A cidade de São Paulo tem 11,4 milhões de habitantes.
Todos os dias são realizadas 26 milhões* viagens motorizadas na capital paulista, sendo 64% delas de carro. A frota de automóveis passa dos sete milhões em São Paulo, onde mais de metade da população utiliza o transporte coletivo diariamente.
O espaço viário é outro problema: nos horários de pico, o espaço das ruas paulistas é ocupado majoritariamente por carros: 78,5%, com média de 1,4 pessoa por veículo. As motos respondem por 7,5%. Aos ônibus de linha, que levam a maioria da população, sobram míseros 0,6% do espaço.
Em poucas décadas, o automóvel passou de símbolo de liberdade e independência a vilão do trânsito, e este, por sua vez, parou. Como lidar com esses problemas e organizar o transporte urbano de forma mais ordenada e justa?
São Paulo começou com o essencial: priorizar o transporte coletivo. Gradualmente, a maior cidade da América Latina vem implantando corredores e faixas exclusivas para os ônibus. Até agora, são 119 km de corredores e 320 km de faixas exclusivas. E o impacto não foi pequeno:
- 3 milhões de usuários do transporte coletivo foram beneficiados com economia de tempo;
- Ganho individual de 38 minutos por dia;
- Ganho geral de 1,9 milhões de horas por dia;
- O sistema de ônibus recebeu 20 mil novos usuários;
- Com as faixas exclusivas, a velocidade média dos ônibus sofreu um aumento de 45,8%, passando de 14 km/h para 20,7 km/h.

Faixa exclusiva prioriza usuários do transporte coletivo por ônibus em São Paulo. (Foto: Blog Meu Transporte)
O custo total de implantação das faixas foi de 15 milhões reais, o equivalente a 50 mil reais por quilômetro, e, segundo dados do IBOPE de 2013, a medida foi aprovada por 93% dos paulistanos. A lógica é simples: quanto mais qualidade para o transporte coletivo – começando por uma divisão mais igualitária do espaço das vias – mais pessoas vão repensar o uso do carro.
Mas não é só isso. Melhorar a mobilidade urbana de uma cidade grande como São Paulo passa também por mudar a estrutura de funcionamento dessa mobilidade. Grande parte dos deslocamentos feitos em uma cidade são realizados em função da distância entre o local de trabalho e o lugar onde se mora. Por isso, o plano de São Paulo para melhorar a mobilidade envolve ainda levar o trabalho para perto de casa, criando empregos em áreas periféricas e reestruturando a divisão das linhas de ônibus na área urbana.
Será que as políticas públicas em prol da mobilidade urbana sustentável e da coletividade passarão a ser prioridade na capital paulista, ainda tomada por carros, congestionamentos e poluição? Esperamos que a mudança de hábitos ajude a construir o futuro de uma cidade mais humana e segura para as pessoas.
*Os dados deste texto são da Companhia de Engenharia do Tráfego (CET), CPTM, METRO e São Paulo em Movimento.
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