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Oslo projeta futuro sem carros e sem emissões na área central a partir do redesenho urbano
Área central de Oslo. (Foto: Doug Kerr/Flickr-CC)

Área central de Oslo. (Foto: Doug Kerr/Flickr-CC)

Oslo, a capital norueguesa, almeja se tornar uma cidade com zero emissão de gases de efeito estufa. Para isso, deve colocar em ação o corajoso plano de banir carros do centro da cidade e ter um sistema de transporte coletivo movido a energia limpa. Em paralelo, o comando nacional do país também desenvolve um ambicioso plano apoiado no uso da bicicleta para grandes distâncias.

No mês passado, a Câmara Municipal de Oslo decidiu por votação cortar 50% das emissões de gases de efeito estufa até 2020 e 95% até 2030 em comparação com os níveis de 1990. O setor de transportes corresponde a 63% das emissões da cidade. De acordo com a estratégia climática e de uso da energia, divulgada em fevereiro por Oslo, a cidade pretende ser a “capital do meio ambiente da Europa”. “A política climática não irá apenas dar conta das emissões de gases de efeito estufa, mas também significa mais vida na cidade, um ar mais limpo, mais ciclovias e melhor transporte público”, diz o documento.

A área central, local onde a cidade pretende proibir permanentemente a circulação de veículos a partir de 2019, recebe 90 mil pessoas diariamente por motivo de trabalho, enquanto apenas mil delas moram no bairro. A prefeitura irá introduzir medidas restritivas, tais como a remoção de espaços de estacionamento, estabelecimento de centros de pedestres e uma densa rede de ruas pedonais. Parte do plano deve começar a ser colocado em prática em breve, quando estacionamentos de carros começarão a ser retirados e substituídos por praças de alimentação e cinema de rua. A Câmara Municipal pretende ainda introduzir tarifas ambientais e diferenciadas por tempo e pedágios como medida de controle de tráfego.

Como alternativa ao carro, Oslo quer aumentar em 16% o número de viagens diárias de bicicleta até 2020 e em 25% até 2025. Recentemente, a Agência de Bicicletas publicou o documento “Normas de Oslo para Facilitação da Bicicleta“, em que expõe as medidas que serão adotadas no processo de ampliação do uso da bicicleta. Segundo pesquisas realizadas na capital norueguesa, os principais motivos atribuídos pela população pelo não uso das magrelas é a insegurança e falhas na infraestrutura da rede cicloviária, que não satisfaz as necessidades dos ciclistas. “Como capital e maior cidade do país, Oslo pretende priorizar pedestres e ciclistas ao fazer melhor uso do solo e adotar soluções que possibilitem atingir as metas estabelecidas”, diz o guia.

(Imagem: Oslostandarden for sykkeltilrettelegging/Reprodução)O objetivo do plano é estabelecer uma rede cicloviária à qual 80% da população tenha acesso dentro de 200 metros de sua residência. “É recomendada uma implantação gradual, que todas as rotas sejam planejadas como um todo, sendo na primeira fase estabelecidas marcas, sinalização e medidas que são fáceis de serem implementadas imediatamente”, indica o documento.

Em relação ao redesenho das ciclovias, o guia prevê três propostas. Uma delas propõe a construção da ciclovia sem separação entre a pista de veículos, que devem circular a uma velocidade máxima de 50 quilômetros por hora. A largura da ciclovia deve ter entre 2 e 3 metros. A segunda (ao lado) é implantada em áreas com velocidades superiores a 50 quilômetros por hora e recebe separação de 60 a 80 centímetros. Nesse caso, não há a possibilidade de saída de estacionamento.

A terceira proposta é a construção de uma ciclovia em cada lado da pista, para a circulação nos dois sentidos. As Zonas 30 são outra proposta do documento no que diz respeito à redução do limite de velocidade. As áreas devem conter acostamentos antes das esquinas e elementos que contribuam para a redução da velocidade na via. O plano sugere ainda ciclovias contínuas em cruzamentos, de forma que os ciclistas não precisem descer da bicicleta a cada interseção, entre outras medidas.

Recomendações semelhantes podem ser encontradas no guia O Desenho de Cidades Seguras, desenvolvido pelo WRI. A publicação oferece exemplos e trata de temas tais como o aperfeiçoamento no desenho das vias para oferecer mais espaço aos pedestres e ciclistas – usuários que estão entre os mais vulneráveis do espaço urbano -, assim como a melhoria no acesso ao transporte coletivo.

Ciclistas na Noruega. (Foto: Edgar Vonk/Flickr-CC)

Ciclistas na Noruega. (Foto: Edgar Vonk/Flickr-CC)

A estratégia da prefeitura de Oslo integra um plano que abrange toda a Noruega. A nível nacional, o objetivo é reduzir em 50% as emissões até 2030. Para isso, até lá, 75% dos ônibus e 50% dos caminhões deverão ser de baixa emissão, 40% dos navios de longa-distância e balsas também devem ser de baixa emissão ou usar biocombustíveis, além do objetivo de zerar o crescimento do uso de carros particulares.

A versão preliminar do plano nacional de transporte para as décadas de 2018-2029 é tão ambiciosa quanto as pretensões da capital. A proposta é de alocar a soma de 7,8 bilhões de coroas norueguesas (cerca de 850 milhões de euros) na construção de dez amplas trilhas cicloviárias de duas pistas que cruzarão o país passando por nove cidades norueguesas. O plano da Super Cycle Highways visa ainda aumentar a porcentagem de viagens de bicicletas no país de 10% a 20%.

Todas essas aspirações, vindas de um país rico – inclusive em petróleo -, e cujo clima e topografia não são tão favoráveis ao uso da bicicleta ou do transporte a pé, devem servir de inspiração a qualquer outra nação.

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