
Promover a segurança, a qualidade do passeio, e a acessibilidade são alguns fatores de sucesso para a caminhabilidade e a mobilidade a ativa (Foto: Mariana Gil/WRI Brasil)
Este post foi escrito por Eduardo Blanco e publicado originalmente no blog da Genos.
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Avaliando os padrões de transporte no Brasil nota-se que os deslocamentos a pé representam uma parcela importante das viagens realizadas no país. Segundo ANTP (2015), para cidades com população superior a 60 mil habitantes observa-se que entre 33% e 44% das viagens são realizadas a pé. Usualmente esse número é mais significativo em cidades de menor porte, ou seja, mais de um terço das viagens realizadas no Brasil tem como modo principal a caminhada.
Afinal, os deslocamentos a pé são a base de todos os deslocamentos humanos e qualquer viagem depende dele, seja do estacionamento até a padaria, ou da casa até o ponto de ônibus ou ainda do paraciclo até a estação de metrô. Além de ser elemento estruturante para um sistema de mobilidade urbana funcional, a mobilidade a pé tem potencial para transformar a vida nas cidades, sendo um modo econômico, saudável e sustentável, principalmente no que diz respeito às emissões de gases do efeito estufa.
Todavia a importância dada ao caminhar no Brasil ainda é incipiente, tomando maior importância apenas após 2012 quando entra em vigência a Política Nacional de Mobilidade Urbana, definida pela lei 12.587/2012. Tal política define diretrizes e ferramentas para a mobilidade urbana no país, formalizando a importância da mobilidade a pé, da acessibilidade universal do espaço e da sustentabilidade ambiental das cidades.
Mas como fazer espaços que incentivem o caminhar?
É possível citar seis elementos principais que condicionam a escolha do caminhar como modo de transporte. Estes são a segurança, a atratividade do espaço, a qualidade do passeio, a escala urbana, a acessibilidade universal e fatores naturais externos.

Fatores de sucesso para a mobilidade a pé (Fonte: Genos)
A segurança diz respeito a elementos que garantam tranquilidade aos cidadãos ao se deslocar a pé, como baixa criminalidade, iluminação pública, vigilância e baixo índice de acidentes.
Por sua vez a atratividade é relacionada ao interesse que o espaço público apresenta ao pedestre e está diretamente relacionada ao desenho do espaço e seus atributos, como diversidade de usos (comércio, serviços e habitação), presença de infraestruturas que convidem os pedestres à parada e convivência (como mobiliário urbano e praças), além de aspectos estéticos e funcionais do espaço. A qualidade do passeio se trata da qualidade, padronização e continuidade das calçadas, que são a infraestrutura básica para a mobilidade a pé.
Outro elemento de grande importância no incentivo da mobilidade a pé é a escala do espaço urbano. Cidades que são planejadas e construídas levando-se em consideração a escala humana são mais propicias à caminhada. É necessário pensar nas distâncias e velocidades características do deslocamento a pé no momento do desenho urbano.
Já a acessibilidade universal é fundamental na criação de espaços inclusivos, garantindo a existência de infraestruturas que permitam o uso do espaço público por pedestres que se encontrem em situação de mobilidade reduzida, como idosos e deficientes físicos, gestantes, e adultos com crianças pequenas.
Por fim, fatores externos também condicionam o caminhar como modo de transporte, como o clima e a declividade do relevo, sendo que existem estratégias para a otimização destes, como o uso de arborização e a inserção da malha urbana no relevo.