Após moderar a sessão “A caminho da mobilidade sustentável” no Encontro Anual Metropolis, onde trocou ideias com Rio de Janeiro, Barcelona, Seul, Buenos Aires e Johanesburgo, Daniely Votto do WRI Brasil | EMBARQ Brasil (produtora deste blog) participou de uma visita técnica ao Metrobus, sistema BRT (Bus Rapid Transit) de Buenos Aires.
Diretamente da capital Argentina, ela nos contou sobre os aprendizados na experiência que ocorreu esta quinta-feira, 21/05, sobre o Metrobus e todo a malha de transportes da cidade.
Confira:
1 – O sistema de transporte de Buenos Aires, ao contrário das cidades brasileiras, é administrado pelo governo federal. À cidade compete gerir a infraestrutura, mas não lidar com as empresas de transporte. Por isso, não existe pagamento antecipado no BRT.
2 – A capital tem três milhões de moradores, mas recebe outros três milhões que vêm a estudo, trabalho e outras atividades. Somente dos subúrbios, a cada dia vêm 1,2 milhão de carros.
3 – Segregar o ônibus do trânsito foi a solução encontrada para atender os usuários do transporte coletivo de forma mais ágil. Numa extensão de 3,5m que antes era percorrido em 55 minutos no tráfego misto, agora é feito em apenas 17. Os ônibus têm ainda wifi e sistema de informação.
4 – Os acidentes envolvendo ônibus em Buenos Aires somavam 40 por mês. Agora, com a segregação, são quatro ao ano.
5 – Impactos ambientais: até hoje, 600 mil toneladas de dióxido de carbono deixaram de ser emitidas com o uso do BRT e das bicicletas.
6 – O bike-share é gratuito. Hoje, são 40 estações e 200 bicicletas. Para os próximos dois anos a meta é oferecer 200 estações e mil bikes.
7 – Existem 150 km de ciclovias e, em 2009, 0,4% das viagens eram feitas de bike. Em 2014, o percentual subiu para 3,5%.
8 – Em 2011, um candidato à prefeitura da cidade afirmou que ao ser eleito sua primeira medida seria retirar as ciclovias. A repercussão foi extremamente negativa e ele precisou se retratar uma semana depois.
9 – O governo de Buenos Aires anunciou plano de trens de 850 km de extensão que conectam o subúrbio ao metrô; num investimento de 1.8 bilhão de dólares. O primeiro trecho deve ficar pronto em 4 anos.
10 – Existe um plano chamado Plan Microcentro, que propõe ruas sem carros e, onde a passagem for liberada, a velocidade máxima será de 10 km/h. A ação foi baseada na experiência de Nova York, integrando pintura no chão e conceitos de traffic calming sem meio fio.