Post originalmente publicado por Rachel Jaffe e Chelsea Zhou no TheCityFix.

O metrô de Hong Kong tem um serviço de alta qualidade, fator importante para tornar o transporte sustentável o caminho a percorrer para os residentes urbanos. (Foto: Lileepod / Flickr)
Os planejadores de transportes e urbanistas passam grande parte do tempo pensando sobre a distância entre estações, tarifas de preço justo e componentes-chave para que sistemas de transporte sustentável funcionem direito. Às vezes, no entanto, eles se esquecem de pequenos detalhes que fazem com que o transporte funcione bem. Contudo, são justamente esses “mínimos” detalhes que contribuem para a experiência e percepção das pessoas sobre transporte sustentável e definem a probabilidade de ele voltar a usá-lo. Num vídeo recente criado pela rede SPH Razor, de Singapura, o anfitrião Low Yi Qian foi a Hong Kong para mostrar o quão surpreendentemente agradável é o sistema visivelmente lotado de metrô da cidade – o que é uma façanha, considerando que 90% das viagens são realizadas por transporte de massa, uma média de 5 milhões de viagens nos dias úteis.
A chave para o sucesso do metrô de Hong Kong começa com o Octopus card, um cartão que, além do metrô, também pode ser utilizado em lojas de conveniência e em máquinas de venda automática. Ele integra todos os modais de transporte da cidade, facilitando a experiência dos usuários ao invés de obriga-los a lembrar de cada passagem para os inumeráveis modais de transporte. Uma vez que as pessoas podem utilizar o Octopus card também nos supermercados e em muitos restaurantes, ter um cartão contribui para a facilidade para acessar o sistema e o torna parte da rotina diária dos moradores.
Além disso, há aspectos básicos do metrô que contribuem para a escolha do usuário de transporte público, como o fato de que ele é quase 24 horas, funcionando das 5h30 a 1h diariamente, 99% das viagens ocorrem no horário previsto, e os trens passam a todo minuto. Pense no porquê de muitas pessoas ainda utilizarem o carro – a flexibilidade e ter o transporte na hora que quiser estão no topo da lista. Pelo fato de o metrô em Hong Kong funcionar exatas 19 horas por dia, a preocupação da falta de transporte tende a acabar.
Também há outros minúsculos detalhes no design das estações do metrô que impactam sobre como os usuários o utilizam. Internet gratuita, corredores largos e boa sinalização para uma viagem rápida e eficaz quando eles precisam. Funcionários para organizar o embarque e desembarque e controlar o fluxo de gente. Se o processo não for bem projetado, as estações poderiam facilmente ser superlotadas de passageiros constantemente perdidos e frustrados. Nesse quesito, o metrô de Hong Kong consegue facilmente equilibrar a demanda por um transporte limpo, seguro e eficiente.
Lembrando que esse sistema pode não ser apropriado para todas as cidades – ele foi projetado para uma cidade com potencial financeiro para investir em um sistema caro e de alta densidade. No entanto, como muitos países estão em rápida urbanização, os líderes municipais e planejadores que compreendem tanto os pequenos detalhes que melhoram a experiência do usuário quanto os padrões de larga escala de desenvolvimento ao redor dos modais de transporte podem ajudar cidades emergentes a compreender componentes vitais sobre o que torna um sistema de transporte bem sucedido e ao mesmo tempo agradável.
Para um gostinho sobre como é andar no metrô de Hong Kong, assista ao vídeo: