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Governos nacionais têm como ajudar as cidades na ação climática: com dados

Inventário de emissões deve ser o primeiro passo para criar um plano de ação climática. (Foto: Christian Haugen/Flickr-cc)

Este post foi escrito por Greg CarlockPankaj Bhatia and Christopher Ede-Calton e publicado originalmente no WRI’s Insights. 

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Milhares de cidades se comprometeram a agir em relação às mudanças climáticas, mas poucas ainda transformaram suas metas em resultados tangíveis. Um dos itens importantes que podem ajudá-las a começar são os dados dos governos nacionais.

Estabelecer um “inventário de emissões”, medir quantos gases de efeito estufa uma cidade emite e identificar de onde eles vêm, é o primeiro passo para criar um plano de ação climática para a cidade. No entanto, a maioria das cidades não dispõe dos recursos financeiros e técnicos para coletar esses dados. É um obstáculo significativo que as impede de cumprir seus compromissos de ação climática.

Os governos nacionais, por outro lado, estão frequentemente cheios de dados úteis. Eles medem regularmente fatores como consumo de combustível e vendas, estatísticas de registro de veículos e locais e capacidades de aterros sanitários. Se eles fornecessem essa informação para os planejadores municipais, organizações ou outros funcionários locais, poderiam regionalizar para informar estimativas de emissões e planos climáticos, particularmente onde os dados locais não estão disponíveis.

Como transformar dados nacionais em informações práticas para cidades

O Protocolo Global para Inventários de Emissões de Gases de Efeito Estufa na Escala da Comunidade, o GPC, é uma metodologia que orienta as cidades sobre como medir e relatar de forma consistente e confiável suas emissões. Ele detalha os tipos de dados que as cidades devem coletar para estimar suas emissões de energia, transporte, resíduos, processos industriais, agricultura, silvicultura e uso do solo.

O GPC também reconhece que a falta de dados locais de qualidade não deve ser uma barreira para a criação de um inventário. O protocolo descreve uma abordagem metodológica para reduzir as estatísticas nacionais ou regionais ao nível da cidade. Os especialistas em inventários de gases de efeito estufa podem aproveitar dados nacionais sobre cidades (como população ou números de propriedade de veículos) e outros conjuntos de dados nacionais relevantes (como vendas de combustível ou consumo de eletricidade). Com esses dados em mãos e o GPC, os especialistas podem começar a concluir seu inventário de gases de efeito estufa e os planos de ação climática.

Quando as cidades e os governos nacionais trabalham juntos na ação climática

Alguns governos nacionais já estão começando a se engajar com as cidades dessa forma.

Na Dinamarca, a Agência Dinamarquesa de Energia fornece dados de emissões na escala da cidade para cada um dos 98 municípios. Os dados podem ser usados para produzir inventários de emissões. Por exemplo, o município de Fredensborg colabora com todos os 29 municípios de sua região para montar seu inventário com 100% de comparabilidade entre cidades – os mesmos conjuntos de dados, com os mesmos métodos, para fornecer transparência e responsabilidade.

Em vez de gastar recursos escassos na custosa tarefa de coletar dados ou processar e calcular um inventário, Frendensborg e seus municípios vizinhos podem se concentrar na verdadeira razão para criar um inventário de emissões: estabelecer metas de ação climática realistas e alcançáveis.

Os funcionários públicos de Frendensborg também descobriram que a criação de um inventário de emissões transparente melhora a confiança do público no governo local e nacional, reconhecendo a responsabilidade compartilhada de reagir.

Todos os governos nacionais podem aprender com o modelo dinamarquês. Uma iniciativa no Brasil chamada Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) já fornece dados nacionais para os estados brasileiros. E nos Estados Unidos, o Departamento de Energia fornece dados de energia estaduais e nacionais na escala de cidades sobre prédios e transportes para informar o planejamento local.

Um ponto de partida para a ação climática municipal

À medida que mais países se comprometem a abrir dados, liberar informações relevantes que possam ajudar as cidades a entender suas emissões deve ser uma prioridade. Afinal, as cidades são responsáveis por 70% das emissões mundiais de gases do efeito estufa. Todos nós precisamos fazer um trabalho melhor, dando às cidades as ferramentas que precisam para agir.

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