
Parque High Line, NYC, foi destino do último compromisso técnico das vencedoras do Concurso 3 Estações, que percorreram o local acompanhadas da Dra. Karen Lee. (Foto: Marcelo Noah)
Durante a última semana, as arquitetas brasileiras vencedoras do Concurso 3 Estações percorreram marcos do planejamento urbano em Nova York e foram recebidas por grandes nomes ligados à área. Uma das lições dessa jornada é que, por lá, a arquitetura e o design urbano são questões de saúde pública, e cada projeto é pensado a fim de criar situações favoráveis ao movimento físico e à integração social das pessoas no meio ambiente nos conceitos do Active Design.
E para fechar a semana de aprendizados técnicos, nada melhor que uma visita a um dos locais que mais reforçam esses conceitos: o parque High Line. No quarto e último dia de viagem na companhia da Dra. Karen Lee, consultora especializada em políticas sanitárias e construção de meio ambientes urbanos, e que participou das principais ações do setor de saúde como diretora de meio ambiente da gestão do ex-prefeito Michael Bloomberg.
Juntas, as brasileiras em visita à Nova York e a Dra. Lee percorreram os 2,33 km de extensão do parque linear suspenso, construído sobre os trilhos de uma linha desativada da malha ferroviária da cidade. Recebendo um número cada vez maior de visitantes, somente em 2014 foram mais de 5 milhões de pessoas percorrendo o sinuoso e intrigante caminho que o parque traça por entre os prédios do Lower West Side de Manhattan.
Para a Dra. Lee, três são as premissas para uma cidade saudável: bem estar físico, social e mental. Na criação de uma cidade saudável, tais condições devem atuar em sincronia na luta contra epidemias típicas da contemporaneidade como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares.

Dra. Karen Lee (2ª da esquerda para direita) acompanha grupo brasileiro em visita técnica ao High Line. (Foto: Marcelo Noah)
O High Line pode ser entendido como uma fissura na densidade opressiva de prédios e vias para automóveis, um trajeto onde a caminhada e o contato com outras pessoas venha como uma válvula de escape à pressão urbana. Para o grupo de arquitetas que estiveram representando os grupos vencedores do Concurso 3 Estações, foi o desfecho de uma semana intensa de aprendizados em imersão pela paisagem e os conceitos que guiam o desenvolvimento urbano de Nova York.
Com a palavra, as vencedoras do Concurso 3 Estações
Fabiane Sakai, ganhadora pela estação Santo Amaro, viu os encontros com interesse, e pontua: “o mais legal foi entender o que está por trás desse processo a partir da visão de quem faz a cidade, e para quem assiste isso de longe fica difícil de saber como que as coisas acontecem de fato”.
Já Fernanda Mercês e Carolina Guido – representantes do grupo Urbi e vencedoras do projeto referente à estação Berrini – ressaltaram o interesse no levantamento de dados e no monitoramento das transformações urbanas implementadas pelos arquitetos e designers americanos, diz Carolina: “temos nossa visão de arquitetura e urbanismo no Brasil, mas para nós o que fica desses encontros é a clareza e objetividade com que os profissionais estrangeiros lidam com a informação. É preciso que seja simples e didático de se apreender.”
Para Camila Paim – da equipe vencedora da estação Vila Olímpia – “o mais marcante foi confirmar novamente algo que nós já sabemos, mas ainda é tão difícil de fazer acontecer no Brasil, que é mostrar que as cidades precisam ser transformadas cada vez mais tendo como protagonista o pedestre.” Seguindo a fala da colega, Alessandra Mimura – também da equipe vencedora da estação Vila Olímpia – reflete: “Mais do que imaginar grandes obras de caráter definitivo, aprendemos aqui que ações de rápida implementação e baixos custos, ainda que provisórias, são capazes de operar uma mudança ainda mais radical do que a transformação do mero espaço físico de uma cidade, mais importante ainda elas operam na opinião pública e transformam o entendimento da população desses lugares”.
Indagadas antes de embarcarem de volta para suas casas sobre o legado do prêmio em suas visões profissionais, Camila Paim resumiu assim a viagem:
“Daqui a gente leva uma visão mais real de como que as coisas aconteceram para essas pessoas e, oxalá, um caminho e uma luz do que a gente pode fazer em São Paulo e outras cidades pelo Brasil”.
O Concurso 3 Estações foi realizado pelo WRI Brasil | EMBARQ Brasil e USP Cidades, com patrocínio da Caterpillar e apoio da Plataforma Conexões do Rio Pinheiros.