
Viegas. (Foto: ITF)
O trânsito brasileiro tem números de uma verdadeira guerra civil. Em média, 109 pessoas morrem a cada dia e 1000 ficam feridas nas ruas e estradas do país. Em um ano, são mais de 40 mil mortes e 40 bilhões de reais gastos pelo governo. Mas é possível iniciar agora mesmo uma mudança radical, basta vontade política. Esse foi o chamado de José Viegas, secretário geral do ITF – International Transport Forum, em apresentação, nesta terça-feira (08), durante o 19º Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito, em Brasília.
O especialista destacou as diretrizes da Década de Ação pela Segurança no Trânsito da ONU e o objetivo de reduzir em 50% o número de mortes no trânsito mundial até 2020. Viegas apontou três principais ações para combater este genocídio causado pelo transporte, que atualmente, no Brasil, tira a vida de 40 mil pessoas e custa 40 bilhões de reais aos cofres públicos por ano. São elas: combate ao excesso de velocidade, punição aos motoristas que misturam álcool e direção, e incentivo ao uso do cinto de segurança. (Acesse aqui a apresentação feita pelo especialista)
Acompanhe a entrevista exclusiva de José Viegas ao TheCityFix Brasil:
Qual medida urgente para frear e diminuir o número de mortes no trânsito?
JV – É preciso eleger a segurança viária como prioridade nacional. Se você fizer isso, em seguida consegue outros resultados. Mas para isso é necessário um forte consenso da classe política em nível estadual, federal e urbana de que este é um drama que afeta a todos. Se conseguir isso, pode ter certeza que logo haverão recursos, mobilização emocional. Há estudos muito completos que indicam as ações prioritárias. O importante é elevar esse problema ao nível de prioridade que ele exige.
Qual seria o melhor jeito de sensibilizar os políticos para abraçarem a causa da segurança viária?
JV – Acredito que o melhor é mostrar onde outros países estavam há 10 ou 20 anos, o que fizeram e onde estão hoje. Mostrar que mudaram o panorama porque houve ações concretas e acertadas, ou seja, as boas práticas. </i>
Como evitar medidas contraditórias do governo, como a diminuição de impostos para compra de carros ao mesmo tempo em que deseja cumprir as metas de redução de acidentes da Década de Ação de Segurança no Trânsito?
JV – Isso aconteceu em muitos países. No momento que você elege isso como uma prioridade todas as medidas que possam afetar a segurança viária precisam ser revisadas com este objetivo. Assim você vai ver que algumas decisões tomadas precisam ser revistas. Precisa haver uma verificação sistemática assim como tem nos estudos de impactos ambientais.
Espanha e Portugal são exemplos do que foi possível fazer na última década, ainda antes da Década das Nações Unidas, reduzindo em torno de 60% o número de mortes no trânsito, mesmo com um aumento brutal da venda de automóveis. Isso quer dizer que é possível. Não é só para japoneses ou alemães, os latinos também podem fazer.</i>
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