inclusive crianças (!) e idosos, fez quase três deslocamentos ao longo do dia com a bicicleta.

17 milhões de pessoas moram na Holanda.

Se aplicássemos a equação ao Brasil, seria como se 40 milhões de pessoas usassem a bicicleta diariamente. Chegaremos lá – não em breve, mas em algumas décadas, assim como foi na Holanda.

Bem-vind@ à Holanda!

 

Artigo traduzido e adaptado a partir deste texto. Texto publicado originalmente em Cidades in Comum.

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