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Bicicletários em São Paulo: Mauá e mais!

Este artigo foi originalmente publicado por Alex Hutchinson, no TheCityFix.com, em 30 de junho de 2011.

São Paulo facilitou a vida dos ciclistas que agora estacionam suas bikes e pegam o trem. (Foto: ASCOBIKE)

Em 2001, Adilson Alcântara, gerente da estação Mauá da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), na região metropolitana de São Paulo, foi confrontado com um desafio: O que fazer com as centenas de bicicletas precariamente acorrentadas a cada espaço livre da estação Mauá? Na época, as rodas impediam a passagem de pedestres e passageiros. A solução: Alcântara desenvolveu o maior bicicletário da América Latina, que disponibiliza estacionamento para cerca de 2.000 usuários por dia, centro de reparos e manutenção, além de serviços sociais, como assessoria jurídica.

O bicicletário Mauá, em parceria com a ASCOBIKE (Associação dos Condutores de Bicicletas de Mauá), começou inicialmente com 200 utilizadores, mas aumentou para cerca de 2.000 usuários por dia. Cerca de 70% dos usuários da ASCOBIKE passaram a utilizar o trem da CPTM,  que se conecta ao sistema de metrô de São Paulo. O programa foi tão bem sucedido que tem sido reproduzido em outros pontos, tanto no CPTM e quanto no metrô, que juntos agora possuem mais de 44 bicicletários, com mais de 10.600 vagas para bikes. Além dos estacionamentos para as magrelas, São Paulo iniciou um programa de compartilhamento de bicicletas públicas em 2009 que, à data de inauguração, ofereceu 150 bicicletas em 15 estações centrais de metrô.

Veja o vídeo abaixo do Streetfilms para mais informações:

Pessoas cadastradas na estação Mauá pagam uma taxa mensal de R$ 10,00 enquanto os não-cadastrados pagam R$ 1,00 por dia. Os registrados recebem benefícios, como descontos em reparos e peças de bicicletas, no entanto, todos os usuários podem acessar os chuveiros e banheiros, estacionamento 24h, locais exclusivos para mulheres e idosos, bombas de pneus, empréstimos de bicicletas durante os reparos, plano de saúde, serviços jurídicos, água gelada e, claro, café quente (este é o Brasil, afinal!) Outros bicicletários que fazem parte do sistema da CPTM e do metrô oferecem o serviço gratuito, exigindo apenas que os usuários registrem suas bikes, o que alimenta o gerenciamento com valiosas estatísticas de percursos.

No mapa do metrô de SP, os pontos verdes representam os bicicletários e os verdes com preto são as estações de compartilhamento de bicicletas. (CPTM)

Surpreendentemente, o sucesso do bicicletário de Mauá aconteceu com quase nenhuma ciclovia ou infraestrutura, e pouquíssima legislação que defenda ou proteja os ciclistas. Enquanto Mauá deverá instalar ciclovias ao longo da avenida Washington Luís nas próximas semanas e a ciclovia Rio-Pinheiro ainda está na primeira fase (com mais de 14 km), São Paulo está atrás de outras cidades da América Latina, como Bogotá e Cidade do México, em termos de infraestrutura para bicicletas. A Lei 201 estabelece que os motoristas devem manter uma distância de 1,5 metros de um ciclista, no entanto, é difícil de fiscalizar isso e, assim, nem sequer um motorista foi multado por esta infração nos últimos dois anos, de acordo com o Diário do Grande ABC.

De acordo com Alcântara, o bicicletário Mauá e a ASCOBIKE não cuidam apenas das bicicletas, mas também das pessoas que as guiam. A integração das bicicletas com o trem tem servido como um exemplo de transporte sustentável, em termos de custo, tanto para o usuário quanto para o meio ambiente em toda região de São Paulo. Como iniciativas que envolvem transporte não-motorizado continuam crescendo em todo Brasil – em locais como Rio de JanieroRecifeBelo Horizonte –  espera-se que outras cidades da América Latina tomem conhecimento e copie os resultados desta potência da América do Sul.

No manual desenvolvido pelo ITDP, instituto que ajudou a implementar o bicicletário, mostra diferença de espaços necessários para carros, ônibus e bicicletas. (Foto: Divulgação/ITDP)

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