
Novas composições do Trnesurb, como esta da foto, operam de forma experimental das 5h às 20h. Empresa está em processo de aquisição de 15 novos trens que beneficiarão 175 mil passageiros por dia. (Foto: divulgação Trensurb)
Quem vive na região metropolitana de Porto Alegre ou no Vale dos Sinos certamente está familiarizado ao Trensurb. Pra quem não conhece, o trem de passageiros conecta seis cidades em pouco mais de 50 minutos, parando em 22 estações. Apesar de ser uma viagem prática principalmente nas horas-pico, por evitar os congestionamentos da BR116, o serviço tem suas deficiências. No verão, por exemplo, é difícil encontrar algum conforto, pois o sistema de ventilação do trem, bem como suas poucas janelas, não é suficiente para aliviar o calor.
Mas a viagem não será a mesma. Pelo menos para poucos passageiros que tiverem a sorte de embarcar numa das três novas composições que já operam em regime experimental, das 5h às 20h, desde o último mês. Ao todo, a companhia já recebeu nove, mas adquiriu 15 novos trens pelo consórcio FrotaPoa.
Os trens são mais modernos e eficientes. O gasto energético é cerca de 30% inferior aos antigos. Possuem ar condicionado automatizado, comunicação multimídia, iluminação interna com LED, sistemas de autodiagnóstico e monitoramento de falhas. A capacidade também pode dobrar graças ao sistema de acoplamento de carros às composições.
A frota atual é de 25 composições, cada uma com quatro carros, que comportam ao todo 228 pessoas sentadas e 853 em pé, totalizando 1.081 passageiros considerando 5,4 pessoas em pé por m². Em cada sentido das linhas bidirecionais, a capacidade é de 20 composições por hora.

Interior dos trens atuais. Sistema de ventilação no teto do veículo é insuficiente, assim como as janelas que quase nunca estão totalmente abertas. (Foto: PacGov/Flickr)
Oferecer um serviço de qualidade é um fator essencial a ser considerado pela Trensurb, principalmente porque o transporte coletivo concorre com duas importantes rodovias que ligam as mesmas regiões: a BR-116 e a BR-448, conhecida como Rodovia do Parque, inaugurada em dezembro passado. Desde que foi aberta, BR-448 tem se mostrado um caminho vantajoso a quem escolhe ir de carro, pois cortou o tempo de deslocamento na primeira rota (BR-116) pela metade no sentido interior-capital, distribuindo o volume de veículos, mas agravando os congestionamentos nos acessos da capital.
Para incentivar o uso do transporte coletivo, nada mais justo do que oferecer um serviço que supere o carro em diversos indicadores.
O fator econômico é comprovadamente vantajoso no trem. O passe unitário custa R$1,70, mas quando integrado ao ônibus pode representar economia ao usuário, conforme a tabela tarifária. Os cartões do transporte coletivo de várias regiões se integram ao trem, facilitando o pagamento. Ao ir de carro, quem vai ao centro da capital, por exemplo, paga a diária de estacionamento que pode variar de R$ 10 a R$ 30, fora a gasolina. O tempo também é importante. Andar de trem é rápido e fácil, principalmente para acessar a capital, já que ele vai até o coração de Porto Alegre em pouco mais de 50 minutos partindo de Novo Hamburgo. Se considerarmos a cidade de Canoas, por exemplo, a viagem dura no máximo 20 minutos. Nesse meio tempo, dá tempo de ler um livro, estudar e papear no Whatsapp.
A Trensurb tem desafios a superar para garantir qualidade e agilizar a implantação integral dos novos trens – a frota atual não era renovada desde 1984, quando chegou a Porto Alegre. Mas está nos trilhos para que essa viagem seja mais eficiente e agradável.