
Distrito Tecnológico de Buenos Aires fica no Parque Patricios (Foto: Divulgação / Governo Municipal de Buenos Aires)
Como já contamos aqui, Buenos Aires vem investindo em um plano de mobilidade urbana sustentável, com ruas redesenhadas e novos sistemas de transporte. Uma cidade mais pensada para as pessoas requer mudanças estruturais e a reflexão sobre o uso dos espaços públicos. Recentemente, outras mudanças chamam atenção na capital Argentina. Bairros passaram a ser centros econômicos, com investimentos que centralizam um mesmo setor junto a áreas residenciais fora do centro, tornando os locais Distritos Econômicos.
Eles estão divididos em cinco categorias: Tecnológico, Audiovisual, de Desenho, das Artes e de Esporte. Quatro deles estão localizados no sul da cidade. A iniciativa faz parte do Ministério de Modernização, Inovação e Tecnologia.
Essa ideia de desenvolvimento local é também chamada de “cluster criativo”, que são concentrações geográficas de empresas do setor criativo, a fim de desenvolver regiões a partir desses negócios. A indústria criativa abrange as áreas de gastronomia, informática, design, arquitetura, inovação, entre outras.
Desenvolver a economia a partir de um setor econômico tem benefícios como estimular a cooperação entre as empresas e levar o crescimento da cidade para além do centro. Isso atrai o olhar para as outras questões estruturais da região, o que cria a necessidade de melhorias no bairro como um todo – desde segurança pública até a mobilidade urbana.
A política de tornar os distritos mais produtivos é uma das principais iniciativas do governo da cidade. De acordo com um artigo publicado pelo Cippec (Centro de Implementação de Políticas Públicas para Equidade e Crescimento), na Argentina, o objetivo é “incentivar a criação de empresas privadas em áreas com menor desenvolvimento relativo, a partir de incentivos fiscais e investimentos públicos”.
Em artigo no site do Brookings, essa visão começa a ficar clara até para os visitantes. Segundo o texto, destaca-se, na experiência de Buenos Aires, o comprometimento com a reforma da governança e com a integração da cidade, especialmente evidente nos esforços para abordar a desigualdade espacial por meio de investimentos nas áreas historicamente carentes. Atualmente, cerca de 10% da economia de Buenos Aires vem do setor criativo.
O primeiro distrito foi o Tecnológico, localizado em Parque Patricios. As mudanças começaram em 2008 e hoje a região conta com 240 empresas do setor de tecnologia e consultoria, além de um campus do Instituto Tecnológico Buenos Aires (ITBA) e outra universidade em construção. Com um desafio histórico em mobilidade, recebeu investimento e foi beneficiada com uma estação de metrô, que conecta norte e sul da cidade, e uma estação para compartilhamento de bicicletas.
Para mostrar a importância do local, a nova sede do governo municipal foi construída no distrito, com a promessa de seguir trabalhando por uma “Cidade Verde”. A estrutura da de 38 mil metros quadrados é a primeira da América do Sul a receber a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), selo verde de maior reconhecimento internacional.
As melhorias refletiram em mais segurança pública e beneficiaram cerca de 14 mil trabalhadores. Ainda, segundo o governo, foram investidos mais de 15 milhões de pesos em obras no Parque Patricios, que incluíram mais de 10 mil metros quadrados de calçadas, regularização de 440 estandes na feira de artesãos, quadra multiuso para esportes, renovação na iluminação, instalação de novos bancos e latas de lixo, além do plantio de oito mil arbustos. Ou seja, a princípio, a preocupação não é apenas no aspecto econômico, mas de estrutura para que as pessoas possam viver mais a região. No entanto, o artigo do Brookings lembra que os espaços públicos do distrito são pouco utilizados após o horário de trabalho, talvez devido à proporção tomada pelo aspecto empresarial.
O mais novo distrito econômico de Buenos Aires é o do Desenho, que pretende desenvolver o bairro de Barracas a partir dos setores ligados ao design, como fator de competitividade na economia. Atualmente, as empresas que desejam se instalar no distrito podem se inscrever no site do governo.