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Ideias vencedoras do Concurso Acessibilidade para Todos buscam uma Belo Horizonte mais inclusiva
Propostas vencedoras do Concurso Acessibilidade para Todos promoveram a integração dos espaços em Belo Horizonte (Foto: Nereu Jr)

Propostas vencedoras do Concurso Acessibilidade para Todos promoveram a integração dos espaços em Belo Horizonte (Foto: Nereu Jr)

Como repensar as regiões da cidade de forma que elas sejam, cada vez mais, acessíveis para todos? Essa era uma das provocações do Concurso Acessibilidade para Todos, que teve como objetivo promover o transporte ativo, superando ou minimizando os problemas de acessibilidade existentes em três perfis de locais de Belo Horizonte: trechos com alta declividade, com calçadas estreitas ou em estação de integração de transporte coletivo.

Arquitetos e engenheiros foram incentivados a enviar propostas que apresentassem soluções para o trecho com declividade acentuada na Regional Centro-Sul (Lote 1), para o trecho com calçadas estreitas da Regional Noroeste (Lote 2) e para a Estação Vilarinho de integração do transporte coletivo na Regional Venda Nova (Lote 3). A cerimônia de premiação aconteceu no dia 13 de junho, no auditório do IBMEC, em Belo Horizonte, e o TheCityFix Brasil conversou com as equipes que ficaram em 1º lugar nos lotes 2 e 3.

Calçadas estreitas

Contribuir para que a cidade se torne menos desigual do ponto de vista da distribuição espacial: essa foi uma das motivações da equipe coordenada por Izabela Ribas Vianna de Carvalho, vencedora no Lote 2. A proposta (imagem abaixo), trouxe uma série de intervenções que buscam realocar equipamentos para aproveitar o espaço disponível nas calçadas de maneira mais inteligente e acessível.

(Reprodução)

(Reprodução)

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(Imagens: Reprodução)

“Basta andar por BH para ver os inúmeros desafios que os pedestres enfrentam, como o favorecimento dos veículos motorizados, as calçadas estreitas e sem manutenção, bem como as inúmeras travessias perigosas. É necessário que a cidade forneça acesso a todas as pessoas, independentemente da condição física que elas apresentam, já que todos têm o direito de usufruir integralmente dos espaços públicos. Ao participarmos deste concurso, independentemente do resultado, ficamos realizados com a oportunidade de poder contribuir para a criação de uma cidade mais justa e acessível para todos”, ressaltou Izabela.

Na opinião dos participantes da equipe, uma cidade acessível é “aquela que não limita o direito de ir e vir e que cria condições favoráveis para que todos possam usufruir dos diferentes serviços e oportunidades que ela oferece”.

Para participar do Concurso, era obrigatório que a proposta fosse elaborada em conjunto com uma pessoa com deficiência. Jane Canela Martins Gonçalves, que usa cadeira de rodas, foi convidada para integrar o grupo e, segundo Izabela, foi uma peça fundamental para o resultado final. “Com ela, percebemos o quão importante é discutir ideias com pessoas com deficiência para a execução de um projeto como esse. Ela, que vive as dificuldades cotidianas de acessibilidade, é a melhor pessoa para indicar quais são as propostas que irão de fato atender às suas necessidades. A Jane contribuiu muito para agregar na proposta e nos conscientizar ainda mais sobre a realidade dos portadores de deficiência”, disse.

(Foto: Nereu Jr.)

(Foto: Nereu Jr.)

A equipe entende que Belo Horizonte evoluiu muito nos muito nos últimos anos, principalmente nas regiões do Centro e do Savassi, onde várias melhorias foram feitas para valorizar o pedestrianismo e, sobretudo, favorecer o acesso de portadores de deficiência. Além disso, eles acreditam que não é necessário muito para trazer mais acessibilidade para a cidade, falta apenas pensar mais em um desenho universal do espaço urbano, com soluções que devem partir tanto dos órgãos públicos quanto dos cidadãos.

A vitória no concurso tem ligação direta com a sinergia do grupo que, formado por duas engenheiras, um geógrafo, uma arquiteta e uma pedagoga e seus diferentes olhares, buscaram uma solução simples. “O objetivo era um só: trazer mais acessibilidade da maneira mais simples possível, que possibilitasse a implantação rápida ou imediata, e, em cima desta linha de pensamento, fomos discutindo e construindo as ideias. Cada um contribuiu com seu conhecimento e experiência de vida no uso da cidade”, concluiu Izabela.

Integração do transporte coletivo

Os vencedores no Lote 3 foram motivados pelo desafio de poder pensar uma cidade inclusiva, onde todos tenham o espaço e o seu direito ao exercício da cidadania. “A divisão de áreas de intervenção com problemas específicos e a liberdade para desenvolver ideias que melhor definissem a prática do design universal foram desafios irrecusáveis. Entendemos ainda que poderíamos demonstrar que a acessibilidade universal deve ser pensada na essência ao invés de surgir de adaptações”, disse o professor e arquiteto Marcelo Pinto Guimarães, integrante da equipe.

©2016 Nereu Jr

(Foto: Nereu Jr.)

O coordenador da equipe, Paulo Pontes Correia Neves, completa: “nesse momento de construção de uma nova consciência e olhar sobre a acessibilidade é muito importante essa iniciativa, pois podemos contar com um olhar e com uma experiência diária completamente diferente da nossa. E, no caso específico do Marcelo, a esse olhar está associada uma larga e atuante experiência acadêmica, cuja contribuição fundamental é eliminar o estigma corrente e demonstrar que acessibilidade é um direito fundamental de cidadania”.

Lote 3

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(Imagens: Reprodução)

A proposta da equipe (imagem acima) prevê a construção de um parque junto à Estação Vilarinho. “Acredito que a nossa inspiração foi o próprio buraco que esta obra criou pela ruptura do tecido urbano e natural existente. E, como é flagrante na implantação da Estação Vilarinho que, ao se apoiar numa via expressa, criou grandes “vazios” intransponíveis que soluções paliativas, como passarelas, túneis etc., não resolvem. Nesse sentido, a nossa proposta contempla, juntamente com um parque, equipamentos sociais e culturais, fachadas ativas e uma programação contínua que promova a utilização digna deste espaço urbano proposto”, explicou Neves.

Sobre o incentivo à participação de uma pessoa com deficiência na equipe, Guimarães, usuário de cadeira de rodas, entende que deve ser estimulada também no processo de planejamento dos espaços onde será protagonista. “Não é necessário que profissionais vivam sob o efeito de uma deficiência para que possam atuar com competência em seu campo. De fato, o exercício e a prática do design universal requerem que os profissionais de design, arquitetura e construção sejam sensíveis para escutar, ver e sentir o problema junto às pessoas que usarão o ambiente, de acordo com o contexto em que cada perspectiva diferenciada interpreta a relação com o meio onde atua. Com isso, arquitetos jovens irão projetar espaços para idosos, arquitetos homens irão projetar espaços para grávidas, arquitetas irão projetar para todos”, enfatizou.

Veja a lista completa das propostas qualificadas no Concurso Acessibilidade para Todos

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