os conteúdos deste blog agora estão em wribrasil.org

Print Friendly, PDF & Email
Três grandes ideias para transformar o mundo

(Foto: Ana Castaneda)

“A que ponto nossas cidades precisarão chegar para pensarmos num amanhã melhor e mais sustentável?”

Esta é a provocação que o projeto Big Ideas Change The World (do grupo Friends of Earth) lança, como desafio para as cidades, com foco no desenvolvimento nada sustentável com o qual o mundo vem sofrendo nas últimas décadas.

Para contribuir positivamente com a transformação deste cenário, o líder da iniciativa, Mike Childs, lança três ideias que são simples, mas que têm grande potencial para salvar o mundo. Elas foram reproduzidas originalmente em inglês pelo portal ThisBigCity.net. Conheça:

Autonomia

Nós conversamos com o ex-prefeito de Londres, Ken Livingstone, sobre a capacidade das autoridades da cidade para fazer as coisas acontecerem. Ele nos disse que o poder tem sido gradualmente afastado das cidades e governos locais no Reino Unido. No passado, ‘a menos que houvesse uma lei proibitiva, um conselho municipal poderia fazer qualquer coisa que pudesse levantar os fundos para tal ação’.

Livingstone sugeriu que as cidades têm o potencial de realmente provocar uma mudança: “A concentração de oito milhões de pessoas dá a você a chance de fazer grandes melhorias. Você pode gerar energia localmente, e fazê-lo de forma muito eficiente. Você tem uma escala de população, onde tudo pode ser reciclado facilmente’.

(Foto: Pablo Pozo)

Já a professora Harriet Bulkeley e seus colegas da Universidade de Durham argumentam que existem quatro formas de autonomia urbana – duas delas boas, duas ruins.

– as más formas de autonomia:

• Quando o Estado dá poder às cidades mas as privam de recursos, vetando verbas e impedindo-as de crescer sua economia.

• Quando a autonomia é entregue a elites, cortando a voz e influência das classes mais baixas. Harriet cita o programa Delhi’s Bhagidari, que devolveu o poder para residentes de associações de bem estar. Os membros pagam taxas regulares, que possibilitam a melhora nos serviços de gestão de resíduos, segurança e parques. Mas o crescente poder político dessas associações excluiu a voz dos mais pobres que vivem em assentamentos informais sem gestão interna. Da mesma forma, na Inglaterra vitoriana, quando as classes proprietárias governavam, as condições para os mais pobres eram terríveis.

– os bons exemplos, de acordo com a professora:

• autonomia compartilhada: áreas ou grupos têm poder e trabalham juntos para melhorar o bem estar de forma coletiva. Um exemplo é a economia informal criado por catadores de lixo perto de Mumbai. Ao trabalhar em conjunto, com o apoio do município e dos sindicatos, eles transformaram seus meios de subsistência e criaram condições de trabalho muito mais seguras. A favela Slum/Shack Dwellers Initiative estendeu essa abordagem conjunta a nível internacional, compartilhando conhecimento e experiências para conduzir campanhas para uma melhor habitação e serviços. A iniciativa C40, criada por Ken Livingstone, é um terceiro exemplo, com autoridades da cidade partilhando conhecimento e conduzindo os processos de reduções de carbono, mesmo quando falta apoio nacional para isso.

• autonomia distribuída – onde o poder é descentralizado de forma coordenada e, planejada. A professora Bulkeley dá o exemplo do orçamento participativo em Porto Alegre, Brasil, onde a população vota nas prioridades financeiras a serem conduzidas pelo governo. A medida resultou num cenário positivo: a saúde foi priorizada em áreas mais humildes, o número de escolas e creches foi ampliado, e grande parte das famílias tem acesso a sistemas de saneamento básico.

(Foto: Dani Simons)

Compartilhamento

O portal sharable.net mostra que há um crescimento da cultura do compartilhamento em vez do individual. Compartilhar espaço verde, carros e motos, espaço de escritório, ferramentas e até ativos como geração de energia é uma grande oportunidade. Propagar o compartilhamento por meio das plataformas digitais pode possibilitar melhorias significativas na eficiência dos recursos, bem como contribuir com a geração de redes sociais de compartilhamento.

Mas o compartilhamento pode ir além das coisas. Compartilhar finanças através de crowdfunding e de micro finanças também é um movimento que está ganhando visibilidade. E uma boa democracia é baseada em compartilhamento de poder, que aumenta o engajamento das pessoas com suas cidades e nas tomadas de decisão.

(Foto: lets.book)

Envolvimento

O filósofo e educador Paulo Freire disse: “A educação ou funciona como um instrumento para facilitar a integração das gerações na lógica do sistema atual e assimilar conformismo, ou se transforma na prática da liberdade, a maneira de fazer homens e mulheres lidarem criticamente com a realidade e descobrirem como participar na transformação de seu mundo”.

Se as cidades realmente vão se transformar, nós precisamos de cidadãos aptos a participar da formação da cidade. Educação para o envolvimento popular e democrático é a nossa terceira grande ideia.

O projeto Friends of Earth é dedicado a explorar e desenvolver estas ideias. Esperamos que todos se juntem à discussão e contribuam na criação de uma visão de um futuro melhor. Por isso, o projeto líder da iniciativa das três grandes ideias é o Make Childs.

(Foto: Rob Boudon)

Conheça a página oficial do projeto Big Ideas Change The World.

Print Friendly, PDF & Email

One Response to “Três grandes ideias para transformar o mundo”

Add your response