
Parc des Buttes Chaumont, em Paris: capital francesa quer ampliar áreas verdes na cidade (Foto: Olivier Ortelpa/Flickr)
A percepção de felicidade das pessoas nas cidades está atrelada a variáveis que vão desde o custo de vida e a saúde à oferta de serviços urbanos e oportunidades de trabalho, entre outros fatores. Pode passar despercebido, muitas vezes, um outro fator, ligado menos a questões econômicas que à simples sensação de bem-estar: a presença de áreas verdes.
Diferentes estudos já mostraram o impacto dos parques na qualidade de vida, na redução do estresse, no combate à poluição, na gestação de bebês mais saudáveis. O plantio e o cuidado com as florestas urbanas, via de regra, é responsabilidade das administrações municipais, por meio de secretarias ou departamentos de meio ambiente e arborização. De todo modo, não há razão para não promover o envolvimento da população, e é o que Paris almeja com o programa Du vert prês de chez moi – “O verde perto de mim”.
O projeto é um dos eixos de um plano de vegetação urbana que pretende espalhar mais áreas verdes pela cidade. Implementadas, as metas do plano podem ajudar a cobrir de vegetação um quarto da capital francesa até 2020.
Abrindo espaço para o verde, em números:
- 30 hectares de jardins abertos ao público
- 20 mil novas árvores plantadas
- 200 projetos de vegetação participativa ao longo do programa “O verde perto de mim”
- Desenvolvimento de fazendas, pomares e hortas nas escolas
- 100 hectares de vegetação, na forma de jardins verticais ou telhados verdes, dos quais um terço deve ser dedicado à agricultura urbana
Em julho de 2014, quando foi lançado, o programa participativo convidou os parisienses a identificar lugares próximos de suas casas que poderiam receber vegetação – mobiliário urbano, paredes de prédios, espaços ociosos, fachadas, entre outros. Ao final do processo, 209 pontos foram selecionados e, agora, os moradores podem se tornar jardineiros de seus bairros. Com uma licença de três anos concedida pela prefeitura, têm permissão para plantar e cultivar espaços públicos na vizinhança.
No verão, buscamos nas árvores o frescor da sombra e do vento; no inverno, encontramos a melancolia das copas, algumas já sem folhas. Elas renovam o ar e pintam de verde ambientes urbanos onde predomina o cinza. A iniciativa de Paris lança novo fôlego sobre o que devia ser óbvio: a natureza que prejudicamos com tantas das nossas atividades é a mesma em que reside nossa sobrevivência. Como cidadãos e como seres humanos, é nosso dever assumir a responsabilidade pelo lugar onde vivemos.