Partimos do pressuposto de que a cidade é feita por pessoas e todos os espaços da cidade são públicos. Duas linhas de pensamento que podem ser colocadas em cheque ao darmos um passo para trás na intenção de perceber como as praças e os parques deveriam ser mais presentes em nossas vidas. Afinal, parar e respirar um pouco a cidade, conversar com alguém, ter um minuto de pausa do caos cotidiano são algumas das tantas formas de desfrutar nossos centros urbanos. É possível, portanto, celebrar cada novo espaço de convivência inaugurado. Ou, ainda, a intenção de inaugurar mais deles. Como o parklet para atletas urbanos inaugurado no Rio de Janeiro na última semana. E o anúncio da prefeitura de São Paulo sobre a intenção de ter ao menos dois parklets para cada subprefeitura.
Primeiro, sobre o termo parklet é possível datar sua criação de 2005, quando, em São Francisco, nos Estados Unidos, instalaram o primeiro espaço recreativo de convivência ocupando o lugar de um automóvel estacionado em via pública. Desde então o conceito encontrou na sociedade o reconhecimento de uma necessidade de mais espaços feitos para o pedestre. No Brasil, o termo ganhou espaço e respaldo dos governantes em 2012, mas apenas um ano depois foi criado o primeiro Parklet, em São Paulo. Hoje, o pioneirismo da capital paulista lhe garante 77 equipamentos como este. Confira a localização de todos eles, aqui.
No Rio de Janeiro, o prefeito regulamentou o programa de Parklets da cidade em 2015. O programa implementado pela Prefeitura, por meio do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), intenciona “valorizar a cultura do encontro e do convívio entre as pessoas, típica do modo de vida urbano carioca”, como dito nessa matéria do site da Prefeitura.
Na última semana, mais uma dessas Paradas Cariocas foi criada, mas com a característica estratégica de estar voltada para atletas urbanos. Estratégica, pois criar um espaço para esportistas do cotidiano integra o momento que a cidade vive, às vésperas de receber os Jogos Olímpicos. A marca esportiva que financiou a criação do espaço informa que é o primeiro parklet projetado para atletas.
“Com 20m² o espaço será aberto ao público e contará com barras de alongamentos, bancos para descanso, bebedouros, área emborrachada com steps para exercícios de aquecimento, iluminação com LED e tomadas para carregadores de celular – as duas últimas abastecidas por energia solar captada no próprio parklet”, destaca o site do Corrida Urbana.
Inaugurado no dia 20 de março, o parklet fica em Copacabana na Rua Constante Ramos, 11 (travessa da Avenida Atlântica, em frente ao Baby Lanches).
Enquanto isso, em São Paulo a expectativa é que o número de parklets seja reforçado neste ano. Como lembrou o EcoDesenvolvimento em postagem recente: “em dezembro de 2015, a Prefeitura de São Paulo iniciou o projeto para a instalação de um parklet municipal em cada uma das 32 subprefeituras, depois de um processo de escolha junto a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU), por meio da SP Urbanismo”. Hoje, 22 endereços já receberam os os equipamentos e outros dez serão concluídos até o final deste ano, na capital paulista. Outros 55 parklets foram implantados pela iniciativa privada em regiões comerciais e gastronômicas para humanizar e democratizar o espaço da rua, mas todos são espaços públicos e gratuitos. As informações são do EcoD.
Existe, no entanto, um conjunto de normas técnicas que precisam ser seguidas para a instalação dos parklets. Sobre isso, a Prefeitura de Fortaleza elaborou um manual que elenca diretrizes para a instalação dos parklets urbanos. Vale a leitura.
Acontece um movimento de incentivo aos pequenos respiros urbanos. Afinal, os parklets podem ser considerados minipraças, lógica adequada às miniflorestas que postamos ontem. A importância e a relevância disso em contexto social é inversamente proporcional ao pequeno espaço ocupado tais elementos. Defender a existência desse tipo de equipamento é importante, afinal, ainda que não seja o elemento de maior relevância, qualquer parklet instalado significa uma ou duas vagas a menos para carros. Outras cidades que já assinaram decretos instituindo os parklets foram Belo Horizonte e Goiânia. Seguimos na torcida para que cada vez mais cidades regulamentem sua instalação.