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“Dinamáquina” de urbanismo sustentável chega ao Brasil

Quem tem menos de 35 anos – talvez a grande maioria dos leitores deste blog – não vai lembrar, mas houve um tempo, entre os anos 1980 e 90, em que a Dinamarca ganhava os olhos do mundo com o inesperado talento de sua seleção de futebol, então conhecida como “Dinamáquina”. Curiosamente, esse pacato país nórdico se destaca hoje em dia por um time bem diferente: urbanistas e designers que, em sintonia com os desejos da população local, está provando ser possível transformar cidades de modo que as pessoas – e não as “máquinas motorizadas” – sejam a prioridade. E alguns dos principais expoentes dessa equipe de profissionais estão visitando o Brasil, seja para compartilhar experiências, colher impressões ou iniciar projetos.

É o caso de Sofie Kvis, urbanista e gestora do renomado escritório Gehl Architects, sediado em Copenhague. Juntamente com seus colegas Helle Søholt e David Sim, Sofie está em São Paulo a convite da Secretaria de Planejamento da prefeitura paulistana para elaborar um plano de revitalização do centro da cidade. O trabalho do grupo, segundo publica o blog Cidades para Pessoas, envolve pesquisas, workshops e parcerias locais para formatar propostas de requalificação da região, atualmente degradada após décadas de abandono pelo poder público e êxodo de moradores.

(Foto: John Lord)

O interesse do Gehl Architects, entretanto, não se limita a transformar a área central da capital paulista, revela o blog: o escritório estuda formas de viabilizar projetos em outras cidades da América Latina, razão pela qual a empresa busca diálogos com diversos atores do continente, como bancos de desenvolvimento, empresas do setor imobiliário, políticos, ativistas e acadêmicos, para criar uma rede de projetos e ideias que promovam a qualidade de vida nas cidades latino-americanas. Tudo isso com foco no pedestre, no ciclista e em promover a ocupação mais eficaz e sustentável do espaço público, condições presentes em todos os projetos do escritório.

(Foto: Google Earth)

Mais centrado na mobilidade sobre duas rodas, o dinamarquês nascido no Canadá Mikael Colville-Andersen, porta-voz da consultoria em design urbano Copenhagenize, estará no Rio de Janeiro em setembro. A vinda dele ocorre em um contexto inédito para a capital carioca: a recente proposição de uma malha cicloviária integrada do centro da cidade (Ciclo Rotas) envolvendo uma infraestrutura de 33 quilômetros, entre ciclovias, ciclofaixas e vias compartilhadas, desenhada após ampla pesquisa de campo e participação popular.

Em terras brasileiras a convite da ONG cicloativista carioca Transporte Ativo, que concebeu o projeto cicloviário do centro, Mikael participará de uma rodada da série de debates também intitulada Ciclo Rotas. Os diálogos, que promovem o uso da bicicleta como instrumento de transformação urbana a partir de mobilização cidadã, ocorrem na unidade carioca da rede global de arquitetura e urbanismo Studio-X, fundada pela Universidade de Columbia (EUA).

Vale notar que a consultoria de que Mikael faz parte, criadora do índice Copenhagenize de cidades amigáveis ao uso de bicicletas, classificou o Rio de Janeiro como a 12ª melhor cidade do mundo para se pedalar, de acordo com a edição 2013 do ranking, publicado em abril. Em sua visita, o dinamarquês terá a oportunidade de conhecer melhor o desafio dos ciclistas cariocas, que apesar dos avanços ainda encontram dificuldades em usar a bicicleta de forma segura nos vários momentos de seu dia-a-dia, e não apenas no lazer. A chegada da malha cicloviária ao centro da cidade, local de trabalho de centenas de milhares de habitantes da metrópole, será um passo essencial para que o pedal se torne ferramenta efetiva de mobilidade.

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