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Primeiros passos para incentivar o uso da bicicleta nas favelas do Rio

Transporte não motorizado já é utilizado por grande parte dos residentes. (Foto: Mariana Gil / EMBARQ Brasil).

As primeiras ações para a elaboração do guia de inserção de bicicletas nas favelas do Rio, dentro do projeto Morar Carioca, já começaram. A primeira visita a campo foi realizada na manhã desta segunda-feira (09), no Bairro Proletário do Dique, no Jardim América, Zona Norte. Como já comentamos, o grupo técnico desta missão é formado por representantes da Secretaria de Habitação (SMH), EMBARQ Brasil (produtora deste blog), IABAlta Planning. Esta manhã, a equipe teve a oportunidade de conhecer um pouco da realidade de 4 mil famílias que vivem na região e sofrem com a falta de integração com a cidade formal.

O local possui estruturas escassas de saneamento básico, pavimentações e opções de deslocamento. Porém, por ter uma geografia plana, a região beneficia muitos residentes que já usam a bicicleta diariamente para se movimentar tanto dentro como fora da comunidade. “Pelo o que vimos aqui não será difícil estimular o uso da bicicleta na região, pois as pessoas já utilizam muito este meio e o terreno é propício”, afirma Jason Reyes, gerente de Projetos da Alta Planning, escritório que está conduzindo a produção do manual liderado pelo arquiteto-chefe Jeff Olson.

Espaços públicos abandonados. (Foto: Mariana Gil / EMBARQ Brasil)

Há cerca de 12 anos foram realizadas intervenções da prefeitura para qualificar o local por meio de projetos públicos, mas não houve manutenção e hoje o que se vê são espaços abandonados e muito lixo espalhado. A ciclovia construída na época não chegou a ser finalizada e, atualmente, quase não se vê sua marcação.

Mesmo tendo acompanhado algumas tentativas sem sucesso de auxílio à comunidade, o presidente da Associação dos Moradores, Seu Silva, como é conhecido por todos, acredita em mudanças. “A gente aqui tem vocação para persistência, por isso não desistimos nunca de acreditar que as coisas vão melhorar. Estamos vendo que o governo já está realizando muito mais do que antes, mas ainda há muita coisa a fazer”, declara.

Seu Silva, que já está à frente da comunidade há 22 anos, foi o guia do grupo na exploração desta manhã que terminou na ponte Pinguela. A estrutura é uma das principais conexões entre a comunidade e está deteriorada, com cabos oxidados e tábuas soltas. “Brincamos que esta é a ponte ‘Balança-Mas-Não-Cai’, mas é um caso sério”, lembra o líder comunitário.

Ponte é dividida por ciclistas e pedestres.(Foto: Mariana Gil / EMBARQ Brasil)

Vocação para bicicletas

A região do Dique, além de contar com uma geografia propícia para o uso da bicicleta, já possui pelo menos 10 lojas de conserto para o transporte, o que movimenta a economia local de formas direta e indireta. Alberto Francisco, o “Baiano”, é proprietário de uma oficina e vendedor de bicicletas há 12 anos e acredita que o negócio cresceu muito nos últimos tempos.

Grupo com ‘Baiano’, proprietário da loja de bicicletas. (Foto: Mariana Gil / EMBARQ Brasil)

Para ele, se houvesse mais investimentos em infraestrutura as coisas poderiam ser melhores, como ele explica, bem- humorado: “mais ciclovias ajudariam a fazer as pessoas usarem mais bicicletas e eu ganharia mais dinheiro”, diz sorrindo. O mecânico ensinou o ofício à mulher e aos filhos, que auxiliam na venda de bicicletas novas, usadas e nos serviços relacionados.

Já as pessoas que não usam a bicicleta realizam a pé os trajetos até a parada de ônibus mais próxima, que fica fora do perímetro da comunidade, ou pagam o serviço de moto-táxi, que custa R$ 2,50 – quase o preço da tarifa do ônibus urbano da capital carioca, de R$ 2,75.

Saiba mais sobre a produção do guia de inserção de bicicletas nas favelas do Rio.

Reunião para alinhar expectativas

Após a visita ao Bairro Proletário do Dique, na Zona Norte, o grupo técnico seguiu para a sede do Instituto do IAB RJ – Instituto de Arquitetos do Brasil para discutir as percepções da primeira saída a campo. Os arquitetos Jeff Olson e Jason Reyes, da Alta Planning, conduziram as discussões e apresentaram alguns projetos que o escritório liderou, como as implementações de infraestrutura e sistemas de compartilhamento de bicicletas em Nova Iorque, Detroit e Dubai.

Olson e Reyes durante reunião no IAB. (Foto: Mariana Gil / EMBARQ Brasil)

Também foram definidos, junto com representantes da SMH e SMAC, os objetivos do manual de inserção das bicicletas em favelas, possíveis programas, além de desafios em relação a políticas públicas.

Equipe define objetivos para o manual. (Foto: Mariana Gil / EMBARQ Brasil)

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