O Prêmio Europeu de Espaço Público urbano é realizado a cada dois anos com o objetivo de reconhecer e divulgar obras com foco em revitalização, recuperação e melhoramento dos espaços públicos nas cidades europeias. Em 2016, a competição recebeu 276 inscrições de 33 países. Desses, dois projetos dividiram o primeiro lugar: o sistema de irrigação das hortas termais na cidade espanhola de Caldes de Montbui e o Centro para o Diálogo Przelomy na praça Solidarnosc, em Szczecin na Polônia.

Praça Solidarnosc, em Szczecin na Polônia (Divulgação / Prêmio Europeu de Espaço Público 2016)
Os vencedores
O projeto espanhol evidenciou como as hortas que sempre foram irrigadas com água termal estavam deterioradas pela contaminação de águas residuais. O projeto vencedor recupera, portanto, a paisagem hortícola como um novo espaço público aberto e autogerido. Para a realização do projeto foi feita uma pesquisa com a comunidade do entorno e as partes interessadas. Foi, então, projetada uma nova piscina para acumular e arrefecer a água excedente dos spas termais, recuperando o sistema de irrigação e uma passarela para pedestres sobre o principal canal. A descrição do projeto ressalta como a irrigação feita com esse cuidado reconhece o valor da gestão da água tradicional como patrimônio imaterial para a sustentabilidade urbana.
Hoje, as hortas termais contam com um espaço público aberto e uma nova piscina integrados ao sistema de irrigação existente para acumular e arrefecer a água termal do canal principal, além de uma passarela para acesso público aberto e águas residuais canalizadas.

Sistema de irrigação das hortas termais na cidade espanhola de Caldes de Montbui (Foto: Adriá Goula / Divulgação Prêmio Europeu de Espaço Público 2016)
O projeto polonês Centro para o Diálogo Przelomy na praça Solidarnosc é um espaço que se tornou uma espécie de anfiteatro aberto, com a vida urbana cotidiana no palco. Tudo começou em 2008, com um concurso para conceber um novo edifício para o museu. No entanto, o projeto foi além e reconstruiu a praça em frente (Solidarnosc) e, dessa forma, começou um processo de revitalização do espaço público para facilitar as interações humanas. O desenho da praça elimina quaisquer barreiras para pedestres em geral. Segundo o relato dos autores do projeto, a peça é fundamental para a cidade, pois traz memórias, símbolos e eventos históricos que convergem em um desenho urbano híbrido aplicado. “A praça cria um lugar importante e contribui para reconstrução da cidade, com um vibrante espaço urbano multidimensional”, destaca o projeto vencedor.

(Centro para o Diálogo Przelomy na praça Solidarnosc/Divulgação Prêmio Europeu de Espaço Público 2016)
Além dos dois primeiros colocados, o júri fez quatro menções especiais. Os projetos foram: centro de Barkingside em Londres, no Reino Unido; hall multipropostas em MolenBeek-Saint-Jean, na Bélgica; Anel da memória: Memorial Internacional de Notre-Dame-de-Lorette em Ablain-Saint Nazaire, na França e Jardim dos Cem Celestiais, em Kiev, Ucrânia.

(MolenBeek-Saint-Jean, Bélgica / Divulgação Prêmio Europeu de Espaço Público 2016)

(Jardim dos Cem Celestiais, em Kíev, Ucrânia / Divulgação Prêmio Europeu de Espaço Público 2016)

(Centro de Barkingside em Londres, Reino Unido / Divulgação Prêmio Europeu de Espaço Público)

(Memorial Internacional de Notre-Dame-de-Lorette em Ablain-Saint Nazaire, na França / Divulgação Prêmio Europeu de Espaço Público 2016)
Além disso, na edição deste ano do prêmio, o Júri criou uma categoria especial de reconhecimento à cidade de Copenhague, por fomentar políticas e pela seriedade em sua visão presente e futura da cidade. Também porque, entre as 25 obras finalistas do Prêmio, várias são de Copenhague e sua área metropolitana.
No momento da entrega dos prêmios, a prefeita de Barcelona, Ada Colau, destacou as lições valiosas e a importância de arquivar as experiências que o prêmio vem acumulando há mais de uma década. “Essas experiências nos mostram, através de soluções concretas, o tipo de problemas sociais e ambientais que as cidades europeias sofreram desde o início do século”, disse. Salientou também a importância de considerar o papel do desenho urbano e da arquitetura na melhoria da qualidade de vida.
“Os espaços públicos são uma ferramenta essencial para a partilha e elemento de convivência democrática, a expressão de diferenças e diversidade, e uma arena para reivindicar direitos de cidadania”, disse Colau.
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