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Desafio urgente: mais de 500 crianças morrem por dia em acidentes de trânsito

Seu filho foi para a escola hoje. Você o abraçou. Mas nunca mais poderá fazer isso de novo, porque ele não voltará para casa. Esse é o sentimento das mais de 500 famílias que perdem filhos pequenos para o trânsito, todos os dias. Mais de 20 crianças morrem por hora em acidentes nas ruas do mundo todo e, para cada morte, quatro sofrem invalidez permanente, de acordo com recente análise da FIA Foundation (2015). “As lesões e as mortes no trânsito já são a principal causa de morte de crianças e jovens de 15 a 29 anos. Se os números são assustadores, precisamos de repostas radicais”, alertou Claudia Adriazola-Steil, Diretora de Saúde e Segurança Viária do WRI Ross Centro para Cidades Sustentáveis, durante o encontro “Saúde Infantil & Mobilidade Urbana”, organizado pela FIA Foundation, nesta segunda-feira (16), em Brasília. O evento antecede a 2ª Conferência Global de Alto Nível sobre Segurança no Trânsito: Tempo de Resultados, que ocorre nesta quarta e quinta-feira (18 e 19), na capital federal.

Dalkmann destacou importância de colaboração e parceria para avançar ações em Segurança Viária, em Brasília. (Foto: Maria Fernanda Cavalcanti / WRI Brasil Cidades Sustentáveis)

A especialista é uma das autoras da publicação Cities Safer by Design, do WRI, guia de referência global para ajudar as cidades a salvar vidas no trânsito por meio do desenho e desenvolvimento urbano inteligente. Infraestrutura planejada e bem implementada pode evitar mais mortes, especialmente de usuários mais vulneráveis da via, como as crianças. Algumas medidas práticas apontadas por Claudia são: promover cidades mais compactas, com quadras e distâncias menores; implementar medidas de traffic calming, como faixas de pedestres elevadas e ilhas de refúgio para pedestres em longas travessias; além de calçadas de boa qualidade e ciclovias. Também é importante aumentar a proteção do pedestre no entorno de estações de transporte coletivo.

A Holanda é um exemplo de país que apostou nas medidas e hoje colhe frutos. De acordo com a especialista, em 1975, a Holanda tinha um nível de acidentes de trânsito 30% maior que o dos Estados Unidos. Atualmente seu índice de acidentes já é 60% menor em comparação ao dos americanos. Cidades como Nova York, Istambul, Tóquio e Paris também são exemplos. A Big Apple já reduziu o limite de velocidade permitido em diversas vias para 25 milhas (40 km/h). “Aqui no Brasil, São Paulo está fazendo um esforço que deve ser reconhecido para diminuir seus limites de velocidade”, lembrou Claudia. “Mas em muitos países que trabalhamos percebemos que ainda há muito a ser feito. Precisamos melhorar o serviço de transporte coletivo, tirar as pessoas das motocicletas e tornar as cidades de países em desenvolvimento mais igualitárias”, finalizou a especialista.

Claudia Adriazola-Steil. (Foto: Maria Fernanda Cavalcanti / WRI Brasil Cidades Sustentáveis)

Comprometimento para avançar

Participaram do encontro, nesta segunda-feira, importantes organizações que trabalham para tornar os deslocamentos urbanos mais sustentáveis e seguros para crianças, seja através da melhoria da infraestrutura ou de campanhas de educação e conscientização. Entre elas: UNICEF, Organização Mundial da Saúde, Safe Kids, WRI, Fundación MAPFRE, iRAP, Save the Children. O tom geral do encontro foi unir esforços entre governos, cidades, financiadores e organizações da sociedade civil para fazer mais a partir dos Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável da ONU, com cidades mais sustentáveis e população mais ativa e saudável.

“Se todos estiverem comprometidos em busca de um objetivo único, em melhorar a infraestrutura, nós poderemos salvar muitas vidas”, destacou Saul Billingsley, Diretor Geral da FIA Foundation. A organização anunciou, também nessa tarde, uma parceria com o WRI Ross Centro para Cidades Sustentáveis para implementar ações de segurança por meio do desenho urbano, de acordo com diretrizes propostas no manual Cities Safer by Design, em cidades do Brasil, México e Turquia.

Para Holger Dalkmann, Diretor de Estratégia e Política Global do WRI Ross Centro para Cidades Sustentáveis, a oportunidade em Brasília é única, em plena metade da Década de Ação pela Segurança no Trânsito da ONU. “Temos uma discussão em nível internacional e no nível de cidades essa semana aqui no Brasil. É a oportunidade de avançar em três pontos fundamentais para salvar vidas no trânsito: compromisso financeiro, capacitação e troca de boas práticas, e qualificação de projetos”, finalizou.

Acompanhe aqui, nos próximos dias, os destaques da 2ª Conferência Global de Alto Nível sobre Segurança no Trânsito: Tempo de Resultados, em Brasília.

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