Os esforços da capital mineira, Belo Horizonte, em incluir a bicicleta no dia a dia da população começaram há mais de dez anos. O programa Pedala BH, desenvolvido pela BHTrans, a Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte, foi incluído no Planejamento Estratégico do órgão em 2005. Atualmente, a iniciativa faz parte do PlanMob-BH, o Plano de Mobilidade da cidade. Dentro das atividades do Seminário Internacional Mobilidade Urbana e Meio Ambiente, a equipe do WRI Brasil Cidades Sustentáveis realizou um passeio ciclístico por diversas vias da cidade na noite de segunda-feira (14).
Com o objetivo de experimentar as ciclovias mineiras, o grupo percorreu aproximadamente seis quilômetros através de ruas dos bairros Funcionários e Centro. “Foi incrível pedalar de noite pela malha cicloviária que Belo Horizonte está construindo, principalmente na região que percorremos [chamado de hipercentro]”, comentou Magdala Arioli, Coordenadora de Mobilidade Urbana e Clima do WRI Brasil Cidades Sustentáveis.
A pedalada foi acompanhada pela Superintendente de Desenvolvimento de Projetos e Educação da BHTrans, Eveline Trevisan, do Coordenador de Políticas de Sustentabilidade da BHTrans, Marcelo Cintra do Amaral, entre outros envolvidos nas ações em prol do uso da bicicleta na capital. Segundo Eveline, o trajeto escolhido para o passeio oferece uma boa visão da malha implantada na área central: “Como ainda estamos com a rede em implantação, não temos conexões entre todos os trechos de ciclovias. Assim, é necessário, em alguns trechos, compartilharmos a via, que foi o que fizemos”.
Um dos pontos centrais das ações da Prefeitura da cidade é estimular o uso de modos não motorizados. Entre 2010 e 2015, foram implantados 51,42 quilômetros de ciclovia, passando de 19 quilômetros para 70,42 quilômetros. O sistema de bicicletas compartilhadas Bike BH foi iniciado em 2014 e atualmente conta com 40 estações espalhadas pela cidade. Através do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do governo federal, foi obtido apoio financeiro para a implantação de 200 quilômetros de ciclovias até 2016.
Eveline destacou que algumas ciclovias já implantadas ainda precisam passar por um processo de adequação: “O itinerário percorrido possui alguns pequenos trechos com ruas com topografia acidentada, mas foi bem tranquilo de ser percorrido, o que nos ajuda a desmistificar a ideia de que cidades com relevos acidentados não são adequadas ao deslocamento por bicicleta”.
“Belo Horizonte é uma cidade que muita gente imaginava onde, pela topografia, seria difícil de andar de bicicleta, mas esse não é o caso. É uma ruptura de paradigmas”, afirmou Luis Antonio Lindau, Diretor do WRI Brasil Cidades Sustentáveis, que também participou da pedalada.
Duas ciclovias por onde o grupo passou – nas avenidas Paraná e Santos Dumont – estão instaladas em dois corredores do MOVE, o sistema de BRT de Belo Horizonte, e permitem a integração com o sistema de transporte coletivo. Conforme consta no PlanMob-BH, a Prefeitura de Belo Horizonte e a BHTrans trabalham para atingir a meta de implantação dos 380 quilômetros de rotas cicloviárias estruturantes até 2020. Com isso, espera-se que 6% de todos os deslocamentos da capital se deem por meio do uso da bicicleta.
Uma das paradas do grupo foi na Praça Rui Barbosa, também chamada de Praça da Estação, no centro da cidade, em frente ao Museu de Artes e Ofícios. O belo local era, anteriormente, usado como estacionamento, tinha problemas de iluminação e, consequentemente, de segurança. Após um trabalho de requalificação, foram instalados chafarizes. “Foi incrível estarmos nesse espaço que antes era destinado ao veículo privado. É um sinal de que a cidade está devolvendo o espaço público para as pessoas”, comemorou Magdala.