
São Paulo é uma das poucas cidades que já contam com inspeção veicular anual no Brasil (Foto: Iberê Thenório)
No próximo mês, o prazo de 12 meses para apresentar um plano de inspeção veicular para o controle de emissões se esgota. Para dar um empurrãozinho nas cidades que ainda não aderiram, vamos dar uma olhada em alguns números relativos a este grande dilema social.
Números do programa de Inspeção Ambiental de São Paulo em 2010:
Dinheiro
- Fato:
A poluição custa R$ 14 por segundo em gastos com saúde para tratar sequelas respiratórias e cardiovasculares de vítimas da poluição. O custo chega a cerca de R$ 460 milhões no ano.
- Com a inspeção:
Para cada veículo inspecionado, há uma economia equivalente de R$ 533,00 em saúde, ou seja, mais de nove vezes o valor da taxa de inspeção cobrada no ano de 2010 pelo programa. A economia aos cofres públicos com gastos totalizou R$ 68 milhões.
Ambiente
- Fato:
40% do total do material particulado presente na atmosfera é proveniente dos veículos a diesel.
A tecnologia do diesel no Brasil é atrasada: um ônibus daqui polui até 15 vezes mais que os da Europa e EUA.
Além disso, a concentração média diária de material particulado inalável em São Paulo é de 28 microgramas por metro cúbico, 18 a mais que o definido como tolerável pela Organização Mundial da Saúde.
- Com a inspeção:
Redução da emissão de material particulado dos motores a diesel: 7% equivalente à retirada de 20 mil veículos a Diesel das ruas.
Ganho ambiental total equivalente à retirada de um milhão e trezentos mil veículos na cidade em 2010.
Internações hospitalares
- Fato:
A poluição agrava doenças como asma, infarto, acidente vascular cerebral, pneumonia, e câncer de pulmão. É responsável por 13,1 mil internações por ano, com custos de R$ 334 milhões. Crianças de até quatro anos e adultos com mais de 60, com cerca de 5 mil internações cada grupo, são os mais afetados.
Pessoas não-fumantes fumam passivamente cerca de dois ou três cigarros por dia.
- Com a inspeção:
Evitou 289 internações.
Mortes
- Fato:
Cerca de 4.000 pessoas morrem por ano, o equivalente a 11 vidas por dia, em consequência da poluição do ar em São Paulo –mais do que AIDS e tuberculose somadas.
Caso toda a frota a diesel esperada pela inspeção se submetesse ao teste – 240 mil veículos – teriam sido evitadas 498 mortes e 588 internações em 2010.
Mortes provocadas por doenças cardiorrespiratórias “aceleradas” pela poluição na região metropolitana de São Paulo:
– Em 2004: 12 mortes por dia
– Em 2010: 20 mortes por dia
A chance de uma pessoa morrer de doença cardiorrespiratória nos 39 municípios da região é atualmente de 10,9%. Sem as emissões veiculares, cairia para 2,4%.
- Com a inspeção:
Evitou 252 mortes.
Em janeiro, um estudo publicado no New England Journal of Medicin” apontava que a redução da quantidade de partículas poluentes emitidas no ar aumenta a expectativa de vida. Os pesquisadores avaliaram dados populacionais de 51 áreas metropolitanas dos EUA de 1978 a 1982 e de 1997 a 2001 e constataram que o decréscimo de dez microgramas por metro cúbico de partículas poluentes finas estava associado a um aumento médio de sete meses na expectativa de vida.
Os dados presentes na matéria são do SUS 2008, Laboratório de Poluição Atmosférica da Faculdade de Medicina da USP, Organização Mundial da Saúde e Programa Controlar SP.
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