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Este artigo foi originalmente publicado por Alex Hutchinson, no TheCityFix.com em 21 de junho de 2011.
Residentes do bairro La Independencia em Medellín, Colômbia, sobem e descem mais de 10 lances de escada todos os dias. Muitos habitantes da comunidade Comuna 13 são pessoas idosas ou mães carregando crianças. Entretanto, La Independencia não é mesmo o único bairro de Medellín com problemas de mobilidade urbana e falta de infraestrutura para pedestres. Nos últimos 30 anos, centenas de milhares de residentes construíram suas casas ao longo das encostas íngremes de Medellín, fugindo do violento conflito da zona rural ou buscando melhores oportunidades econômicas que a cidade tem a oferecer. Como resultado desse crescimento ocupacional aleatório e rápido, muitas comunidades foram deixadas com uma infraestrutura para pedestre pouco segura, desagradável, sendo uma experiência exaustiva para os usuários.
Após analisar as condições atuais, a Empresa de Desenvolvimento Urbano de Medellín (EDU) desenvolveu um plano para instalar uma rede de escadas rolantes a céu aberto nos bairros, a primeira do gênero em todo o mundo. A EDU está fazendo o teste do sistema em um dos bairros e, se for bem sucedido, o sistema será implementado em mais pontos da cidade. A organização tem uma década de experiência no design, planejamento e realização de projetos de baixo custo por diversos bairros de Medellín. Atualmente, há mais de 40 projetos aprovados pela cidade, desde parque públicos, bibliotecas, escolas, casas e infraestrutura para pedestres.
A EDU conta com um estúdio de arquitetura “in-house”, levando às comunidades mais carentes o mais brilhante e jovial time de arquitetos colombianos. Esta é uma parceria inspiradora, que promove a colaboração e compreensão entre as diferentes classes econômicas da Colômbia, um país conhecido por ter uma das maiores disparidades de riqueza do mundo. Os projetos nas comunidades dependem muito da contribuição das mesmas, eles oferecem uma oportunidade aos dois lados da moeda para aprender sobre as áreas da cidade antes separadas por linhas invisíveis, conseguindo através da participação o que o governo pretende com o “Colômbia é Paixão” e o “A Nova Colômbia”. Cada projeto tem uma equipe multidisciplinar de engenheiros, arquitetos e membros engajados da comunidade, conectando profissionais capacitados a comunidades carentes nas quais o nível de graduação universitária permanece em torno de 3,8%, de acordo com pesquisa realizada pela EDU.
Uma distinção importante sobre a EDU é que, mesmo tendo sido criada pela administração do ex-prefeito Sergio Fajardo, ela é uma entidade separada da prefeitura. Os cidadãos da Colômbia estão acostumados a políticos em campanha oferecendo projetos de obras públicas brilhantes durante as eleições e depois veem essas promessas sendo quebradas uma a uma depois do candidato ser eleito. Além disso, quando um projeto de governo é visto como um sucesso, é muito fácil um prefeito anterior executá-lo para fins políticos estratégicos, pensando em se reeleger. Para eliminar esse conflito de interesses, a EDU opera com financiamento da prefeitura, mas sem influência da mesma. Os funcionários da EDU de Medellin mostram sua transparência fiscal em meio a um escândalo de corrupção em Bogotá que provavelmente irá enviar o, agora suspenso, prefeito Moreno para a cadeia.
A EDU, atualmente, se concentra em três áreas estratégicas da cidade chamados de Proyectos Urbano Integrales (PUIs). Dois desses projetos PUI estão centrados em torno dos sistemas de transporte metrocable. O metrocable é um sistema parecido com um teleférico de alta capacidade, que fornece aos moradores dos bairros de Santo Domingo e da Comuna 13 rápido acesso até o topo dos morros. As cabines do metrocable podem acomodar cerca de 3 mil passageiros por hora, e na hora do rush, os passageiros do metrô acessam portas de saída integradas à plataforma do teleférico para evitar a espera em longas filas que lembram passeios à Disneylândia.
O metrocable é visto como um sucesso por criar oportunidades econômicas e melhorar a mobilidade para as populações isoladas e carentes de Medellín. Os designers urbanos da EDU, inteligentemente, encontraram uma maneira de matar dois pássaros com uma pedra só, ao recuperar, simultaneamente, o espaço público em torno dos polos do metrocable, projetando parques lineares esteticamente agradáveis, playgrounds e passarelas em áreas que anteriormente estavam desorganizadas, violentas e economicamente reprimidas.
Carlos Escobar, um arquiteto do PUI da Comuna 13, fala – com tanto orgulho quanto um pai mostrando o bom boletim de um filho – sobre os sucessos do bairro que ajudou a recuperar. “Venha aqui a qualquer hora da tarde e verá essa praça cheia de pessoas, crianças, adultos, todos.” Escobar e sua equipe projetaram o Parque 20 de Julio, uma praça pública que antes era um local caótico que levava para as partes mais isoladas e perigosas do bairro. Andando pelo bairro do Parque 20 de Julio, você é inspirado pelos projetos e designs urbanos ambiciosos, espaços públicos e investimentos que começaram a revitalizar o pensamento desse bairro, que um dia perdeu a esperança.