Com a crescente piora no trânsito das grandes cidades devido a diversos fatores já explorados em posts anteriores, a mobilidade urbana sustentável vem sendo constante foco de debates, principalmente agora em épocas eleitorais. Medidas como a implantação de infraestruturas cicloviárias, bike sharing além de investimentos em transporte público, principalmente BRT (Bus Rapid Transit) e sistemas sobre trilhos estão sendo exaustivamente discutidos. Entretanto, ainda existe uma outra forma de transporte sustentável possível em algumas cidades: o hidroviário.
Recentemente, a travessia Porto Alegre – Guaíba foi retomada. Existente até meados da década de 60, o trajeto foi suspenso quando ocorreu a inauguração da Ponte do Guaíba e houve pressão das concessionárias de automóveis. Reiniciada em outubro de 2011, o percurso apresenta um constante aumento no número de passageiros transportados. Isso ocorre não somente por evitar a congestionada ponte e, dessa forma, ser mais rápida, mas também por ser um meio muito confortável e seguro e que ainda dispõe de integração com a bicicleta ao prover cinco vagas para as magrelas no catamarã.
A travessia fez tanto sucesso que novas rotas vêm sendo planejadas como, por exemplo, a ligação com a zona sul, que será firmada nesta quinta-feira. Mas não é só para deslocamento para o trabalho que a mesma é utilizada, a rota também oferece lindos visuais de Porto Alegre e é quase um passeio obrigatório para o turismo da cidade.
Outros projetos como o “Rios da Gente”, em Recife, e o “Hidroanel Metropolitano de São Paulo” também visam qualificar as cidades através da utilização do transporte hidroviário. O primeiro projeto, já homologado pela prefeitura, pretende transformar a cidade através do rio Capibaribe. A proposta é tornar 13,9 quilômetros dele navegável e, dessa forma, otimizar o deslocamento entre diversos bairros do município ligando-os até a divisa com Olinda.
Já o Hidroanel paulistano é um projeto da Faculdade de Arquitetura da USP que visa, através de uma rede de vias navegáveis como o rio Tietê e Pinheiros, melhorar a mobilidade urbana da maior metrópole da América Latina e auxiliar no transporte de carga que, atualmente, ocorre quase que exclusivamente por meio rodoviário. Numa visão mais ousada, o projeto pretende desenhar uma cidade habitada por pessoas que utilizem os rios como meio de transporte ou fonte de lazer, com piscinas flutuantes, caiaques e até pedalinhos na paisagem.
A retomada de projetos que visam integrar as cidades com suas bacias hidrográficas são de fundamental importância. Por fim, fica o lembrete de que os gestores nunca devem esquecer ou enterrar as fontes de água e, sim, pensar em como utilizá-los da melhor forma para aumentar a qualidade de vida de seus cidadãos, seja através do transporte público ou da criação de locais de convívio, como o conhecido caso de Cheonggyecheon.
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