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Mapas de transporte de grandes cidades podem ultrapassar capacidade humana de leitura
Sistemas de transporte estão cada vez mais difíceis de colocar em mapas compreensíveis. (Foto: Tom Page/Flickr-CC)

Sistemas de transporte estão cada vez mais difíceis de colocar em mapas compreensíveis. (Foto: Tom Page/Flickr-CC)

Ao tentar usar um sistema de transporte em uma grande cidade, você já teve a sensação de se sentir perdido sem nem ao menos ter saído do lugar, mas apenas ao colocar os olhos no mapa? Você não é o único e existe uma explicação. Estudiosos decidiram examinar a confusão que muitas pessoas sentem ao usar um mapa de linhas de transporte e descobriram que eles podem realmente ter atingido uma complexidade acima da capacidade do cérebro humano.

O número de áreas urbanas com populações maiores do que 10 milhões de pessoas triplicou desde 1990. Com elas, crescem os mais diversos sistemas de transporte. O time de físicos e matemáticos de diversos institutos analisaram as 15 maiores redes metropolitanas de transporte e descobriram que navegar por elas pode chegar perto de exceder o poder cognitivo humano.

Após cálculos, os matemáticos estimaram que humanos conseguem lidar apenas com o limite de informações de cerca de 8 bits (números binários que representam decisões de sim ou não) por vez. Porém, quando diversos modos de transporte – como ônibus, metrôs e trens – são demonstrados em um único mapa, a complexidade das redes pode ir muito acima do limiar de 8 bits.

O estudo chamado “Lost in transportation: Information measures and cognitive limits in multilayer navigation” sugere que, baseado em nossos limites cognitivos, mapas não devem conter mais de 250 pontos de conexão para serem facilmente lidos. O artigo afirma que um importante ponto a ser considerado é o fato de que uma pessoa pode facilmente gravar quatro objetos na memória visual ativa. Isso implica que essa pessoa pode facilmente manter na cabeça locais chaves (pontos de origem, de destino e de conexão) para viagens com não mais de duas conexões (o que corresponde exatamente a quatro pontos diferentes).

“A busca por um simples caminho pode se tornar ineficiente quando múltiplos modos de transporte estão envolvidos e quando o sistema de transporte possui muitas interconexões”, explicou Mason Porter, professor de Sistemas Não-Lineares e Complexos do Instituto de Matemática da Universidade de Oxford. “São tantas distrações nesses mapas de trânsito que tudo se transforma em um ‘Onde está o Wally'”, disse Porter, em referência à série de livros infantis.

Ao lidar com o mapa do metrô de Londres (referência para o mundo todo), por exemplo, podemos facilmente duplicar a confusão apenas adicionando as linhas de trem (Overground lines).

Mapa do metrô e linhas de trem de Londres. (Imagem: TFL)

Mapa do metrô e linhas de trem de Londres. (Imagem: TFL)

Criado em 1931, o Tube map assumiu a inovadora ideia de mostrar as estações da rede não nas suas localizações geográficas, mas nas posições que possibilitem mostrar suas conexões. Ao assumir que os usuários apenas queriam ir de uma estação à outra, Harry Beck’s, seu criador, desenhou o mapa com linhas verticais, horizontais ou diagonais de 45 graus. No entanto, críticos afirmam que, devido ao mapa não mostrar as distâncias reais entre os pontos, passageiros acabam gastando tempo e dinheiro em viagens que poderiam ser feitas a pé.

A título de curiosidade, um mapa do metrô de Londres geograficamente fiel foi liberado pelo Transport for London (TFL). O mapa, chamado pelo jornal Daily Mail de “curvo e emaranhado como espaguete”, segue as mesmas cores do original, mas mostra as linhas seguindo direções bem diferentes.

Mapa geograficamente real do metrô de Londres. (TFL)
Para facilitar a compreensão dos usuários, Londres fornece mapas em diversos pontos de ônibus que mostram as rotas que partem daquele local. Dessa forma, o passageiro recebe apenas as informações relevantes que poderão levá-lo daquele ponto a outro. As ruas ao redor da parada também são ampliadas em um mapa.

Esse tipo de prática é sugerida pelos responsáveis da pesquisa. Eles recomendam que os mapas não misturem modais de transporte, mas que os separem em diversas camadas. “Mapas tradicionais que representam todas as linhas de ônibus existentes, por exemplo, têm uma utilidade muito limitada”, diz o estudo.

As tentativas de facilitar a visualização dos mapas acabam sendo vencidas pela velocidade com que os sistemas de transporte estão evoluindo. Os autores da pesquisa também destacam a importância atual de sites e aplicativos de planejamento de rota. “Ferramentas de tecnologia da informação fornecidos por empresas e agências de transporte para ajudar pessoas a navegar em sistemas de transporte em breve se tornarão necessárias em todas as grandes cidades.”

982c7a44cOs estudiosos elegeram Nova York como a cidade com sistema mais complexo de metrô. Confira a lista:

  1. New York
  2. Paris
  3. Tokyo
  4. London
  5. Madrid
  6. Barcelona
  7. Moscow
  8. Seoul
  9. Shanghai
  10. Mexico City
  11. Berlin
  12. Chicago
  13. Osaka
  14. Beijing
  15. Hong Kong

 

(Foto: Martin Deutsch/Flickr-CC)

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