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Dia Mundial Sem Carro: há outras formas de chegar

Em 1997, nascia na França o Dia Mundial Sem Carro. Hoje celebrada em cidades de todo o mundo, a data propõe que as pessoas não usem o carro nesse dia e convida à reflexão sobre o uso excessivo do automóvel como meio de transporte e os efeitos desta que se tornou uma presença constante no ambiente urbano. O planejamento urbano focado na circulação dos veículos, que vigorou por décadas desde o surgimento do automóvel, já não dá conta de xxx um ambiente urbano eficiente, seguro e habitável. Mais do que isso: não atende à necessidade das pessoas de se deslocarem com eficácia e segurança.

Felizmente, o movimento car-free (em português, “livre de carros”) já foi além do 22 de setembro e ganha espaço a cada ano, com cada vez mais cidades anunciando planos e medidas sistêmicas para desestimular o transporte individual motorizado. Tanto nos países desenvolvidos quanto naqueles em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, as cidades buscam reverter o modelo carrocêntrico, incentivando o transporte coletivo e a mobilidade ativa, em busca de devolver às pessoas seu espaço de direito: as ruas da cidade onde moram.

A dificuldade de desconstruir uma cultura já consolidada começa a ser vencida no momento em que bons exemplos passam a ser, se não a maioria, a referência do modelo de cidade que se quer criar. Onde a prioridade seja de fato de pedestres e ciclistas e o espaço das vias seja distribuído entre todos os modos com equilíbrio. Onde um entendimento se faça presente: há outras formas de se deslocar.

Veja como estão hoje 13 cidades no mundo que já começaram a trilhar o caminho rumo a um futuro com menos carros.

Oslo

Em 2015, a capital norueguesa anunciou um plano ousado: proibir a circulação de carros no centro da cidade até 2019. A novidade gerou resistência por parte de empresários e comerciantes locais, mas a cidade não abriu mão de seu objetivo. Em junho deste ano uma nova medida foi anunciada: em vez de banir os carros, a cidade dificultará o estacionamento, retirando vagas da área central. E o compromisso com o desestímulo ao uso do carro não é só da capital: a Noruega reduzirá a produção de carros a diesel e gasolina até 2025, quando apenas carros elétricos devem ser vendidos no país.

(Foto: Tydence Davis/Flickr)

Madri

Na capital espanhola, planejadores urbanos trabalham no redesenho de 24 vias da área central com o objetivo de torná-las espaços que priorizem a caminhada em detrimento da circulação dos carros. A mudança faz parte dos planos da cidade de banir os carros de 200 hectares do centro até 2020.  As metas do plano de mobilidade sustentável de Madri incluem reduzir o uso diário do carro de 29% para 23%.

(Foto: Prashanth Raghavan/Flickr)

Chengdu

O prazo está atrasado, mas a cidade chinesa de Chengdu planeja construir uma nova área residencial que romperá o modelo carrocêntrico. As ruas froam desenhadas para que os destinos estejam a 15 minutos de caminhada. Apenas metade da área destinada às ruas e vias permitirá a circulação de veículos motorizados, e o novo bairro deve estar conectado a Chengdu via transporte coletivo.

Hamburgo

A meta da cidade alemã é fazer da caminhada e da bicicleta os meios dominantes de transporte. Ao longo das próximas duas décadas, Hamburgo espera reduzir a parcela do carro na divisão modal ao permitir que apenas pedestres e ciclistas circulem em determinadas áreas da cidade. Par isso, será criada uma “rede verde”, que conectará parques, praças e demais espaços públicos que só poderão ser acessados sem carros. Até 2035, espera-se que essa rede cubra 40% da área da cidade, possibilitando que as pessoas caminhem ou pedalem a quase qualquer lugar.

Copenhague

Com mais de 320 quilômetros de malha cicloviária, a capital dinamarquesa ostenta um dos mais baixos índices de posse de veículos da Europa. A cidade que já é mundialmente reconhecida pelo uso da bicicleta – hoje, mais de metade da população usa bicicleta em seus deslocamentos diários – continua a promover a mobilidade ativa. A nova meta é construir uma “supervia” para bicicletas que conectará o centro às áreas periféricas. A primeira de 28 rotas do projeto foi inaugurada em 2014, e outras 11 devem ser finalizadas até o fim de 2018.

copenhagen

(Foto: Tony Webster/Flickr)

Paris

Em 2014, Paris proibiu a circulação de carros com placas de número par por um dia e registrou uma queda de 30% na poluição. Com esse resultado, a cidade busca cada vez mais reduzir o uso do carro na área central. Desde de julho de 2016, os motoristas de veículos fabricados antes de 1997 não podem mais dirigir no centro da cidade nos dias úteis. A capital francesa quer dobrar o número de ciclovias e tornar algumas ruas da cidade exclusivas para veículos elétricos até 2020. No Dia Mundial Sem Carro, a cidade também progride a cada ano. Em 2015, apenas a avenida Champs-Elysées foi fechada. Na edição de 2016, quando foram fechadas algumas ruas e avenidas centrais, a Airparif, associação que mede a qualidade do ar na cidade, registrou uma queda de dióxido de nitrogênio de 20% a 35%. Este ano, toda Paris estará fechada para os carros, e espera-se que os resultados sejam ainda mais expressivos.

Londres

Acabar com os carros a diesel até 2020. Essa é a meta de Londres, que já instituiu uma taxa para os veículos a diesel que circulam em determinadas áreas no horário de pico. Ainda, em julho deste ano a Grã-Bretanha fez o anúncio de que acabará com as vendas de novos carros movidos a diesel e gasolina até 2040.

(Foto: Dylan Passmore/Flickr)

Bruxelas

A capital da Bélgica tem a segunda maior área livre de carros da Europa, atrás apenas de Copenhague. O primeiro Dia Sem Carro na cidade foi celebrado em 2002, e deste então, a cada 22 de setembro, os carros são proibidos de circular no centro da cidade nessa data. Agora, a cidade busca novas alternativas para desestimular o uso do automóvel e ampliar as zonas exclusivas para pedestres – uma das ideias é de transformar uma importante avenida da cidade, de quatro faixas, em uma via apenas para pedestres. Ainda: a partir de 2018, os caros a diesel fabricados antes 1998 começam a ser proibidos de rodar.

Berlim

A capital alemã já conta uma zona de baixa de emissão desde 2008, onde não podem circular carros movidos a diesel ou gasolina que não cumpram os padrões de emissão do país. São 88 quilômetros quadrados no centro da cidade – uma área de influência que afeta cerca de um terço dos moradores da cidade. Outra frente de ação de Berlim é o transporte ativo: no fim do ano, devem começar as obras para doze “rodovias” exclusivas para bicicleta.

(Foto: Jaehyun Lee/Flickr)

Cidade do México

Teve início em abril de 2016 uma medida que começou a questionar os padrões de deslocamento na Cidade do México. Aplicando um rodízio de placas, o governo central da capital mexicana passou a proibir que uma parcela dos carros da cidade circulassem no centro da cidade durante dois dias úteis na semana e dois sábados por mês. A política atinge cerca de dois milhões de carros e ajuda a reduzir os níveis de poluição na cidade, que também investe cada vez mais em segurança viária e acessibilidade.

(Foto: Priscila Pacheco/WRI Brasil)

Bogotá

A capital colombiana tornou-se uma referência de transformação urbana na gestão de Enrique Peñalosa, que investiu no transporte ativo e coletivo para mudar a realidade da cidade. Mais de 120 quilômetros de vias são abertas para os pedestres um dia por semana na cidade desde 1974, quando teve início o projeto Ciclovía. Hoje, Bogotá tem quase 322 quilômetros de ciclovias, e desde 2013 o programa “Pico e Placa” proíbe a circulação de parte dos carros nas horas de pico, conforme o dia da semana.

São Francisco

A última ação de São Francisco para reduzir o uso do carro é recente: em agosto, a cidade divulgou o plano de construir ciclovias e banir os carros de cerca de 3,5 quilômetros da Market Street, uma das avenidas mais movimentadas do centro da cidade. Até 2024, o plano Safer Market vai investir 604 milhões para tornar a via mais segura e acessível para a mobilidade a pé, e a primeira fase de implementação deve ter início já em 2018.

Nova York

Nova York ainda não fez planos de restringir a circulação dos carros em nenhuma região ou via da cidade, mas tem aumentado o número de áreas para pedestres, bicicletas compartilhadas e opções de transporte coletivo. Alguns espaços bastante famosos da cidade, como a Times Square, Herald Square e Madison Square Park já são zonas exclusivas para pedestres. No caso da Times Square, antes da mudança, os pedestres tinham à disposição apenas 10% do espaço – hoje esse índice é de 90%. Todo mês de agosto, em três sábados, acontece o Summer Streets, evento que proíbe os carros de circular na via que liga o Central Park à Ponte do Brooklyn.

(Foto: NYCDOT/Flickr)

(Com informações do Business Insider.)

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