Por Paulo Finatto Jr.
Agilidade e baixo custo para se locomover: esse é o desejo dos catarinenses que se deslocam diariamente ao trabalho ou à universidade. Na última semana, o Grupo RBS – em parceria com o Instituto Mapa – apresentou os números da pesquisa realizada para o 1º Fórum de Indicadores de Mobilidade Urbana em Santa Catarina. Com questionários aplicados em dez cidades do estado e mais de quatro mil entrevistados, os especialistas alertaram: os moradores de Florianópolis e de outras cidades precisam deixar mais os seus automóveis na garagem.
Em quase três horas de evento, autoridades e especialistas discutiram os problemas enfrentados pelos catarinenses no trânsito e quais seriam as alternativas mais viáveis para a mobilidade urbana. O debate teve como base os resultados do IMU (Indicador de Mobilidade Urbana), que ficou em 4,8 no estado, em uma escala de zero a dez. A cidade melhor colocada foi Lages, com 5,7, e a pior, Palhoça, com 3,8. A capital Florianópolis ficou com a penúltima colocação: 4,3. Mas o que surpreendeu mesmo os participantes foi a porcentagem de veículos por domicílio: 64% têm carro e 16% têm mais de um.
“O carro é utilizado por ser o meio mais cômodo. No entanto, 82% dos entrevistados revelaram que o deixariam em casa e passariam a usar o ônibus se ele fosse mais rápido, barato e confortável”, explicou o diretor do Instituto Mapa, José Nazareno Vieira, ao jornal Diário Catarinense. Do mesmo modo, o uso da bicicleta também seria uma alternativa viável para a maioria dos catarinenses. Cerca de 70% dos entrevistados afirmaram que utilizaram o meio de transporte se houvesse mais ciclovias nas cidades.
Na opinião do especialista em planejamento urbano Elson Manoel Pereira, os dados agrupados provam que o problema não é difícil de ser solucionado. Porém, é importante que haja vontade política para que o quadro seja modificado. Os participantes do 1º Fórum de Indicadores de Mobilidade Urbana – sem exceção – concordaram que a resposta para a mobilidade está no transporte multimodal: aquele que agrega bom sistema viário e transporte coletivo rápido – como o BRT – às alternativas proporcionadas pela rede de ciclovias.
No Fórum, o professor do Departamento de Economia da Universidade de São Paulo, Ricardo Abramovay, apontou o carro como o vilão da mobilidade urbana por dois fatores. O primeiro leva em conta a emissão de gases poluentes no meio ambiente. O segundo é o tamanho dos automóveis, que são cada vez menores e transportam, na maioria dos casos, apenas uma pessoa. Para ele, ainda há tempo para reverter os problemas enfrentados pelos catarinenses de modo relativamente simples. “Seja elétrica ou não, a bicicleta é a solução perfeita para pequenos deslocamentos, como os que os catarinenses afirmaram percorrer no trajeto casa-trabalho”, afirmou Abramovay.
Fonte: Diário Catarinense