
Portland, no estado americano de Oregon, aposta no desenvolvimento de baixo carbono para prosperar e garantir um futuro sustentável e eficiente. (Foto: Ian Sane/Flickr)
Com o passar dos anos, à medida que população e empregos aumentam em Portland (EUA), as emissões de gás carbônico diminuem. Veja o gráfico abaixo:
As curvas divergentes entre população e emprego e emissões não são mera sorte, ou coincidência. Ainda em 1993, Portland foi a primeira cidade norte-americana a desenvolver um plano de ação climática e, de lá para cá, uma série de ações de mitigação conjuntas entre governos, organizações e indivíduos vêm ocorrendo. No horizonte, a meta é reduzir 80% das emissões de gás carbônico até 2050.
Uma cidade assim, alguns podem pensar, não avança. Na verdade, o desenvolvimento de baixo carbono gera um bom desempenho econômico, e investimentos em transporte e eficiência energética poderá economizar 17 trilhões de dólares até 2050. Mais que isso, Portland atrai capital humano e foi eleita uma das melhores cidades para menores de 35 anos; e a 23ª cidade com maior qualidade de vida no mundo, segundo a revista britânica Monocle.
Um dos principais responsáveis por levar a cidade ao caminho sustentável é Sam Adams, prefeito de Portland entre 2009 a 2012 e atual diretor da Iniciativa Climática do World Resources Institute (WRI). No primeiro ano de seu mandato ele aprovou metas ambiciosas, claras e mensuráveis que guiam a cidade pelo caminho de baixo carbono, e ele estará no Brasil para compartilhar sua experiência enquanto líder urbano no dias 9 a 11 de setembro, durante a Cúpula de Prefeitos e o Congresso Internacional Cidades & Transportes (#CTBR2015).
Adams conta, em entrevista ao WRI Brasil | EMBARQ Brasil (produtor deste blog), que para mitigar emissões de gases de efeito estufa (GEE) foi preciso pensar de forma holística e, acima de tudo, engajar cidadãos, organizações e o governo para fazer acontecer. “Por exemplo, com o lixo e os aterros sanitários, fizemos uma grande mudança nos serviços que prestamos em relação à reciclagem e compostagem. Passamos de uma coleta de lixo semanal para uma coleta a cada duas semanas. Este programa, depois de alguns anos, reduziu a quantidade de lixo enviado para os aterros em 34%.”.
Em relação ao transporte, foram implantados 120 km (75 milhas). “Fomos capazes de calcular a redução nas emissões de GEE como resultado do aumento do número de viagens feitas com bicicleta na cidade. Fomos capazes de fornecer meios baratos e mais seguros para as pessoas se locomoverem em Portland. Essas iniciativas realmente trazem benefícios na vida real”, pontua.
No quadro abaixo, é possível conhecer um pouco mais sobre as áreas de atuação de Portland (clique para ampliar):
Dentre as metas do plano relacionadas à reforma urbana e ao transporte, para o ano de 2030 estão incluídas a criação de bairros vibrantes, onde 80% dos residentes possam caminhar e utilizar a bicicleta no dia-a-dia, em atividades não relacionadas ao trabalho e ter acesso seguro e por modais ativos ao transporte coletivo; a redução de 30% na quilometragem por veículo individual em relação a 2008; e o aumento na eficiência dos fretes urbanos em Portland e região metropolitana.
“A percepção de que você tem que escolher entre fazer o bem para o clima e o meio ambiente ou fazer o bem para a economia e o emprego é falsa.”
Sam Adams, ex-prefeito de Portland
O plano e os números de Portland mostram que a saúde econômica e a ambiental de uma cidade podem ser proporcionalmente inversas. Neste link, é possível acessar o sumário do Plano Climático da cidade com gráficos, informações relevantes e estratégias conjuntas que podem ser realizadas para que a cidade atinja um futuro mais limpo.
Lembrando que você pode encontrar Sam Adams em setembro deste ano, no Rio de Janeiro, no Congresso Internacional Cidades & Transportes. Inscreva-se:
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