Há poucos dias falamos sobre a pesquisa inédita da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli), que revela que um quarto da área construída de São Paulo é só para os carros. Com base em dados do mercado imobiliário desde 1930, o estudo aponta que 27% da área do imóvel é dedicada ao automóvel, o que – além de tirar o espaço das pessoas – encarece bastante a propriedade.
Para se ter ideia, hoje, as vagas destinadas aos carros representam 30% do valor total de um imóvel residencial ou comercial. “Vamos supor que um apartamento de 100 metros quadrados custe R$ 700 mil. O comprador está pagando a área privativa, as áreas comuns e mais 50 metros, em média, para o automóvel. Cerca de um terço da área total comprada é estacionamento”, pondera Hamilton França Leite Júnior, administrador de empresas e responsável pela pesquisa.
Hamilton ainda critica a legislação brasileira, que fala apenas de limites mínimos sobre construção de vagas para automóveis em novos empreendimentos, enquanto no exterior a realidade é oposta. “Às vezes, por causa da lei, o empreendedor é obrigado a construir vagas em um local em que ele não precisaria fazê-las, como nas regiões próximas de estações de metrô. No exterior, é comum modernos prédios comerciais sem vagas”, compara.
Soluções
O pesquisador considera o transporte público e o planejamento ocupacional caminhos possíveis para reverter essa realidade de dominação do automóvel. “Quando tivermos um sistema de transporte público de qualidade e uma configuração da cidade em que não precisemos do carro, teremos só benefícios, poderemos nos livrar desse custo adicional. Além disso, se a ocupação fosse mais equilibrada, as pessoas morassem perto do trabalho, precisariam menos do carro. Seria importante concentrar em microrregiões as atividades de trabalho, lazer, habitação, para as pessoas se deslocarem o menos possível”, considera.
Para acessar a pesquisa completa, clique aqui.
Fonte: Poli/USP