A Praça da Estação, ou Praça Rui Barbosa, é uma praça situada na região central de Belo Horizonte. Seu nome popular se deve à sua localização, em frente ao prédio da antiga estação da Estrada de Ferro Central do Brasil, onde hoje está o Museu de Artes e Ofícios.
A praça começou a ser urbanizada em 1904, mas foi em 1922 que se inaugurou o novo edifício da Estação Central. Desde então, a estação de trem, que oferecia diversos trens de subúrbio, além de duas ligações interestaduais, sendo uma com destino ao Rio de Janeiro e outra à Vitória (a única linha mantida até os dias atuais), passou por diversas modificações. Com a modernização de Belo Horizonte, as linhas de trem se tornaram obsoletas e, consequentemente, toda a região central entrou em um período de decadência.
Onde hoje vemos as fontes secas, havia, na época, diversos veículos estacionados e um espaço degradado. Assim, a praça foi, pouco a pouco, sendo abandonada pela população. Segundo Murta (2008), quando foi inaugurado o Museu de Artes e Ofícios, em 2002, “a Praça era um grande estacionamento, com problemas de segurança e de iluminação”. A autora afirma que hoje “o visitante da Praça da Estação pode escolher visitá-la por razões que antes não existiam”.
As obras de requalificação da praça foram concluídas em agosto de 2004. As intervenções tiveram como principal objetivo melhorar as condições de acesso à Estação Central do metrô. A praça ganhou pisos em placas de concreto, fontes, postes de iluminação, além de projeto paisagístico. A Praça da Estação integra hoje um Conjunto Arquitetônico do que qual fazem parte a Serraria Souza Pinto, o Viaduto Santa Tereza, o Centro Cultural da UFMG e o Museu de Artes e Ofícios.
Apesar do grande investimento realizado para transformar a praça em um espaço de grandes eventos, em dezembro de 2009 foi publicado decreto que proibia a realização de eventos de qualquer natureza na Praça da Estação.
A publicação do decreto foi capaz de provocar indignação na população, que em 7 de janeiro de 2010 promoveu um encontro para se manifestar contrária à decisão. Nesse sentido, a população também veio mostrar sua indignação transformando a Praça da Estação, suas fontes e chafarizes em uma bonita praia para seus manifestantes-banhistas.
Acredita-se que essa ação tenha dado origem à forte retomada do carnaval de Belo Horizonte, que, desde então, tem se expandido a cada ano. Em 2016, o carnaval reuniu mais de 2 milhões de pessoas nas ruas da cidade, de acordo com a PM. Foram cadastrados 217 blocos e, além destes, outros tantos percorreram as ruas de forma independente.
A Praça da Estação é hoje um espaço livre para manifestações populares em que sonhos se concretizam e o encontro acontece. Nela realizam-se os mais diversos shows, eventos, festas, além de pequenos encontros aleatórios e livres.
Para a minha geração, passear atualmente na Praça da Estação ou no seu entorno pode ser casual ou indiferente, mas posso afirmar que algo me marcou profundamente no último carnaval. Como esquecer de quando minhas tias me pediram felizes para fotografá-las embaixo do Viaduto Santa Tereza dizendo que teriam que registrar aquele momento? Afinal, quem imaginaria que estariam um dia dançando embaixo daquele viaduto e, ainda, naquela região da cidade? Elas estavam felizes por estar vivendo a folia no entorno de tanta história, diante de tantas pessoas felizes. Há alguns anos, elas tiveram o desprazer de presenciar um período em que essa mesma praça, hoje frequentada sem medos e receios, estava tão degradada.
Finalmente, mais de dez anos após a revitalização da Praça da Estação, o estigma parece ter sido plenamente eliminado. Que sorte a nossa é poder viver o paraíso!
Don’t it always seem to go
that you don’t know what you’ve got
Till it’s gone
They paved paradise
And put up a parking lot
Bibliografia: MURTA, R. S. (2008). Patrimônio material e turistificação: um estudo sobre a Praça da Estação. Dissertação de mestrado. Belo Horizonte, Centro Universitário UNA.
Fotos: percursodacultura, Casa Fora do Eixo Minas, upslon e Circuito Fora do Eixo.