Com o objetivo de buscar inspiração e aprofundar conhecimentos técnicos para seus projetos de mobilidade, uma comitiva do Governo Russo está em visita a três capitais brasileiras: São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro. O grupo que compõe a missão – realizada pelo Banco Mundial com apoio da EMBARQ Brasil – é formado por representantes do Ministério de Transportes da Rússia, pesquisadores e secretários municipais de transporte. Acompanhe os detalhes da visita aqui no TheCityFix Brasil!
No segundo dia de visitas em São Paulo, na manhã desta terça-feira (06), a delegação do Governo Russo teve um panorama sobre a forte cultura do automóvel presente no Brasil e, mais especificamente, na capital paulista – onde já existem 7,5 carros particulares em circulação. O grupo foi recebido pelo chefe de Gabinete da SPTrans, Ciro Biderman, que lembrou as raízes do que hoje é considerado um problema crônico.
“O crescimento do carro foi a cultura que mais afetou a forma urbano de todos os tempos. E aqui, na América Latina, adotamos com muita força o ‘carrocentrismo’ dos Estados Unidos”, explica. “Não sou contra o carro. O problema são as chamadas externalidades negativas do uso do automóvel que são extremamente elevadas, com impactos ambientais e econômicos”, esclarece Biderman. Para o especialista, a solução é clara: o foco deve ser “mover pessoas, não veículos”. Para isso é imprescindível que haja investimentos em alternativas ao carro, ou seja, em transporte público e no não-motorizado.
A região metropolitana de São Paulo compreende 39 municípios e tem uma população estimada em 20 milhões de pessoas, sendo que destas, 55% utilizam o transporte coletivo, todos os dias. Para atender a essa demanda, as linhas de ônibus são operadas por empresas privadas, sob a gestão da SPTrans (São Paulo Transporte S.A.). Biderman explica que as pessoas gostam de morar em grandes cidades como São Paulo pelos benefícios sociais, econômicos e culturais que oferecem, porém, quando começamos a perder tempo presos nos congestionamentos, perdemos em qualidade de vida.
“A vantagem social de estar numa grande cidade é estar próximo das coisas, restaurantes, espetáculos, universidades, trabalho, tecnologia e tudo de relevante que acontece. Mas hoje proximidade não é distância, é tempo. Precisamos ter alternativas de mobilidade em uma grande cidade”, esclarece Biderman.
Ônibus é alternativa
De acordo com o especialista, construir metrô, hoje em dia, é muito oneroso, tanto para os cofres públicos quanto para o ambiente urbano. Já o ônibus, quando bem planejado, pode ser uma opção mais viável e eficaz. “Apenas um ônibus tira de circulação, pelo menos, 30 carros. Com os corredores exclusivos, ou o padrão BRT-Bus Rapid Transit – nascido em Curitiba – é possível atingir uma boa eficiência, rapidamente”.
Atualmente, a cidade de São Paulo conta com 120 km de corredores exclusivos para os ônibus, com projetos de expansão das faixas segregadas. Porém, apenas um corredor, o Expresso Tiradentes, apresenta características do sistema rápido desenvolvido em Curitiba, na década de 70. Para conhecer mais sobre o sistema, a delegação russa seguirá, nesta tarde, para uma visita técnica ao Expresso Tiradentes, onde poderá conhecer de perto o BRT paulistano.
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